A Justiça definiu nesta sexta-feira (23) a data para o júri popular dos quatro médicos acusados da morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, em 2000, emPoços de Caldas (MG). O julgamento será realizado no dia 31 de julho a partir das 8h no fórum da cidade.
Após 14 anos de investigações, estarão no banco dos réus o neurocirurgião José Luiz Gomes da Silva, o nefrologista Álvaro Ianhez, que na época coordenava a Central MG-Sul Transplantes, apontada pelo Ministério Público como clandestina, o anestesiologista Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e o intensivista José Luiz Bonfitto.
Eles são acusados de homicídio qualificado contra o menino Paulinho. O Ministério Público afirma que o garoto estava vivo e que os profissionais teriam cometido irregularidades na constatação da morte encefálica, que resultou na retirada dos rins e das córneas do garoto enquanto ele ainda estava vivo.
Asilado na Europa, pai presta depoimento
O pai do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, prestou depoimento na última segunda-feira (19) em Londres sobre a morte do filho, que deu início às investigações da "Máfia dos Órgãos", em Poços de Caldas (MG). Ele depôs como testemunha do caso na sede da Polícia Metropolitana de Londres, acompanhado de um detetive da Scotland Yard. O pai do garoto pediu asilo ao governo italiano em 2008 , após relatar ameaças sofridas pelos envolvidos na morte da criança e anos depois mudou-se para a Inglaterra, onde vive com a família.
O depoimento será remetido ao Brasil para ser anexado ao processo que já condenou os médicos Celso Frasson Scafi, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e Sérgio Poli Gaspar, com penas que variam de 14 a 18 anos.
Médicos condenados ganham direito de recorrer em liberdade
Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) publicada no início deste mês de maio, garantiu que os médicos Celso Roberto Frasson Scafi, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e o anestesista Sérgio Poli Gaspar,condenados pela retirada dos órgãos do menino Pavesi, continuem em liberdade e exercendo a profissão em Poços de Caldas. As prisões pedidas pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas, Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, foram revogadas definitivamente pelos desembargadores do tribunal.
Uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) publicada no início deste mês de maio, garantiu que os médicos Celso Roberto Frasson Scafi, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e o anestesista Sérgio Poli Gaspar,condenados pela retirada dos órgãos do menino Pavesi, continuem em liberdade e exercendo a profissão em Poços de Caldas. As prisões pedidas pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas, Narciso Alvarenga Monteiro de Castro, foram revogadas definitivamente pelos desembargadores do tribunal.
Entenda o Caso Pavesi
As investigações do ‘Caso Pavesi’ já duram quase 14 anos. Em 2002, quatro médicos, José Luis Gomes da Silva; José Luis Bonfitto; Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez; foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado.
As investigações do ‘Caso Pavesi’ já duram quase 14 anos. Em 2002, quatro médicos, José Luis Gomes da Silva; José Luis Bonfitto; Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez; foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado.
Na denúncia consta que cada um dos profissionais cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
A investigação deu origem a outros sete inquéritos e a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas perdeu o credenciamento para realizar os transplantes em 2002. O caso foi tema de discussões também no Congresso Nacional em 2004, durante a CPI que investigou o tráfico de órgãos. Os médicos foram acusados de homicídio doloso qualificado pelo Ministério Público Federal.
Em janeiro deste ano, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi, que vive na Europa, publicou o livro “Tráfico de Órgãos no Brasil – O que a máfia não quer que você saiba”. Com diferentes passagens que relatam a despedida do garoto, a exumação do corpo e a luta para provar que o menino foi vítima da chama ‘Máfia dos Órgãos’, Pavesi enfatiza que a história toda foi censurada e por isso, optou por lançar o livro de maneira independente e distribuir livremente pela internet.
Caso 2 começa a ser julgado
No início deste mês, teve início o julgamento do médico José Luiz Gomes da Silva, acusado de homicídio contra Adeleus Lúcio Rozin, em abril de 2001, na chamada ‘Máfia dos Órgãos’. Ele compareceu a uma audiência de instrução e julgamento no dia 6 de maio na 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas (MG), mas recusou-se a responder as perguntas feitas pela promotoria e pelo juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro. A audiência durou 9 horas e ainda não há previsão para a publicação da sentença.
No início deste mês, teve início o julgamento do médico José Luiz Gomes da Silva, acusado de homicídio contra Adeleus Lúcio Rozin, em abril de 2001, na chamada ‘Máfia dos Órgãos’. Ele compareceu a uma audiência de instrução e julgamento no dia 6 de maio na 1ª Vara Criminal de Poços de Caldas (MG), mas recusou-se a responder as perguntas feitas pela promotoria e pelo juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro. A audiência durou 9 horas e ainda não há previsão para a publicação da sentença.
Ele foi denunciado após a morte do aposentado, com 58 anos na época. O paciente teve rins, fígado e córneas retirados para transplante. De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, Adeleus teria chegado ao Hospital da Santa Casa no dia 15 de abril de 2001 com traumatismo craniano e morreu dois dias depois, quando teve os órgãos removidos.
Outros casos relacionados e a Máfia dos Órgãos
O médico julgado no início deste mês aparece ainda em outros processos ligados à 'Máfia dos Órgãos'. Referente ao ‘Caso 2’, tramita também na Justiça o ‘Caso 3’, que terminou com a morte da vítima Alice Mezavila Tavares, na época com 49 anos, após receber um rim doado pela família de Adeleus. Ela esperou pelo menos três anos pelo transplante do órgão e segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica.
O médico julgado no início deste mês aparece ainda em outros processos ligados à 'Máfia dos Órgãos'. Referente ao ‘Caso 2’, tramita também na Justiça o ‘Caso 3’, que terminou com a morte da vítima Alice Mezavila Tavares, na época com 49 anos, após receber um rim doado pela família de Adeleus. Ela esperou pelo menos três anos pelo transplante do órgão e segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica.
Entre os outros casos, estão o de uma vítima de 41 anos, morta em 25 de janeiro de 2001 e que teve córneas e rins retiradas. Maria Benedita, de 50 anos, que morava em Itajubá (MG) e morreu depois de receber, na Santa Casa de Poços de Caldas, um rim de uma pessoa de Passos (MG).
Outra vítima, de 50 anos não teve os órgãos captados, no entanto, o motivo não consta no prontuário médico. A morte aconteceu no dia 6 de junho de 2001.
Já as investigações que apontam a suposta existência de um esquema para a retirada irregular de órgãos tiveram início após a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, em 2000. A criança, na época com 10 anos, teria tido os órgãos removidos enquanto ainda estava viva. Há ainda a expectativa de que outros quatro médicos, entre eles José Luiz Gomes da Silva, sejam levados à júri popular por conta da morte do Caso Pavesi.
O Caso 1 também já foi julgado e condenou os médicos Alexandre Crispino Zincone, João Alberto Góes Brandão, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes em primeira instância.
Fonte G1
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