segunda-feira, 14 de julho de 2014

Polícia decide indiciar 10 pessoas por morte de fotógrafo em frente a hospital

A polícia decidiu indiciar por homicídio o presidente do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro. José Leôncio de Andrade Feitosa e mais nove pessoas - entre diretores, recepcionistas e vigilantes do hospital - vão responder pela morte do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo.
Mês passado, Luiz Cláudio sofreu um ataque cardíaco na porta do instituto, mas ninguém do hospital o socorreu.
No mês passado Luiz Cláudio Marigo morreu dentro de um ônibus, na frente do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro.
Às 11h06, Luiz Cláudio, de 63 anos, entra no ônibus. Ele está de camisa vermelha. Seis minutos depois, cai no chão. Ele teve uma parada cardíaca. (Veja as imagens no vídeo acima)
Alertado pelos passageiros, o motorista parou a poucos metros do Instituto Nacional de Cardiologia, um dos hospitais referência no tratamento de doenças do coração no Brasil.
A câmera de segurança do ônibus registra: o motorista segue em direção ao hospital para pedir ajuda.
De acordo com o depoimento de uma testemunha, que foi procurar no hospital, a resposta que um segurança deu na recepção foi: "Nós não damos atendimento, liga para o Samu".
O Instituto Nacional de Cardiologia não atende emergências. 
“Os funcionários da portaria alegavam que tinham uma ordem expressa da administração e com isso confessaram, inclusive, que já foram repreendidos quando fizeram atendimento”, disse o delegado Roberto Gomes Nunes.
Na portaria, havia a orientação: "Em caso de necessidade, o paciente deverá se dirigir ao hospital de emergência mais próximo."
Para o médico Rogério Moura, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a triagem na porta de um hospital não pode ser feita por um segurança.
“Nesse momento, a triagem que foi feita por um não profissional de saúde não conseguiu determinar a necessidade de que ele fosse atendido de forma emergencial. Eu acho que é isso que aconteceu”, destaca o cardiologista.
Sem socorro das equipes do Instituto de Cardiologia, só 13 minutos depois, paramédicos da prefeitura que saíam do hospital depois de levar um paciente, entram no ônibus para atender o fotógrafo. Logo depois, a Defesa Civil também aparece. Mas já era tarde.
A polícia concluiu as investigações na sexta-feira (11). E nesta segunda-feira (14) vai entregar o inquérito ao Ministério Público. O delegado responsável pelo caso decidiu indiciar por homicídio doloso, aquele com intenção de matar, dez pessoas. Entre eles, o presidente do instituto, José Leôncio de Andrade Feitosa, e três diretores. Além de funcionários da recepção e vigilantes.
Todos foram procurados pelo Fantástico, mas não quiseram dar entrevista.
“Os diretores, os médicos responsáveis pelo ambulatório, eles deixam a cargo dos vigilantes, dos recepcionistas, fazer a triagem de quem pode, deve ou não ser atendido pelos médicos. Só que essas pessoas não têm qualquer conhecimento de medicina e isso é o absurdo maior”, destaca o delegado.
Depois da morte de Luiz Cláudio, a família chegou à conclusão, que por questões financeiras, não teria como manter o estúdio onde ele trabalhava. Por isso, todo o acervo do fotógrafo foi levado para o apartamento da família. São milhares de imagens, muitas inéditas, registradas em 40 anos de trabalho.
São fotografias premiadas de animais, de plantas, paisagens do mundo inteiro. A família não se conforma.
“Se a pessoa nega auxílio, ela está dando possibilidade de uma morte ocorrer por responsabilidade dela. Nada vai trazer ele de volta, mas eu espero que se faça justiça”, destaca a viúva Cecília Marigo.
“O mais justo para mim é que essa situação mude e que nunca mais a triagem na porta do hospital seja feita por segurança”, disse o filho, Vitor Marigo.

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