quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ministério Público vai investigar se cirurgião que realizou transplante não relatou à família os riscos de infecção Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-publico-vai-investigar-se-cirurgiao-que-realizou-transplante-nao-relatou-familia-os-riscos-de-infeccao-8980199.html#ixzz2Ydn8X2LX

O Ministério Público Federal abriu inquérito ontem para apurar as três mortes ocorridas após transplantes, entre os dias 18 e 19 de junho, com órgãos de uma doadora que tinha uma superbactéria. Após ouvir o depoimento da filha da mulher que recebeu um fígado no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, o procurador Sérgio Suiama investiga a informação de que os cirurgiões que transplantaram o órgão tinham conhecimento da infecção bacteriana na doadora e sabiam dos riscos. Apesar de implantarem um órgão considerado limítrofe, eles não seguiram a legislação que os obriga a comunicar o fato ao receptor. - A portaria 2.600 do Ministério da Saúde diz que, nos casos de órgãos limítrofes, o receptor tem que assinar o consentimento esclarecido. Se há confirmação de infecção bacteriana no doador, o órgão é limítrofe - explica o médico Valter Duro Garcia, presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). O cirurgião que captou os órgãos da paciente que morreu, dia 10, no Souza Aguiar, relatou no chamado Inventário de Cavidade que havia “líquido livre na cavidade de aspecto sero purulento”, o que indica a existência de infecção por bactéria. Além disso, a paciente havia passado por procedimentos invasivos nos nove dias em que ficou na UTI, o que aumenta ainda mais as chances de estar infectada por uma bactéria resistente, muito comum em unidades intensivas. Essas informações, afirmam as equipes dos hospitais do Fundão e do Federal de Bonsucesso - onde foram realizados os transplantes de rim -, não foram repassadas a eles pelo Programa Estadual de Transplantes (PET). O Souza Aguiar nega que ela estivesse com infecção. - Acredito que, após esse caso no Rio, a cautela será maior. O número de transplantes deve cair, e a segurança, aumentar. Todo transplante envolve riscos, mas tem que haver limites. Precisamos criar esses limites - diz Garcia. Foto: Editoria de Arte Uma loteria polêmica O uso dos chamados doadores limítrofes - quando o doador é idoso ou há alguma infecção em tratamento - é cada vez maior no Brasil, de acordo com especialistas. - Após 48, 72 horas de internação numa emergência ou UTI, é muito provável que o paciente já esteja colonizado por uma bactéria. A contaminação acontece porque são pacientes graves, em geral, entubados, com sondas. Captar ou não, vai depender da avaliação caso a caso - diz Maria Cristina Ribeiro de Castro, ex-presidente da ABTO e nefrologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ela, quando há uma infecção, e a bactéria ainda não foi identificada, o cirurgião precisa observar o aspecto do órgão e se há pus ou abscessos. A decisão é do médico. - O risco de transmissão da bactéria é baixo, mas existe. É uma loteria que acontece com uma certa frequência. Se não for assim, quase não teríamos doadores cadáveres no Brasil - diz Maria Cristina. Para Garcia, o uso de órgãos limítrofes, é um mal necessário. Foto: Editoria de Arte ‘Protocolo é não aceitar infecção não tratada’ Entrevista com José Rocco Suassuna, chefe da Nefrologia do Hospital Pedro Ernesto É rotina transplantar órgãos de pacientes com infecção? Não conheço o caso e falo em tese. O que normalmente acontece é a gente receber órgãos de pacientes com infecção controlada. Em caso de infecção descontrolada, a conduta da nossa equipe é não aceitar o órgão. O que é infecção controlada? Quando (o doador) está no terceiro dia de antibiótico e dá sinais, por exames laboratoriais, de melhora. O usual é aceitar órgãos de pacientes com infecção controlada. Administram-se antibióticos no receptor. Isso chega a quase 80% dos casos. No caso de infecção descoberta pela presença de pus ao abrir o abdômen, os órgãos seriam aceitáveis? O nosso protocolo é não aceitar se a infecção não é tratada e não há sinais de melhora. Recebendo a informação de que havia infecção no peritônio, eu não aceitaria. A família deve ser informada? Sempre que há uma infecção descontrolada, a família tem que ser informada, por lei. Há uma mortalidade associada à toda cirurgia. Mas tem que envolver riscos administráveis e somos obrigados a dar nossa opinião. A família tem o direito de recusar. É comum a dúvida? O tempo de decisão é limitado. Já abortamos um transplante quando vimos secreção pulmonar que não era coberta (por antibiótico). Mas se a gente aumenta muito a certeza, ninguém vai ser transplantado. Nos ressentimos (das notícias negativas) porque demorou para conseguirmos um sistema que funciona e é justo. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-publico-vai-investigar-se-cirurgiao-que-realizou-transplante-nao-relatou-familia-os-riscos-de-infeccao-8980199.html#ixzz2YdnW84d4 Fonte: Jornal extra on-line

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