Uma adolescente de 16 anos, moradora do Jardim América, na Zona Norte do Rio de Janeiro, morreu na quarta-feira (13) com parada e insuficiência cardiorrespiratória após receber alta três vezes, em quatro dias, de três unidades hospitalares estatais da cidade: o Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, mais conhecido como PAM do Irajá; o Hospital Estadual Getúlio Vargas (HGV), na Penha, o primeiro que procurou, no sábado (9), e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do mesmo bairro, também estadual.
Após sofrer diversas paradas cardíacas, Andressa Nunes morreu no PAM do Irajá às 10h40 desta quarta-feira (13), seis horas e 37 minutos após receber alta da UPA da Penha, cujo boletim mostra que seus "exames foram negativos para doença aguda do coração" e onde "a paciente recebeu a medicação necessária para estabilizar o quadro", de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado.
Pouco após as 8h, Andressa voltou a se sentir mal, com muita dificuldade para respirar e foi levada às pressas para o PAM, onde, após uma hora e 40 minutos, a tentativa de reanimá-la na segunda sequência de paradas cardíacas não surtiu efeito. A jovem morreu de insuficiência respiratória com "provável edema pulmonar" com saída de "líquido espumoso". Ela deixa uma filha, Júlia, de 11 meses.
Getúlio Vargas não apontou risco
Segundo a mãe de Andressa, a vendedora Valéria Nunes de Oliveira, de 40 anos, a ansiedade pela preparação do aniversário da filha foi cogitada por médicos como motivo para a dificuldade de respiração e a pressão alta – que inchava seu peito e todo o lado esquerdo superior do corpo, na UPA da Penha e na primeira vez em que a jovem foi ao PAM de Irajá. Antes disso, já havia peregrinado pelo Getúlio Vargas e pela mesma UPA, sem sucesso, entre sábado (9) e domingo (10).
Segundo a mãe de Andressa, a vendedora Valéria Nunes de Oliveira, de 40 anos, a ansiedade pela preparação do aniversário da filha foi cogitada por médicos como motivo para a dificuldade de respiração e a pressão alta – que inchava seu peito e todo o lado esquerdo superior do corpo, na UPA da Penha e na primeira vez em que a jovem foi ao PAM de Irajá. Antes disso, já havia peregrinado pelo Getúlio Vargas e pela mesma UPA, sem sucesso, entre sábado (9) e domingo (10).
No HGV, a Secretaria de Saúde do Estado confirma que Andressa foi considerada uma paciente "verde" – sem urgência nem risco de vida – e, por isso, passada para a UPA: "A direção do Hospital Getúlio Vargas informa que Andressa Nunes foi atendida na unidade no dia 9 de março (sábado), às 14h38, acolhida e classificada como um paciente verde, conforme oprotocolo de classificação de risco do Ministério da Saúde. Por isso, a paciente foi encaminhada, no mesmo dia, para a UPA da Penha, unidade que fica em frente e é referência para o atendimento de baixa e média complexidade. No entanto, não há registro de entrada da paciente nesta mesma data na UPA Penha".
Ela desistiu da UPA após 8h de espera, diz mãe
Valéria conta que a filha foi à UPA às 8h de domingo (10) e voltou para casa, devido ao cansaço, depois de esperar por oito horas, até as 16h, por isso não houve registro de atendimento. "Ela estava muito cansada, até porque já estava fraca; me mostrou o peito todo inchado e todo o lado esquerdo dela, o pescoço, a lateral do mesmo jeito. Também me disse que havia gente esperando de 7h a 16h sem ser atendida e que, sem expectativa, ela teve que voltar para casa porque não aguentava mais, precisava descansar".
Valéria conta que a filha foi à UPA às 8h de domingo (10) e voltou para casa, devido ao cansaço, depois de esperar por oito horas, até as 16h, por isso não houve registro de atendimento. "Ela estava muito cansada, até porque já estava fraca; me mostrou o peito todo inchado e todo o lado esquerdo dela, o pescoço, a lateral do mesmo jeito. Também me disse que havia gente esperando de 7h a 16h sem ser atendida e que, sem expectativa, ela teve que voltar para casa porque não aguentava mais, precisava descansar".
'Catarro e secreção'
Na madrugada de terça (12), Andressa acordou com mais dificuldade de respirar, chamou o companheiro – pai de sua filha, com quem vivia – e foi levada pelo sogro ao PAM de Irajá. "Lá, o médico examinou o peito e disse que, por causa de catarro, a Andressa estava com muita secreção, mas que, com um xarope expectorante, iria sair. Também perguntou se estava muito ansiosa com algo; ela respondeu que sim, por causa da festa da filha que estava preparando, e o médico disse que podia ser isso", disse Valéria ao G1.
Na madrugada de terça (12), Andressa acordou com mais dificuldade de respirar, chamou o companheiro – pai de sua filha, com quem vivia – e foi levada pelo sogro ao PAM de Irajá. "Lá, o médico examinou o peito e disse que, por causa de catarro, a Andressa estava com muita secreção, mas que, com um xarope expectorante, iria sair. Também perguntou se estava muito ansiosa com algo; ela respondeu que sim, por causa da festa da filha que estava preparando, e o médico disse que podia ser isso", disse Valéria ao G1.
'Emoção mata'
Segundo ela, a jovem dormiu "cansada" novamente e, na madrugada de quarta (13) voltou a acordar passando mal. Levada novamente à UPA da Penha, onde chegou às 4h03, com "quadro de falta de ar, hipertensão e taquicardia", de acordo com o boletim médico, recebeu alta após exames clínicos e eletrocardiograma que "foram negativos para doença aguda do coração", de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado.
Segundo ela, a jovem dormiu "cansada" novamente e, na madrugada de quarta (13) voltou a acordar passando mal. Levada novamente à UPA da Penha, onde chegou às 4h03, com "quadro de falta de ar, hipertensão e taquicardia", de acordo com o boletim médico, recebeu alta após exames clínicos e eletrocardiograma que "foram negativos para doença aguda do coração", de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado.
Valéria diz que, na UPA, voltaram a cogitar uma suposta ansiedade pela festa da filha como causa da alteração cardíaca. "Uma enfermeira ainda brincou com ela e disse 'cuidado que emoção demais mata, héin?", afirmou. "Eles estavam tratando o caso como depressão, ansiedade", acrescentou Alzira Pereira, amiga da família.
Ela voltou para casa e, enquanto tomava banho para se "refrescar", porque sentia o "corpo quente" começou a espumar e a soltar sangue pela boca e pelo nariz, pouco após as 8h. Com dificuldade para respirar, ainda conseguiu chamar a sogra. Enquanto era novamente levada às pressas ao PAM do Irajá, já sofrendo paradas cardíacas, seus olhos reviravam. No hospital municipal, os médicos conseguiram ressuscitá-la e a entubaram para respiração artificial, mas seu coração voltou a parar e a segunda tentativa de reanimá-la não teve sucesso.
De acordo com nota da Secretaria Municipal de Saúde, Andressa chegou ao PAM, ainda na terça-feira (12), com "falta de ar, mal estar e febre", mas passou por "todos os exames necessários" e "não foi detectada nenhuma alteração cardíaca, tendo sido diagnosticada uma infecção respiratória após realização de hemograma. A paciente passou por hidratação e, ao sentir-se melhor, foi liberada para tratamento com antibióticos em casa. Ontem [quarta (13)], a paciente deu entrada na unidade com parada cardiorrespiratória, recebeu massagem cardíaca, mas não resistiu. O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal que dará a causa da morte"
Após 3 liberações, coração para de bater
O certificado de óbito do PAM do Irajá (Hospital Municipal Francisco da Silva Telles) informa que Andressa "deu entrada com parada cardíaca" e morreu com "insuficiência respiratória por provável edema agudo de pulmão, visto que houve saída de líquido espumoso (...) pelo pulmão". Segundo a família, porém, a causa definitiva da morte da adolescente ainda depende de laudo da necropsia, em caso que está sendo investigado pela Polícia Civil, através da 27ª DP (Vicente de Carvalho).
O certificado de óbito do PAM do Irajá (Hospital Municipal Francisco da Silva Telles) informa que Andressa "deu entrada com parada cardíaca" e morreu com "insuficiência respiratória por provável edema agudo de pulmão, visto que houve saída de líquido espumoso (...) pelo pulmão". Segundo a família, porém, a causa definitiva da morte da adolescente ainda depende de laudo da necropsia, em caso que está sendo investigado pela Polícia Civil, através da 27ª DP (Vicente de Carvalho).
"Tiraram 1 litro de líquido de pulmão dela! Com tudo isso, não tinha mais oxigênio suficiente e o coração parou de bater; pelo que nos disseram; os próprios médicos do PAM falaram que os outros colegas deles, antes, poderiam ter evitado que ela morresse; bastava que fizessem um raio-x, que não foi tirado. Iam ver que tinha líquido no pulmão e poderiam pôr um dreno para sair, enquanto davam a medicação certa", contou Valéria.
saiba mais
A Secretaria de Saúde do Estado afirmou, por nota, que sua Subsecretaria de Unidades Próprias vai abrir processo administrativo para apurar o atendimento da paciente nas unidades estaduais.
Ainda de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, a coordenação da UPA da Penha afirma que "paciente recebeu a medicação necessária para estabilizar o quadro". Um dos remédios receitados, Enalapril, com indicação de um comprimido (1 mg por dia) é, de fato, usado para insuficiência cardíaca. A unidade, porém, deu alta às 4h03 a Andressa, que, às 10h40, já no PAM do Irajá, morreu após as paradas cardiorrespiratórias.
Ela foi enterrada no Cemitério do Irajá às 16h dessa quinta-feira (14). Valéria, também mãe de Carla, de 18 anos, e de Rodrigo, de 13, ainda não sabe se pretende entrar com alguma ação contra o Estado ou a Prefeitura do Rio pela morte da segunda filha. "Antes de tudo, eu queria era fazer um alerta para que isso não volte a acontecer", afirma.
Em 2011, rapaz morreu após peregrinar por hospitais
Em setembro de 2011, Gabriel dos Santos Sales, de 18 anos, morreu após percorrer cinco hospitais da Região Metropolitana, durante sete horas, até ser atendido. Um dos hospitais onde ele não conseguiu atendimento foi o Getúlio Vargas. O jovem, de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, caiu e bateu com a cabeça quando tentava consertar uma antena. Ele morreu após passar nove dias internado no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier
Em setembro de 2011, Gabriel dos Santos Sales, de 18 anos, morreu após percorrer cinco hospitais da Região Metropolitana, durante sete horas, até ser atendido. Um dos hospitais onde ele não conseguiu atendimento foi o Getúlio Vargas. O jovem, de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, caiu e bateu com a cabeça quando tentava consertar uma antena. Ele morreu após passar nove dias internado no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier
Nenhum comentário:
Postar um comentário