- O normal é termos um motorista estatutário e dois ou três da Unirio, dependendo do dia da semana. Mas muitos motoristas estão sem dinheiro até para comer. Estamos trabalhando com um estatutário, que faz plantão de 24 horas, e um da Unirio, que fica das 8h às 17h. Às quintas e aos sábados, durante o dia, não temos estatutário na escala. Nas noites de quinta, um da Unirio cobre o buraco. Se acontecerem duas emergências ao mesmo tempo nesses plantões e após as 17h, não haverá ambulância — diz o funcionário do Albert Schweitzer que pediu para não ter o nome divulgado.
A Secretaria estadual de Saúde afirmou que notificou a Unirio em 22 de janeiro e 4 de fevereiro. A Comissão de Fiscalização do órgão fez um relatório detalhado do contrato da empresa com a secretaria para que a Unirio preste esclarecimentos. A secretaria aguarda a defesa da empresa, para avaliar a possibilidade de aplicar punições previstas na lei, como multa e suspensão do direito de contratar com a administração pública.
A reportagem do EXTRA tentou contato com a Unirio, cuja sede fica em Duque de Caxias, mas não houve expediente nesta sexta-feira e os responsáveis pela empresa não retornaram as ligações.
Um grupo de motoristas de ambulâncias do Hospital Azevedo Lima, em Niterói, denunciou a falta de pagamentos no início desta semana à Procuradoria do Trabalho de Niterói, que orientou os funcionários da Unirio a procurar os representantes da empresa, em Caxias. Lá, contam os motoristas, eles não conseguiram passar do portão de entrada.
Na próxima segunda-feira, o grupo vai à Delegacia do Trabalho de Duque de Caxias para que o Ministério do Trabalho seja acionado.
No Azevedo Lima, viatura sem farol alto
No Hospital estadual Azevedo Lima, em Niterói, das quatro ambulâncias que servem a unidade, apenas uma está funcionando.
- E ela está sem ar-condicionado e sem farol alto. Tem 12 anos de uso e é um risco circular à noite. Uma viatura está há um ano parada e outra, há cinco meses. Recebemos uma ambulância da UPA do Fonseca, que é mais nova - diz um motorista do Azevedo Lima que pediu para não ter o nome divulgado.
Ontem, após denúncia do EXTRA, o paciente Valdeci Pereira, de 61 anos, que esperava há 13 dias transferência, foi levado para o Hospital Antônio Pedro, também em Niterói, onde realiza exames para ser submetido a uma cirurgia. Ele tem câncer nos rins e na bexiga.
A direção do Azevedo Lima confirma que há duas ambulâncias em operação e três em manutenção, “por problemas distintos, ocorridos em momentos diferentes, que não superam quatro meses”.
Cooperativa para pagar os motoristas
A Secretaria estadual de Saúde contratou uma cooperativa para pagar as diárias dos motoristas da Unirio que trabalhassem no período de carnaval, de 8 a 17 de fevereiro. Mas, segundo um motorista do Azevedo Lima, apenas três dos 14 motoristas aderiram:
- A ficha cadastral não foi entregue a todos.
A secretaria diz que descontará da Unirio o valor pago aos motoristas por meio da cooperativa. Em nota, a pasta informou que, no período de carnaval, contratou “profissionais para ocuparem 77 postos de trabalho” a um custo de R$ 48 mil. E acrescentou que “se preciso, caso a empresa continue não honrando seus compromissos trabalhistas, esses prazo e custo podem ser ampliados”.