quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Macas que faltam em emergência sobram em necrotério em hospital da zona oeste do Rio


Hieros Vasconcelos



A falta de macas para receber pacientes nas unidades de saúde públicas do Rio provocou ontem uma situação inusitada no Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande. Lá, a situação é tão dramática que chega a faltar colchões para pôr em cima dos leitos improvisados. Por conta disso, pelo menos dez macas estão amontoadas ao lado do necrotério do hospital, servindo apenas para transportar corpos de pacientes.



O EXTRA esteve na unidade e constatou o problema, confirmado por funcionários que preferiram não ser identificados. As macas amontoadas encontram-se enferrujadas, sujas e com restos de esparadrapos. Em outro canto do hospital, próximo à cantina, mais desses equipamentos se misturam a aparelhos quebrados. Lá, uma ambulância aguardou uma hora para ter a maca devolvida.



Presidente do Sindicato dos Médicos (Sinmed), Jorge Darze lembra que a realidade do Rocha Faria se repete em todas as emergências da cidade e é um reflexo do “caos na saúde pública do estado”.



— Em qualquer emergência tem esse problema. Estão superlotadas. Mas a falta de colchões leva você a perceber a que ponto chegamos — diz Jorge Darze.



A deficiência prejudica o atendimento feito pelas ambulâncias. Um enfermeiro do Samu ouvido pelo EXTRA ficou quatro horas parado porque a maca da ambulância ficou presa, ontem, das 8h às 14h30m, no Hospital Estadual Carlos Chagas.



— Acontece isso também com a prancha rígida e com colares cervicais. Precisamos de todos instrumentos. A ambulância fica horas retida à espera da devolução e não temos como realizar atendimentos na rua — afirma o enfermeiro.



A Secretaria estadual de Saúde negou a falta das macas, também constatada pela Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores. Em nota, a secretaria afirma que “com a demanda aumentada, seja de forma espontânea, seja pelo Samu, em determinados momentos não há leitos imediatamente disponíveis para a acomodação do paciente trazido pela ambulância. A orientação é que ele fique na maca da ambulância até que o leito seja disponibilizado, no menor espaço de tempo possível. Ressaltamos que o problema é registrado, em sua maioria, nos dias em que a frequência da chegada de ambulâncias é maior".


Fonte :Jornal extra


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