RIO - Somente depois de a Justiça ameaçar os secretários de Saúde do município e do estado de prisão por crime de desobediência, a pensionista Eda Nascimento, de 75 anos, conseguiu vaga no CTI do Hospital Loureço Jorge, na Barra da Tijuca. Eda, que sofre com fortes dores abdominais, vinha de uma peregrinação por cinco casas de saúde da cidade sem receber o atendimento devido. Ela estava internada desde a terça-feira no Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, no Centro.
Apesar do estado grave da paciente, somente a Santa Casa a acolheu — sem, no entanto, ter a estrutura necessária para tratá-la. Para forçar uma solução, familiares recorreram, na sexta-feira, ao Plantão Judiciário, que determinou a transferência da paciente para a unidade da Barra em um prazo máximo de uma hora. O limite foi cumprido, e os secretários Hans Dohmann (municipal) e Sérgio Côrtes (estadual) se livraram da prisão.
— É um absurdo isso que está acontecendo. Agora a gente precisa tomar esse tipo de medida para fazer valer os nossos direitos. O descaso na saúde pública está enorme — criticou Aldeci Nascimento, filho da pensionista.
UPAs lideram o ranking das reclamações
Outra filha da paciente, Rosangela Nascimento, lembrou, com tristeza, das tentativas frustradas de buscar diagnóstico e tratamento para o sofrimento da mãe.
— Ela começou a se queixar das fortes dores no início do mês. Começamos a peregrinação por uma clínica em Nilópolis. Sem solução, procuramos um posto de saúde em Mesquita. De lá fomos orientados a ir para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), ainda passamos pelo Hospital Estadual Carlos Chagas, sem atendimento, até conseguirmos a vaga na Santa Casa. Enquanto isso, a situação dela só piorava — contou.
A cada plantão, seis ordens de internação
As ações contra o município e o estado na área de Saúde estão entre as principais demandas do Plantão Judiciário. De acordo com o técnico judiciário Robson Galvão, a cada plantão são feitos, em média, seis procedimentos obrigando a internação de pacientes. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são as campeãs de reclamações.
Na decisão judicial, assinada às 10h45m de ontem, a juíza de direito Angélica dos Santos Costa escreveu ser “inaceitável que o Plantão Judiciário tenha que determinar o cumprimento ao estado/município de tarefa que aos mesmos já lhe são incumbidas constitucionalmente”.
Em nota, a Secretaria estadual de Saúde informou que existe uma fila para ocupação de leitos de CTI, “independentemente da existência de mandado judicial ou não, e a vaga desses leitos depende da alta ou do óbito do paciente que o está ocupando”.
Sobre a decisão da Justiça, a Secretaria municipal informou apenas que Eda conseguiu atendimento.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/justica-consegue-vaga-em-cti-no-hospital-lourenco-jorge-apos-ameacar-secretarios-de-saude-do-muncipio-do-estado-2861997.html#ixzz0Unv5uGYv
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