sábado, 16 de março de 2013

Criança morre em Macaé, pois mãe não tinha dinheiro para vir ao Rio fazer transplante no Hospital de Bonsucesso

Flávia Junqueira
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Primeira na fila de transplante renal pediátrico do estado, Dricielle Ferreira Marcelino de França morreu nesta sexta-feira, em Macaé, aos 11 anos. Patrícia, mãe da menina, que esperava por um órgão desde dezembro de 2011, conta que recebeu um telefonema do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) no dia 23 de fevereiro. Ela deveria ir imediatamente para a unidade, porque havia um rim para a sua filha. A mãe, sem dinheiro, disse que não tinha como ir naquele dia. Apesar disso, o hospital não providenciou o transporte da criança. O órgão foi para outra paciente. Dezenove dias depois, Dricielle foi internada às pressas na noite de quinta-feira em Macaé e morreu horas depois.
- Eu não tinha R$ 112 para ir ao Rio naquele dia. Perguntei à médica se poderia ser na segunda-feira, quando eu ia receber um dinheiro. Mas ela me disse apenas que estava me esperando até as 20h. Fiquei de mãos atadas - relembra Patrícia Pereira Ferreira.
A mãe conta que os problemas renais de Dricielle começaram em dezembro de 2010, quando a menina teve uma amigdalite e a bactéria atacou os rins. O diagnóstico foi feito por médicos do HFB. Após cinco meses internada fazendo hemodiálise, a menina recebeu alta, mas continuava fazendo diálise peritoneal, procedimento que pode ser feito em casa.
Única unidade habilitada para fazer transplante em crianças no estado, o HFB está com a equipe de transplante pediátrico desestruturada, em função da saída de dois dos três cirurgiões.
- Mesmo se a mãe tivesse vindo, não sei se a criança faria o transplante. Desde 16 de dezembro do ano passado, o médico que ficou no hospital decidiu parar de fazer transplantes, porque não estava suportando o volume de trabalho. De lá para cá, não se realiza transplantes em crianças com menos de 30 quilos - diz Júlio Noronha, médico do HFB.
Segundo ele, o rim que iria para Dricielle foi transplantado numa jovem de 16 anos, operada por cirurgiões da equipe de adultos.
A assessoria de imprensa da Secretaria estadual de Saúde, responsável pelo Programa Estadual de Transplante, informou que todo o contato com o receptor do órgão é feito pelo centro transplantador, no caso, o HFB. E que todos os rins pediátricos captados em 2013 foram transplantados. Segundo a pasta, há seis crianças na fila de espera por um rim no estado do Rio.
Já assessoria do Ministério da Saúde respondeu que não há registro de que tenha aparecido um doador compatível para Dricielle. E, apesar de não ter a morte da criança registrada no sistema, garante que a menina não morreu por desassistência do HFB. A assessoria não respondeu se o centro transplantador é o responsável pelo transporte dos pacientes.
A íntegra da nota enviada pela Secretaria estadual de Saúde:
A coordenação do Programa Estadual de Transplante (PET) esclarece que a manutenção do cadastro de pacientes inscritos na fila para transplante de órgãos é feita pelo hospital onde cada paciente é acompanhado (centro transplantador). O trabalho do PET - de acordo com Regulamento Técnico elaborado pelo Ministério da Saúde - é de gerenciar o andamento da fila a partir da captação e distribuição de órgãos aos hospitais transplantadores.
Atualmente há seis crianças com cadastro ativo aguardando por um rim. Todos os rins pediátricos captados em 2013 pelo Programa Estadual de Transplantes do Rio de Janeiro foram transplantados respeitando a fila e a compatibilidade de pacientes.
Ou seja, um dos principais entraves à realização de transplante é a falta de órgãos para serem transplantados e a negativa familiar à doação, um dos maiores desafios.
Com o crescimento no número de captações de órgãos - em 2012 foi novamente batido recorde no Rio de Janeiro - há um consequente aumento no número de transplantes realizados. Entre 2011 e 2012, foram feitos 616 transplantes de rins no estado. Para que esse resultado seja ainda melhor, é necessário o apoio de toda a sociedade, informando o desejo de ser doador, pois infelizmente muitos pacientes ainda morrem a espera de um órgão.
SÃO CENTROS TRANSPLANTADORES DE RIM NO RIO DE JANEIRO:
- ADOLESCENTE E ADULTO - Hospital Federal de Bonsucesso, Hospital Universitário Pedro Ernesto, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Hospital Universitário Antônio Pedro, Hospital Silvestre e Centro Estadual de Transplantes
- CRIANÇA - Hospital Federal de Bonsucesso

 

 

fonte G1



Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/crianca-morre-em-macae-pois-mae-nao-tinha-dinheiro-para-vir-ao-rio-fazer-transplante-no-hospital-de-bonsucesso-7858451.html#ixzz2NjolNfvp

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