17/05/13 07:00
Flávia Junqueira
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A camisa aberta às pressas, para a massagem cardíaca, ainda estava presa ao corpo do paciente pelas mangas. O cinto segurava a bermuda e também um dos braços, enfiado por dentro da roupa para não ficar pendente. O mocassim, ainda nos pés, ignorava que aquela era uma bancada de medicação. Na prática, o móvel é o “leito de manobras de ressuscitação” da sala de reanimação da emergência do Hospital municipal Salgado Filho, no Méier. Lá, no último dia 20 de fevereiro, sobre uma lixeira aberta, um idoso teve a parada cardiorrespiratória revertida. Ali, não há espaço para a dignidade de seus cabelos brancos.
Naquele mesmo dia, o EXTRA publicou uma foto de outro idoso, feita dois dias antes, passando pela mesma situação sobre a bancada do setor que, oficialmente, tem capacidade para quatro leitos, mas atendia nove pacientes. A imagem não será republicada em respeito à família do paciente, que morreu.
Os atendimentos sobre a bancada, assim como salas e corredores lotados de macas, coladas umas às outras, e pessoas internadas em cadeiras foram flagrados em vistorias realizadas pelo Conselho Regional de Medicina (Cremerj). O relatório foi enviado à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
- O Salgado Filho, como outras unidades, sofre com a falta de médicos. O hospital deveria ter 14 neurocirurgiões, mas há apenas seis - diz o secretário-geral do Cremerj, Pablo Vazquez.
A Secretaria municipal de Saúde enviou nota sobre o caso. Confira na íntegra:
“A Prefeitura do Rio administra seis grandes hospitais de emergência e, em cinco deles, o atendimento atingiu níveis satisfatórios, com a diminuição em 50% do tempo de espera. De acordo com o planejamento da Secretaria Municipal de Saúde, o Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) será o próximo a receber as melhorias já implantadas nas outras unidades da rede. Atualmente, está em fase de conclusão o processo de reestruturação no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra.
É importante ressaltar que o HMSF é, hoje, a unidade que apresenta (incluindo as UPAs municipais) o segundo menor volume de atendimento na rede municipal, com média de 160 casos diários. Em termos de comparação, o mesmo quantitativo de profissionais do hospital atende nas UPAs, que tem movimento médio diário maior do que o do Salgado Filho.
Várias ações estão em andamento para melhorar o atendimento no HMSF. Entre elas, está a implantação do Programa de Atendimento Domiciliar ao Idoso. Atualmente, há 150 pacientes do hospital inseridos no programa. Eles são atendidos em casa, evitando novas internações e desafogando os leitos da unidade. Além disso, foi intensificada a integração com o serviço de ortopedia estadual, fortalecimento de equipes e já estão em curso pedidos de realização de concurso público e de contratações temporárias, para garantir a continuidade dos serviços.
As melhorias no Salgado Filho só estarão concluídas após a instalação da Coordenação de Emergência Regional (CER), ao lado da unidade, que estará em funcionamento ainda nesta gestão.”
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/hospital-do-rio-socorre-idoso-sobre-bancada-lixeira-8416792.html#ixzz2TY4FwTFc
Fonte :Extra on-line
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