RIO - Encravado numa região que será totalmente remodelada para os Jogos Olímpicos de 2016, o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra, padece com problemas antigos e graves: a superlotação e a falta de profissionais. Numa blitz na tarde de segunda-feira, o vereador Carlos Eduardo (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, flagrou 98 pacientes internados na emergência. O número supera em 104% o limite de boxes: 48.
Pacientes com diagnósticos distintos aguardavam atendimento no corredor. Tudo sob a supervisão de apenas um médico de plantão. Do lado de fora, mais problemas: o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) da unidade estava fechado. Funcionários argumentavam que um médico havia pedido demissão. O outro responsável tinha faltado.
Morador de Santa Cruz, o comerciante Jeferson Heitor Silva, de 37 anos, contou que estava na maca há uma semana à espera de um diagnóstico. Com suspeita de pancreatite, ele havia procurado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de seu bairro. Lá, foi orientado a ir ao Lourenço Jorge.
— Estou com muita dor e só quero resolver isso de uma vez. Estou esperando há sete dias e até agora não tive nenhuma resposta — protestou.
Ao seu lado, o estoquista Fabiano Lourenço, de 31 anos, explicou que estava com pedra na vesícula. Assim como Jeferson, ele aguardava um retorno dos médicos.
— Moro no Leme, e minha esposa, que está grávida, vem todo dia acompanhar minha situação. Não sei por que não me mandaram para o Rocha Maia (em Botafogo). Ninguém diz nada, há superlotação e descaso. O sufoco é grande.
Carlos Eduardo considerou a situação do hospital um descalabro e afirmou que fará denúncia ao Ministério Público estadual:
— A prefeitura está praticando a medicina de corredor. É uma vergonha um hospital que dará suporte à Copa e às Olimpíadas estar nesta situação. O CTI infantil está fechado há mais de dois anos. Faltam macas e médicos.
Direção: hospital trabalhava acima da capacidade
Segundo a direção do Hospital municipal Lourenço Jorge, a unidade trabalhava na segunda-feira acima de sua capacidade máxima. “Os casos mais graves eram priorizados, e o atendimento era feito conforme a gravidade, e não por ordem de chegada”, informou a Secretaria municipal de Saúde, em nota.
Ainda de acordo com a prefeitura, nos últimos dois anos a secretaria dobrou o acesso à rede de urgência e emergência, com a ampliação dos serviços hospitalares e a abertura de dez unidades de pronto atendimento, que trabalham de forma integrada aos hospitais.
O governo municipal acrescentou, em nota, que “vem investindo na modernização e reestruturação da sua rede hospitalar. Em toda a rede municipal, o número de procedimentos ambulatoriais cresceu, passando de 20,8 milhões em 2008 para 26,4 milhões em 2010 e 16,9 milhões neste ano, no primeiro semestre. Além disso, os índices de mortalidade hospitalar na rede SUS chegaram ao menor índice registrado na cidade”.
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