O motorista de ônibus Ulisses Demberg, de 33 anos, se sentiu muito mal, na manhã desta quinta-feira. Suava frio, tremia e sentia cólicas. Encostou o ônibus, passou os passageiros para outro coletivo e foi buscar socorro na UPA do Engenho de Dentro. Chegou lá às 10h45m. Foi atendido pelo médico às 15h, quatro horas e 15 minutos depois. E a espera vai aumentar. Clínicos de quatro UPAs administradas pela organização social (OS) SPDM estão cumprindo aviso prévio e, até o fim do mês, as unidades Engenho de Dentro, Sepetiba, Paciência e João 23, em Santa Cruz, terão um médico a menos por plantão. No total, 56 profissionais — 28,5% do total de clínicos — foram dispensados.
Segundo a SPDM, o corte de clínicos e também dos dentistas que faziam os plantões noturnos nas UPAs de Sepetiba e Paciência foi necessária porque o contrato, firmado com a Secretaria municipal de Saúde em 2010, estaria defasado. A OS tenta negociar um reajuste de 20%.
— Na nossa escala, afixada na parede, estão assinalados os colegas que estão em aviso prévio e os que tiveram a carga horária reduzida. Em vez de quatro clínicos, serão três por plantão. Já trabalhamos no limite. Com três clínicos, ficará inviável — desabafa um médico que pediu para não ser identificado.
Nas UPAs de porte 3 (as maiores), como a Engenho de Dentro e a João 23, uma portaria do Ministério da Saúde determina o mínimo de seis médicos por plantão diurno. Com os cortes, essas unidades ficarão com cinco médicos — três clínicos e dois pediatras. Nas de porte 2, como a de Sepetiba e a de Paciência, a portaria determina que sejam quatro médicos durante o dia, mas, com as demissões, serão apenas três — dois clínicos e um pediatra.
Ao contrário do que afirmam médicos das UPAs afetadas, Mauro Monteiro, diretor superintendente da SPDM, diz que, em Sepetiba e Paciência, o corte atingiu apenas o plantão noturno.
— Espero chegar a um acordo com a Secretaria de Saúde até o fim do mês, revertendo assim os avisos prévios - diz Monteiro.
Segundo ele, a prefeitura repassa R$ 1,171 milhão ao mês para as UPAs de porte 3 e R$ 908 mil para as de porte 2.
Uma médica que não quer ser identificada conta que na UPA em que trabalha a equipe tinha quatro clínicos e dois pediatras por plantão:
— Um clínico fica na sala vermelha, onde estão os pacientes mais graves, e acompanha as transferências na ambulância. O outro clínico atende na sala amarela, onde estão internados os pacientes menos graves. Os outros dois ficam atendendo nos consultórios. E a demanda é enorme. Não para de chegar gente dia e noite. Com menos um profissional, será apenas um médico atendendo as pessoas que chegam. É humanamente impossível dar conta. O tempo de espera será ainda maior. Alguns colegas que estão em aviso prévio já não estão mais vindo.
A Secretaria municipal de Saúde afirma que “tomou ciência dos fatos e não compactua com as medidas adotadas pela SPDM”. Segundo a secretaria, pelos contratos das quatro unidades, a organização social recebeu repasses do município em 30 de janeiro, e os repasses seguintes, referentes ao mês de fevereiro, estão programados para esta semana, conforme acordado com a instituição.
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Fonte Jornal Extra
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