Após a morte de Ana Carolina Cassino, de 23 anos, que morreu neste domingo (17) de uma infecção generalizada, depois de esperar por mais de um dia por uma cirurgia de apendicite, um empresário que teria passado por uma situação parecida no mesmo hospital decidiu falar. Ele afirma que aguardou durante seis horas na unidade para passar pelo mesmo procedimento- entre atendimento, diagnóstico e espera para vaga para cirurgia.
“Eu também, imagino que ela era cheio de sonhos, eu também sou cheio de sonhos, família, E aí ninguem está preocupado com nossos sonhos”, disse Carlos Eduardo, que também teve apendicite e recorreu ao Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Quando avisaram que ele ainda poderia esperar mais três horas por uma ambulância para levá-lo ao hospital onde seria a cirurgia, desistiu. Procurou outro hospital, onde pagou pela operação, que foi feita imediamente.
“Já estava diagnosticado que eu tinha apendicite e precisava operar e esperar de 10 às 16h depois de duas a três horas por uma ambulância, eu vi que aquilo não ia ter fim naquele dia então ia passar para o próximo dia. A gente sabe que apendice quando sutura, quando inflama a dor qual é e o que pode acontecer e eu tomei a atitude de sair e procurar uma clínica particular e paguei por isso. Após uma hora e meia eu tava operado deitado na cama já de repouso”, disse Carlos Eduardo.
CRM vai abrir sindicância
A família de Ana Carolina Cassino acusa o hospital de demora para a realização de cirurgia e o Conselho Regional de Medicina (CRM) disse que vai abrir uma sindicância para apurar o caso.
A família de Ana Carolina Cassino acusa o hospital de demora para a realização de cirurgia e o Conselho Regional de Medicina (CRM) disse que vai abrir uma sindicância para apurar o caso.
Ana Carolina estava planejando o casamento com o noivo Leandro Nascimento Farias. Juntos desde 2007, o casal viveu intensamente o relacionamento. Ana Carolina e Farias se conheceram no Ensino Médio, fizeram faculdades de farmácia juntos, trabalhavam na Maternidade Fernandes Figueira e cursavam a mesma pós-graduação.
“Nós éramos praticamente uma pessoa só. Em todo momento da minha vida ela estava presente. Estou me pegando na gana de justiça para não me derrubar. Nós tínhamos planos de ter filho. A gente sempre foi muito planejado, não éramos daqueles jovens de viajar, gastar. Nós abrimos mão de muita coisa para conseguir a nossa casa própria e realizar nossos sonhos”, contou Leandro.
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Parentes de Ana Carolina cobram explicação da direção do Hospital da Unimed. Para a família, a demora de 24 horas para a realização de uma cirurgia de apendicite pode ter provocado o óbito. Leandro Farias contou que o hospital entregou uma cópia do prontuário na manhã desta quarta-feira (20). Em um primeiro momento, a unidade informou que só entregaria o documento mediante um mandado da Justiça.
'Negligência', diz noivo
“Até agora ninguém me procurou, ninguém da alta cúpula. Eu fui atendido por um simples funcionário da ouvidoria. Eu quero provar o óbvio, que o que aconteceu com ela foi por negligência do plano, do hospital e por partes dos funcionários. Isso [apendicite] é uma coisa que todos nós estamos sujeitos a desenvolver, uma cirurgia que não demora mais de 30, 40 minutos. Todo mundo sabe quanto custa um plano da Unimed. A burocracia matou ela, o descaso, a falta de humanização dos profissionais da saúde”, afirmou noivo da jovem.
“Até agora ninguém me procurou, ninguém da alta cúpula. Eu fui atendido por um simples funcionário da ouvidoria. Eu quero provar o óbvio, que o que aconteceu com ela foi por negligência do plano, do hospital e por partes dos funcionários. Isso [apendicite] é uma coisa que todos nós estamos sujeitos a desenvolver, uma cirurgia que não demora mais de 30, 40 minutos. Todo mundo sabe quanto custa um plano da Unimed. A burocracia matou ela, o descaso, a falta de humanização dos profissionais da saúde”, afirmou noivo da jovem.
Jovem tinha consciência da infecção
Leandro contou que Ana Carolina sempre se preocupou muito com as pessoas que estavam à sua volta. Já no Centro de Tratamento Intensivo, ele contou que a farmacêutica fez um pedido para o médico:
Leandro contou que Ana Carolina sempre se preocupou muito com as pessoas que estavam à sua volta. Já no Centro de Tratamento Intensivo, ele contou que a farmacêutica fez um pedido para o médico:
“Ela tinha consciência do que estava acontecendo. Então ela disse para o médico: doutor, não conta pra minha mãe que eu estou com infecção generalizada, porque minha mãe tem medo dessa palavra”, contou o noivo, que disse ao G1 que o pai de Ana Carolina morreu há quatro anos por infecção generalizada e ela não queria deixar a mãe mais preocupada.
“O que aconteceu com ela é inaceitável, uma jovem feliz, com muita saúde e muitos planos. Ela era uma excelente profissional. Até o último minuto da vida dela ela se preocupava com as pessoas”, lamentou Leandro.
Em nota, a diretoria médica do Hospital Unimed-Rio informou que todo o processo de atendimento à paciente Ana Carolina Domingos Cassino foi avaliado por suas comissões de Óbitos e de Prontuário Médico. Segundo a diretoria da unidade, as conclusões serão analisadas pela Comissão de Ética do Hospital Unimed-Rio e será encaminhado ao representante legal de Ana Carolina Domingos Cassino. O Hospital Unimed-Rio reforçou o pesar já manifestado pelo ocorrido, se solidarizou com a família e reafirmou seu compromisso com o mais breve esclarecimento do caso.
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