terça-feira, 29 de julho de 2014

GDF nega erro de médica que bateu boca com bombeiro: 'mal-entendido'


Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar, secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim e subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto Bittencourt (Foto: Raquel Morais/G1)Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar, secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim e subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto Bittencourt (Foto: Raquel Morais/G1)
O subsecretário de Atenção à Saúde do Distrito Federal, Roberto Bittencourt, negou nesta segunda-feira (28) que tenha havido erro na conduta da médica plantonista que discutiu com bombeiros após a corporação transportar uma paciente em estado grave ao Hospital Regional de Ceilândia. O gestor afirma que os laudos apontam que a mulher de 57 anos já chegou morta à unidade de saúde e que mesmo assim foi submetida aos procedimentos de reanimação. "Acho que [o que ocorreu] foi um mal-entendido", declarou.
“Ela [a médica] agiu de forma correta. O atendimento do ponto de vista técnico foi dentro do que há de melhor”, disse o subsecretário. O homem afirma que não houve omissão de socorro e que a paciente recebeu cuidado imediatamente. “Não houve nenhum tipo de problema em relação ao atendimento.”
O incidente aconteceu no final da tarde de sábado. Os bombeiros transportaram a paciente da QNQ 4 até o hospital. Dentro da viatura, ela teria sofrido uma parada cardiorrespiratória e recebeu massagem cardíaca. Os militares dizem que tentaram comunicar à unidade que levariam uma mulher em estado grave, mas que não conseguiram contato.
Chegando ao hospital, a paciente teria sido levada para a sala vermelha e recebido os cuidados do Samu. A médica – que era a única plantonista em clínica médica, porque a outra apresentou atestado – teria batido boca com os bombeiros questionando se eles sabiam ou não que ela pediu que houvesse restrição de atendimento, por déficit na equipe.
Fachada do Hospital Regional de Ceilândia (Foto: TV Globo/Reprodução)Fachada do Hospital Regional de Ceilândia
(Foto: TV Globo/Reprodução)
A Secretaria de Saúde diz que a profissional apenas questionou os militares enquanto acompanhava os procedimentos feitos pelo Samu. "O ato concreto é que a discussão não interferiu rigorosamente em nada no atendimento à paciente. [...] Temos avaliação muito clara de que a doutora não cometeu nenhum excesso", disse Bittencourt.
Responsável pelo transporte da paciente, o sargento Alan Lins afirma que foi expulso “aos berros” pela médica da sala vermelha e que cerca de 20 minutos depois soube que a paciente morreu. O homem deu voz de prisão à profissional por desacato. Antes de irem para a delegacia, o subsecretário diz que a médica finalizou o atendimento à paciente e prestou socorro a outra vítima de parada cardíaca, que sobreviveu. 
“A informação que nós temos de outros profissionais que trabalham com ela é de que ela é uma das melhores médicas do Hospital Regional de Ceilândia. Não dá para abrir mão dela”, afirmou. “A conduta clínica dela foi perfeitamente correta.”
A Polícia Civil descarta que tenha havido desacato, mas investiga possível omissão de socorro. A corregedoria da secretaria também avalia o caso. Enquanto isso, a médica, que já foi filmada em abril dizendo a um acompanhante para “arrumar uma trouxa de roupa para lavar”, está afastada do atendimento ao público.
Para o subsecretário, a profissional tem equilíbrio para trabalhar em pronto-socorro. “Defendemos que nenhum profissional de saúde pode agredir um paciente ou outro profissional. Não defendemos isso. Mas existem situações que fogem ao nosso controle”, declarou.
A Polícia Civil informou que tem 30 dias para fazer a investigação. As testemunhas e familiares da paciente serão ouvidos neste período. Além disso, a corporação vai ter acesso ao laudo com as causas da morte. A médica pode responder por omissão de socorro, com o agravante de homicídio culposo.
Déficit na área
O secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim, afirmou que faltam médicos para atuar em clínica médica. Segundo ele, a contratação temporária de 115 profissionais foi barrada na Justiça a pedido do Ministério Público, que cobra a realização de concurso público. "Temos problemas, sim", disse.
Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar confirmou passar pelo problema na unidade de saúde. Ele também relatou sobrecarga e disse que 70% dos pacientes que chegam ao local não precisam de atendimento de emergência.
"Precisamos fortalecer nossa atenção primária dentro da regional", declarou. "Não tenho quantidade de profissionais adequada, mas ja encaminhei ao secretário a demana."
Outro processo
Um vídeo feito por uma leitora no Hospital Regional de Ceilândia mostra a mesma médica gritando com uma pessoa no corredor da instituição, depois de um bate-boca com a acompanhante de uma paciente. Na gravação, é possível ver que o local está cheio.
A médica aparece na porta da sala gritando: "Vão trabalhar. Vai arrumar uma trouxa de roupa para lavar. Não tem o que fazer não? Vai arrumar uma trouxa de roupa para lavar. Deixa os outros trabalhar." Já dentro do consultório, ela continua exaltada e diz: "Se me agredir, eu agrido. Eu não estou aqui para apanhar."
A leitora que fez a gravação não quis se identificar. Ela disse que a briga entre a médica e a acompanhante começou porque a servidora disse que não iria atender mais ninguém que chegasse à emergência.
"Eu resolvi filmar porque ela começou a dizer que ia bater na moça e chamar a moça para fora do hospital para elas brigarem", disse. "Eu acho um absurdo uma coisa dessas na saúde pública."
A médica, que não quis gravar entrevista, disse à TV Globo na época que ficou nervosa durante o plantão porque era a única servidora no hospital e que tinha recebido uma ameaça de agressão por uma paciente insatisfeita com o atendimento.
O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho, disse na época que lamentava o episódio e atribuiu o comportamento da médica à sobrecarga de trabalho. Segundo Fialho, há um déficit de três mil profissionais na rede pública.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Corpo retirado de velório por suspeita de erro médico é enterrado no RS

11/07/2014 10h53 - Atualizado em 11/07/2014 11h04

Corpo retirado de velório por suspeita de erro médico é enterrado no RS

Por suspeita de erro médico, corpo de jovem foi encaminhado a necropsia.
Caso inusitado ocorreu na quinta (10), em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha.

Luma LeãoDa RBS TV
Foi enterrado na manhã desta sexta-feira (11) o corpo da adolescente de 17 anos que foi retirado do velório na quinta (10) pela Polícia Civil de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul. O fato inusitado ocorreu depois que o pai e a irmã da vítima registraram uma denúncia por erro médico. O corpo, que teve de ser encaminhado a a perícia no Departamento Médico Legal (DML), foi sepultado no Cemitério Público Municipal da cidade.
Corpo foi tirado de velório para o Departamento Médico Legal (Foto: Reprodução/RBS TV)Corpo foi tirado de velório para o Departamento
Médico Legal (Foto: Reprodução/RBS TV)
Segundo a família, a bexiga da jovem teria sido cortada durante uma cesariana, agravando o estado de saúde da paciente. Ela chegou a entrar em coma, mas não resistiu e morreu no fim da tarde da quarta-feira (9). O bebê passa bem.
A Polícia Civil aguarda agora o laudo da necropsia que vai esclarecer as causas da morte para decidir se abre ou não inquérito. O hospital de Caxias do Sul onde ocorreu o fato informou que está analisando o caso com a equipe médica.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Polícia decide indiciar 10 pessoas por morte de fotógrafo em frente a hospital

A polícia decidiu indiciar por homicídio o presidente do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro. José Leôncio de Andrade Feitosa e mais nove pessoas - entre diretores, recepcionistas e vigilantes do hospital - vão responder pela morte do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo.
Mês passado, Luiz Cláudio sofreu um ataque cardíaco na porta do instituto, mas ninguém do hospital o socorreu.
No mês passado Luiz Cláudio Marigo morreu dentro de um ônibus, na frente do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.
Às 11h06, Luiz Cláudio, de 63 anos, entra no ônibus. Ele está de camisa vermelha. Seis minutos depois, cai no chão. Ele teve uma parada cardíaca. (Veja as imagens no vídeo acima)
Alertado pelos passageiros, o motorista parou a poucos metros do Instituto Nacional de Cardiologia, um dos hospitais referência no tratamento de doenças do coração no Brasil.
A câmera de segurança do ônibus registra: o motorista segue em direção ao hospital para pedir ajuda.
De acordo com o depoimento de uma testemunha, que foi procurar no hospital, a resposta que um segurança deu na recepção foi: "Nós não damos atendimento, liga para o Samu".
O Instituto Nacional de Cardiologia não atende emergências. 
“Os funcionários da portaria alegavam que tinham uma ordem expressa da administração e com isso confessaram, inclusive, que já foram repreendidos quando fizeram atendimento”, disse o delegado Roberto Gomes Nunes.
Na portaria, havia a orientação: "Em caso de necessidade, o paciente deverá se dirigir ao hospital de emergência mais próximo."
Para o médico Rogério Moura, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a triagem na porta de um hospital não pode ser feita por um segurança.
“Nesse momento, a triagem que foi feita por um não profissional de saúde não conseguiu determinar a necessidade de que ele fosse atendido de forma emergencial. Eu acho que é isso que aconteceu”, destaca o cardiologista.
Sem socorro das equipes do Instituto de Cardiologia, só 13 minutos depois, paramédicos da prefeitura que saíam do hospital depois de levar um paciente, entram no ônibus para atender o fotógrafo. Logo depois, a Defesa Civil também aparece. Mas já era tarde.
A polícia concluiu as investigações na sexta-feira (11). E nesta segunda-feira (14) vai entregar o inquérito ao Ministério Público. O delegado responsável pelo caso decidiu indiciar por homicídio doloso, aquele com intenção de matar, dez pessoas. Entre eles, o presidente do instituto, José Leôncio de Andrade Feitosa, e três diretores. Além de funcionários da recepção e vigilantes.
Todos foram procurados pelo Fantástico, mas não quiseram dar entrevista.
“Os diretores, os médicos responsáveis pelo ambulatório, eles deixam a cargo dos vigilantes, dos recepcionistas, fazer a triagem de quem pode, deve ou não ser atendido pelos médicos. Só que essas pessoas não têm qualquer conhecimento de medicina e isso é o absurdo maior”, destaca o delegado.
Depois da morte de Luiz Cláudio, a família chegou à conclusão, que por questões financeiras, não teria como manter o estúdio onde ele trabalhava. Por isso, todo o acervo do fotógrafo foi levado para o apartamento da família. São milhares de imagens, muitas inéditas, registradas em 40 anos de trabalho.
São fotografias premiadas de animais, de plantas, paisagens do mundo inteiro. A família não se conforma.
“Se a pessoa nega auxílio, ela está dando possibilidade de uma morte ocorrer por responsabilidade dela. Nada vai trazer ele de volta, mas eu espero que se faça justiça”, destaca a viúva Cecília Marigo.
“O mais justo para mim é que essa situação mude e que nunca mais a triagem na porta do hospital seja feita por segurança”, disse o filho, Vitor Marigo.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Grupo protesta por morte de menina de 8 anos em UPA de Praia Grande

Um grupo de moradores de Praia Grande, no litoral de São Paulo, fez um protesto nesta segunda-feira (30) em frente à Unidade de Pronto Atendimento da cidade. Eles apontam falhas no atendimento aos pacientes. A manifestação aconteceu depois que a menina Esther, de oito anos, morreu por um provável erro de diagnóstico.
O protesto na frente da UPA foi para pedir Justiça e alertar para os problemas na Unidade de Pronto Atendimento. Esther tinha oito anos, a tia da menina, Marlene dos Santos, conta o que aconteceu.”Quando a Esther deu entrada na UPA os médicos disseram que ela tinha uma infecção de urina, a menina foi só piorando. A mãe levou para a Santa Casa de Santos, chegando lá descobriu que era apendicite, ela teve que fazer a cirurgia urgente”, relata.
Garota de oito anos morreu após suposto erro de diagnóstico (Foto: Reprodução / TV Tribuna)Garota de oito anos morreu após suposto
erro de diagnóstico (Foto: Reprodução / TV Tribuna)
Segundo os moradores, o caso de Esther é um entre vários outros. Eles dizem que a ordem pelo local é atender os pacientes e mandar logo para casa. Mais casos vão surgindo, como o de Márcia Guedes, que sofre ao ver o tratamento que a sogra está recebendo. “Veio desmaiada para o hospital, o médico deu Dramin, deram alta para ela. Não foi nem ele, foi a enfermeira. Foi para o Irmã Dulce, lá o neurologista fez a ultrassom dela e falou que ela tinha tido AVC, meu marido veio aqui reclamar e o médico disse que ela tinha que fazer novos exames, porque o médico de lá não estava sabendo de nada”, conta Márcia.
A direção técnica da UPA do bairro Samambaia, gerenciada pela Fundação do ABC, disse que está avaliando o prontuário com os dados dos procedimentos adotados durante o atendimento da menina Esther. Ainda segundo a direção, se alguma irregularidade for constatada será aberto um processo administrativo para que medidas sejam adotadas.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Família de vítima de erro médico no parto é indenizada em Taubaté, SP

A Justiça condenou a Fundação Universitária de Saúde de Taubaté (Fust), a Universidade de Taubaté (Unitau) e a prefeitura, a indenizar os pais de uma criança que teve lesão cerebral por conta de um erro médico durante o parto. A criança morreu em 2005, aos 9 anos, devido às sequelas causadas pelo erro. Cabe recurso à decisão.
A decisão unânime dos desembargadores do Tribunal de Justiça fixou multa de R$ 67,8 mil pelos danos morais e pensão mensal no valor de R$ 2,5 mil. A condenação foi obtida por meio de uma ação da Defensoria Pública.
Na época do ocorrido, o Hospital Universitário (HU) era gerido pela Fust. Atualmente, a unidade é ligada ao Grupo São Camilo e gerido pelo Estado. O município e a Unitau foram condenados solidariamente pelo erro.
Segundo a ação, em abril de 1996, a gestante procurou o Hospital Universitário (HU) de Taubaté com contrações abdominais. Grávida de nove meses, ela foi atendida por estudantes residentes que, apesar de constatarem a dilatação típica de trabalho de parto e a regularidade das contrações, mandaram a gestante de volta para casa, quado deveria ter sido internada.
No início da noite, com o aumento das contrações abdominais, a grávida retornou ao hospital e deu à luz a uma menina, mas por conta da demora para receber o atendimenta, a criança teve 40% do cérebro lesionado. O bebê ficou tetraplégico e com atraso profundo de cognição, além de ter frequentes crises convulsivas. Devido às sequelas do parto, a criança morreu aos 9 anos de idade.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Prefeitura de Taubaté informou, por meio de nota, que recorreu da decisão visto que a Fust é um órgão autônomo, vinculado à Universidade de Taubaté e não está ligada diretamente ao município. A Universidade de Taubaté e a Fust informaram que também recorreram da decisão.