Geraldo Ribeiro
26/06/13
Rafaela foi à Avenida Presidente Vargas à tarde. De manhã, ela tinha enterrado o pai Foto: Reprodução /
No dia em que sepultou o pai, a assistente administrativa Rafaela Ganzenmuller Sampaio, de 29 anos, engrossou o coro dos que pedem saúde no “padrão Fifa”. Ela tornou públicas suas dor e indignação na manifestação que levou 300 mil pessoas à Avenida Presidente Vargas, no Centro, na quinta-feira, exibindo o cartaz com a frase “Por falta de vagas no SUS enterrei meu pai hoje”.
Rafaela contou que seu pai, o aposentado Mauro Sampaio, de 57 anos, foi internado no Hospital Municipal São Francisco Xavier, em Itaguaí, onde mora, após passar mal e sofrer uma queda, no domingo. Os médicos teriam informado que ele tinha suspeita de hemorragia e aumento da pressão intracraniana, mas não havia como confirmar o diagnóstico por falta de tomógrafo.
A unidade de saúde e a filha do paciente, por conta própria, buscaram vaga para transferência, sem sucesso. Desesperada, Rafaela tentou, no dia seguinte, obter uma liminar judicial junto à Defensoria Pública de Itaguaí para acelerar a internação. O juiz Jansen Amadeu do Carmo Madeira, da 1ª Vara Cível, pediu comprovação da gravidade do caso, alegando não haver informação “clara e precisa” que comprovasse a urgência de transferi-lo.
Ao voltar ao hospital para buscar boletim comprovando a gravidade do estado de saúde do pai, a jovem foi informada de que ele já não estava lá.
- Depois de muitas informações desencontradas descobri que tinha sido levado para o Hospital (estadual) Getúlio Vargas, onde já o encontrei morto - disse.
O corpo foi sepultado na quinta-feira, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Procuradas ontem à noite, a Prefeitura de Itaguaí confirmou que a unidade municipal não tem tomógrafo, e a Secretaria estadual de Saúde informou que só hoje poderá passar informações sobre o caso.
- Diante da morte do meu pai, tinha a escolha de ir para casa e chorar ou transformar minha dor em força para outras pessoas que passam por problema semelhante. Preferi a segunda opção, para dar voz a essas pessoas. No hospital de Itaguaí, onde ele esteve primeiro, os médicos fizeram o possível para nos ajudar, mas a burocracia impediu a transferência do meu pai para outra unidade a tempo de salvá-lo. Acredito que, se tivesse sido atendido antes, ele não teria morrido - declarou Rafaela.
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Fonte:Jornal extra on-line
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