Em meio às operações da Polícia Federal, como a “Sangue Frio”, e a instalação das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na Câmara de Campo Gande e Assembleia Legislativa do Estado, aumentaram as denúncias de erros médicos em Campo Grande. “Com as operações da Polícia Federal e as CPIs da Saúde, as pessoas tem se encorajado e feito mais denúncias. Nos últimos 20 dias recebemos 80 denuncias”, informou o presidente da Associação das Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Munhoz de Souza.
Nesta manhã, famílias vítimas de erro médico, a maioria familiares e amigos de Josikelly Lopes de Souza, de 24 anos, que morreu dia 14 de maio no Hospital Universitário, fizeram passeata por algumas das principais ruas da Capital. A concentração foi na Rua Rui Barbosa, com a Avenida Salgado Filho, no Jardim Paulista. Depois, com ajuda de batedores da Polícia Militar, os manifestante percorreram a Rui Barbosa, seguindo após pela Dom Aquino, Calógeras e Afonso Pena, como ato final na Praça Ary Coelho.
A Associação de Vitimas de Erros Médicos foi fundada por Valdemar Munhoz de Souza, seu presidente, há cinco anos, depois da morte de um irmão em decorrência de erro médico. Segundo Souza, a entidade promove três a quatro passeatas por ano para chamar atenção da sociedade para o problema. A passeata deste sábado é a primeira do ano.
Na opinião de Souza, a cada dia vem crescendo a consciência das pessoas quanto à necessidade de denunciar e 0cobrar providências contra erros médicos. “As pessoas criam coragem e fazem as denuncia;. a gente vai verificar agora a procedência”, afirmou ele, referindo-se às 80 denúncias recebidas recentemente. A maioria das denuncias, segundo Souza, são relacionadas a atendimentos em hospitais.
O dirigente explica que é difícil para a família tomar alguma atitude imediata diante do erro médico. “A familia quando perde o parente ela fica sem o chão e ao investigar encontra dificuldade para conseguir prontuários. A associação dá ajuda para conseguir os documentos e também entra na Justiça para conseguir indenização”, informou.
Um dos casos citados esta manhã, durante a mobilização, foi o de Rita Stefani, que após cirurgia no Hospital Universitário (HU) ficou tetraplégica e mãe conseguiu liminar para custear o tratamento.
O outro é o de Josikelly, de 24 anos, que estava grávida e morreu dia 14 de maio no HU e também foi vítima de erro médico. A maioria dos manifestantes, ligados a Josikelly, estava com camisetas e faixas pedindo justiça.
A mãe de Josikelly, Naltair Lopes dos Santos, de 48 anos, empregada doméstica. disse que a filha foi “vítima de falta de atendimento médico e negligência”. A moça estava com mais de nove meses em gestação e a mãe conta que, quando ela passou mal, percorreu várias unidades de saúde em busca de atendimento, sempre encontrando pouco interesses e rápidas dispensas.
Doméstica Naltair com camista da filha Josikelly, que perdeu o bebê e morreu (Foto: João Garrigó)
Segundo Naltair, a filha foi levada para o posto de saúde do Tiradentes, por duas vezes, sendo dispensada. Na terceira vez, Kelly teria sido levada para a Maternidade Candido Mariano e dispensada de novo. O próximo destino foi a unidade de saúde da Moreninha, que a encaminhou para o HU. “Lá no HU foi péssimo o atendimento. Vi minha filha tendo crise e, quando fui atrás em busca de socorro, médicos e enfermeiras gritaram comigo”, lembrou a mãe.
O parto de Josikelly foi feito no dia 12de maio e a criança morreu logo em seguida e a máe no dia 14, ambas vítimas de infecção. Josi Kellly deixou três fillhos, de 8, 5 e 2 anos.
A mãe recorda-se com muita dor do percurso em busca de socorro médio para a filha Josekelly. “Nas passagens pelos postos, teve dignóstico de que ela estava com gripe e até falaram que era ensaio de parto, que não é a hora ainda”, disse ela, com indignação.
Fonte campo grande news
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