01/11/2013
A família de um menino de 10 anos, que morreu na madrugada desta quinta-feira (31) na Unidade Básica de Saúde (UBS) 24 horas do Jardim Aeroporto, em Franca (SP), acusa os médicos que atenderam a criança de dois erros de diagnóstico. Segundo a madrasta, Leandro Xavier Silveira foi diagnosticado primeiramente com gases e liberado. Em seguida, após ter o quadro agravado e voltado à UBS, Leandro morreu, segundo os médicos, em decorrência de um estado de ‘desidratação gravíssimo’. No entanto, o laudo emitido horas depois pelo Instituto Médico Legal (IML), aponta um quadro de apendicite seguido de choque séptico como causa da morte.
“Estamos todos muito perturbados. Ele não estava com gases. Não estava com desidratação. Ele morreu de apendicite. Ficou todo mundo estarrecido", diz a madrasta Pércia Maria Soares. O menino foi enterrado na manhã desta sexta-feira (1º), em Patrocínio Paulista (SP).
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Em nota, a Prefeitura informou que as equipes da UBS e do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) prestaram o suporte necessário ao paciente, e que um procedimento administrativo foi aberto para apurar o ocorrido. A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) vai investigar o caso.
Pércia conta que Leandro começou a ter sinais de diarreia na noite de segunda-feira (28). Na manhã de terça-feira (29), no entanto, Leandro se queixou de dor na barriga. O pai do menino, o sapateiro Adilson Silveira de Jesus, resolveu levá-lo à farmácia. "Ele levou o Leandro na farmácia e comprou soro para ele. O menino tomou o soro e até melhorou. Ele foi até à escola", diz.
Na quarta-feira (30), o quadro de diarreia do menino piorou. "Por volta das 16h, o Adilson e o filho mais velho dele levaram o Leandro na UBS. Lá o médico olhou, examinou, apertou a barriguinha dele. O Leandro se queixou de dor quando o médico tocou a barriga, mas ele disse que só estava com gases. Passou um remédio para dor, um remédio para gases e mandou o menino de volta para casa", afirma Pércia.
De acordo com a madrasta da criança, o menino foi medicado, mas voltou a passar mal no início da madrugada de quinta-feira (31). "Ele acordou e chamou o pai, pedia para ir ao médico. O Adilson levantou desesperado, chamou o filho mais velho de novo e correram para a UBS às 3h da manhã com o menino praticamente em coma", conta.
Médicos da UBS e uma equipe do Samu tentaram reanimar o menino, mas ele não resistiu e morreu no local. No boletim de ocorrência registrado pela equipe médica consta que Leandro morreu em decorrência de uma ‘desidratação grave’. "Os médicos que estavam de madrugada foram super atenciosos, mas aí vieram falar que ele tinha morrido de desidratação. Se ele estava desidratado, por que o médico que o atendeu naquela tarde não internou ele? Como quem está com gases morre desidratado?", questiona Pércia.
O diagnóstico de desidratação apontado inicialmente como causa da morte de Leandro deixou a família indignada. Mas na tarde de quinta-feira (31), durante o velório da criança, uma nova informação revoltou ainda mais os familiares do menino. O laudo do IML concluiu que Leandro morreu em decorrência de uma apendicite seguida de choque séptico.
"Como ele ia ser enterrado em Patrocínio Paulista (SP), precisávamos do laudo para poder levar o corpo. O pessoal da funerária ligou durante o velório para falar do laudo. Ele não estava com gases. Não estava com desidratação. Ele morreu de apendicite. Ficou todo mundo estarrecido", afirma a madrasta.
Para a família, o médico que atendeu Leandro na tarde de quarta-feira errou o diagnóstico. "Ele devia ter internado o Leandro. Perdemos uma criança amada, super saudável, que quase não ficava doente. Era um menino esperto, extrovertido, alegre. E tudo porque um médico não examinou o menino direito. É revoltante. A mãe dele morreu há quatro anos e o esse menino era tudo para o pai dele. Estamos todos muito perturbados", diz.
Investigação
Em nota, a Prefeitura informou que equipes da UBS e do Samu prestaram o suporte necessário ao paciente na madrugada de quinta-feira. Em relação à conduta dos médicos, a administração municipal afirmou que a Secretaria de Saúde "abriu um procedimento administrativo para apurar o caso ocorrido."
Em nota, a Prefeitura informou que equipes da UBS e do Samu prestaram o suporte necessário ao paciente na madrugada de quinta-feira. Em relação à conduta dos médicos, a administração municipal afirmou que a Secretaria de Saúde "abriu um procedimento administrativo para apurar o caso ocorrido."
Segundo a delegada da DDM, Graciela David Ambrósio, um inquérito será instaurado para apurar o caso. Os envolvidos devem começar a ser ouvidos na próxima segunda-feira (4).
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