domingo, 23 de outubro de 2011

Frota de Ambulância do Rio Trafegam sem Vistoria do Detran


Ambulâncias que integram a rede estadual de saúde estão atendendo pacientes no Rio sem terem sido vistoriadas pelo Detran. A constatação surgiu após levantamento feito pelo EXTRA, que percorreu, durante dois dias, as seis principais emergências de hospitais públicos da cidade. Numa pesquisa junto ao órgão de trânsito sobre a situação de 35 veículos — 22 do estado e 13 da prefeitura —, percebeu-se que apenas dois estão com o licenciamento em dia. Mas um caso chamou a atenção: há uma ambulância do estado que circula sem vistoria desde 2000.


Dos 33 veículos sem a vistoria obrigatória, 22 pertencem ao estado — 14 encontram-se em situação irregular, já que tiveram os prazos para a inspeção no Detran expirados. Das 14 ambulâncias irregulares, quatro realizaram as últimas vistorias nos anos de 2000, 2006, 2007 e 2009.



A situação só não é mais grave devido ao novo prazo de vistoria do Detran, que extendeu o limite por mais três meses a contar com o calendário previsto para cada último número de placa.



Se o calendário inicial fosse seguido, mais seis ambulâncias do estado estariam irregulares, totalizando as 22 que tiveram as placas checadas.



Já das 13 ambulâncias da prefeitura ainda sem vistoria este ano, três estariam irregulares se o Detran não tivesse adiado o prazo do licenciamento. Conforme o órgão de trânsito, o prazo foi adiado devido a uma grande demanda de proprietários em busca de regularização.



 



 



— A ambulãncia tem que estar muito bem do ponto de vista mecânico. Ncessita de manutenção frequente porque tudo depende de quantos quilometros ela anda por dia. Na vistoria você confere freios, faróis, sinalizadores, pneu, extintotes e a emissão de gás, que é muito importante saber numa ambulância — explicou o engenheiro de trânsito Fernando Macdowel.



Toesa



Foi uma ambulância irregular que provocou a morte da fisioterapeuta Marta Bento de Andrade, de 46 anos, dentro do Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, no dia 12 de setembro. O veículo da empresa Toesa perdeu o freio e atropelou a mulher e mais duas pessoas. O veículo tinha passado pela última vistoria em 2007. Um mês após o acidente, a Toesa teve o contrato cancelado com a prefeitura. O motorista responde por homicídio culposo. Ele disse à polícia que o carro estava sem a manutenção adequada.



 



Para o presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, a falta de vistoria nas ambulâncias representa um grave risco para a população e para os próprios profissionais:



 



— Isso faz parte desse abandono que se encontra a saúde pública. O próprio estado acoberta uma situação irregular, quando deveria dar o exemplo aos cidadãos, sendo os primeiros a manter seus veículos regulares.


Secretaria reconhece atraso nas inspeções

Procurada, a Secretaria estadual de Defesa Civil, responsável pela operação das ambulâncias dos bombeiros e do Samu, admitiu que as viaturas citadas pelo EXTRA percorrem a cidade em situação irregular, mas prometeu correção imediata. "A corporação reconhece o atraso no licenciamento das viaturas citadas. A Diretoria Geral de Patrimônio (DGPAT) já foi acionada para que as pendências sejam regularizadas o mais breve possível", diz nota.

Já a Secretaria municipal de Saúde informou que a responsabilidade pela manutenção das ambulâncias é das empresas terceirizadas que operam os veículos e alegou que tem cobrado frequentemente a regularização de cada ambulância. "Caso algum veículo em situação irregular seja flagrado por técnicos ou seja constatada a procedência de denúncias, a empresa responsável poderá ser punida", acrescentou em nota.

Para o presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Carlos Eduardo de Mattos (PSB), a situação é um descaso:

— São veículos que transportam vidas e que deveriam estar totalmente regularizados. O poder público deveria ser o primeiro a dar exemplo.







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