quarta-feira, 3 de setembro de 2014

'Não creio mais em justiça', diz mãe de modelo morta ao colocar silicone

Quase dois anos se passaram da morte da modelo Louanna Adrielle Castro Silva, de 24 anos, e, para a família, a sensação é de impunidade. A jovem faleceu durante um procedimento para colocar próteses de silicone nos seios, em um hospital de Goiânia. A Polícia Civil investigou se houve negligência médica e o inquérito foi concluído há três meses, sem responsabilização dos profissionais. “Não creio mais em justiça. Minha filha morreu e os médicos seguem trabalhando. A minha dor é tão grande que isso acabou até com a minha saúde”, disse ao G1 a mãe da modelo, a cabeleireira Dênia de Castro Silva.
Louanna nasceu e morava em Jataí, no sudoeste de Goiás, e havia sido eleita Miss Jataí Turismo em maio de 2012. A jovem morreu no dia 1º de dezembro do mesmo ano durante o procedimento cirúrgico no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, na capital. Dênia diz que a filha já tinha colocado a prótese na mama direita, mas sofreu uma parada cardíaca ao receber a prótese na mama esquerda. Sem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no hospital, ela teve de ser encaminhada para outra unidade, mas não resistiu.
Na época, o médico responsável pela cirurgia, Rogério Morale de Oliveira, e a médica anestesista Beatriz Vieira Espíndola, disseram à polícia que a jovem teve reações às medicações que poderiam ser comuns a pessoas que já usaram algum tipo de droga. No entanto, um laudo toxicológico emitido em janeiro de 2013 não apontou qualquer indício de uso de entorpecente. A defesa da equipe médica contestou e um novo exame, feito em Brasília e divulgado em setembro do mesmo ano, apontou presença de cocaína no organismo de Louanna.
Além da investigação policial, o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) instaurou uma sindicância para apurar o caso. Segundo o órgão, o caso foi arquivado em fevereiro deste ano, pois o laudo criminalístico e o exame toxicológico comprovaram que não houve indício de infração por parte dos profissionais. Durante esse período, os médicos continuaram trabalhando normalmente.
Procurado pelo G1, o advogado de defesa do médico, Carlos Márcio Rissi Macedo, disse que só foi comunicado sobre o arquivamento da sindicância do Cremego na semana passada. “Os laudos mostram que os médicos não tiveram envolvimento na morte, pois a paciente não os informou sobre o uso de entorpecentes e isso causou a reação durante a cirurgia. E foi exatamente essa comprovação e o arquivamento por parte do Cremego que ajudaram na conclusão do inquérito policial”, afirmou.
Modelo Louanna Adrielle Castro Silva, de Jataí, em Goiás, morreu ao colocar silicone (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Louanna chegou a tirar foto antes de cirurgia
em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
O delegado responsável pelo caso, Fernando de Oliveira Fernandes, titular do 13º Distrito Policial de Goiânia, confirmou que não houve provas para responsabilizar o médico e a anestesista pela morte. “Os laudos apontaram que não houve erro profissional ou ético. Sendo assim, o inquérito foi concluído e eles não chegaram a ser indiciados”, explicou.
Sobre a diferença registrada nos dois exames toxicológicos, o delegado explica que a segunda análise foi feita em um laboratório na capital federal, que é mais moderno, capaz de detectar com maior precisão a presença ou não de droga no corpo da vítima.

Cocaína
A mãe de Louanna contesta a informação e diz que não acredita que a filha fazia uso de cocaína. “Ela não tomava nem bebida alcoólica, como é que usaria droga? Não tenho dúvidas de que os médicos forjaram esse exame para se livrar da culpa. Minha filha era uma pessoa de bem, querida por todos, que teve a vida interrompida por uma negligência. Infelizmente, eles têm mais dinheiro do que a gente e nunca conseguiremos provar a culpa deles. Mas lá no fundo eles sabem o que fizeram e vão ter que pagar perante Deus”, afirmou Dênia.
Apoiamos a cirurgia pela felicidade dela, mas isso virou o nosso pior pesadelo "
Dênia Silva, mãe de Louanna
Sobre a investigação, ela diz que, desde o começo, não tinha fé sobre qualquer punição aos profissionais. “O inquérito foi concluído e nós nem fomos avisados. Depois do que aconteceu, soube de outros casos de erros médicos do Rogério, mas não posso provar. O que mais me dói é saber que ele continua exercendo a medicina e colocando outras pessoas em risco. Ele nunca me procurou ao menos para se desculpar e isso mostra ainda mais que ele apenas queria se safar de um crime, pois ele matou minha filha. Não tenho dúvidas disso”, ressaltou.
O advogado do médico disse, ainda, que o profissional não quer se pronunciar sobre o caso em respeito à família, mas que sempre esteve consciente de que é inocente.

Louanna era casada e, segundo a mãe, sonhava com a cirurgia. “Minha filha já era linda, cheia de vida, mas queria muito colocar as próteses nos seios. Apoiamos a cirurgia pela felicidade dela, mas isso virou o nosso pior pesadelo”, lamentou Dênia.
A cabeleireira diz que após a morte da filha entrou em depressão e sofre com fortes dores de cabeça e no peito. “Eu passei 1 ano e 8 meses trancada dentro de casa, sem vontade de ver a luz do dia. É muito difícil aceitar uma perda assim e a dor é maior do que a gente pode suportar. Depois desse tempo, percebi que precisava fazer alguma coisa, me apegar a Deus, pois tenho outro filho e não posso morrer também”, afirmou.
Dênia ressaltou que o que mais a deixa triste é o fato de acusarem Louanne pelo uso de entorpecentes. “Não bastaram assassinar a minha filha, mas também fizeram questão de acabar com a reputação dela, culpá-la pela própria morte. Apesar da minha indignação, não vejo mais como tentar provar a negligência médica. Só entrego na mão de Deus para que isso não volte a acontecer com outra pessoa”, lamenta.

fonte g1

Um comentário:

Wilson disse...

passei por isso, a luta é grande mas não desita , procure o ministério público federal, eles tem competência para isso,encha o saco dos procuradores federais fiz assim esta dando certo.
http://ratosdebranco.blogspot.com/