quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Bebê morre após nebulização em UPA do AC e pais creem em negligência

O pequeno Pedro Lucas Muniz, de três meses, morreu após fazer nebulização na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no 2º Distrito deRio Branco.A família acusa a unidade de negligência.
A direção da UPA disse que vai abrir sindicância para apurar os fatos, mas acredita que não houve negligência por parte dos profissionais.
O pai da criança, José Verônico Marinho, de 32 anos, disse que o filho deu entrada na unidade no domingo (14) com febre e tosse, ficou em observação e morreu na manhã de segunda-feira (15).
"Chegamos na UPA,  deram dipirona e ele passou a noite bem. De manhã cedo, eu o segurei no colo, brinquei com ele e fui trabalhar. Depois me ligaram falando que meu filho tinha morrido", relembra o pai da criança.
Ainda segundo Marinho, por volta das 5h, o filho começou a passar mal e foi colocado na nebulização. Filho único do casal, Pedro Lucas ainda chegou a tomar uma medicação, que o pai não soube dizer o nome, foi colocado também no oxigênio e depois veio a óbito.
"Disseram que ele tinha vomitado e se engasgou e que isso provocou a morte. Tinham só as técnicas de enfermagem. Tomaram ele dos braços da mãe, levaram para outra sala e meia hora depois disseram ele estava morto", lamenta.
Marinho disse que registrou um Boletim de Ocorrências na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) contra a unidade de saúde.
"Eles colocaram meu filho no oxigênio e nem oxigênio tinha. A máscara caiu no chão e vimos que não saía nada. Quero justiça, meu filho estava bem, achei até que ele teria alta. Ele nunca teve nenhum problema de saúde, tomava todas as vacinas, era saudável. Minha mulher teve uma gravidez saudável, um parto tranquilo. Foi erro médico", acusa.
Pai da criança, José Verônico, acredita que o filho morreu por erro médico (Foto: Aline Nascimento/G1)Pai da criança, José Verônico, acredita que o filho morreu por erro médico (Foto: Aline Nascimento/G1)
'Não havia médico de plantão', diz tia
Revoltada com a morte do sobrinho, a recepcionista Eliene Marinho, de 33 anos, afirma que não havia médico de plantão na unidade. "Não tinha nenhum pediatra de plantão e, se estava, não ficou dentro da unidade. Quando minha cunhada percebeu que meu sobrinho estava passando mal, chamou a enfermeira e ela disse que não tinha pediatra. Então, ela perguntou pela enfermeira e foi dito que ela já tinha encerrado o plantão", alega.
Eliene relembra que durante a nebulização a criança teria começado a ficar roxa e com falta de ar. "Ele ficou cheio de manchas roxas e com dificuldade para respirar. Achamos que colocaram berotec [medicamento usado para fazer nebulização] demais no soro e ele morreu", diz.
Parada cardiorrespiratória, aponta declaração de óbito
A declaração de óbito entregue à família do bebê aponta que ele morreu de parada cardiorrespiratória desconhecida. Revoltada, a família disse que pretende processar o hospital.
"Como meu filho morreu engasgado? O laudo diz outra coisa. Medicaram meu filho de forma errada", conta.
Ao G1, a diretora da UPA, Ana Carla Clementina, explicou que o hospital está levantando todas as informações para saber a causa da morte da criança. Ela diz ainda que não houve erro médico. "Estamos apurando os fatos, mas, até o momento, os relatos que recebemos, não houve negligência e provavelmente vamos conseguir relatos de todos os profissionais que estavam no plantão. Vamos encaminhar todos os relatórios à Secretaria de Saúde", esclarece.
A diretora explica também que havia médico pediatra de plantão. Sobre a causa da morte, Ana disse que ainda não tem um diagnóstico. "Vamos abrir sindicância. Havia pediatra de plantão, inclusive ele atendeu e prestou socorro, assim como outros profissionais", justifica.
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Declaração de óbito foi entregue à família na tarde de segunda (Foto: Aline Nascimento/G1)Declaração de óbito foi entregue à família na tarde de segunda (Foto: Aline Nascimento/G1)

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