Sindicância indica divergência de relatos entre os médicos, diz secretaria.
Jovem que caiu de laje percorreu cinco hospitais até ser atendido.
O diretor do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Luiz Sérgio Verbecaro, e o chefe de equipe de plantão do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Jocelyn Santos de Oliveira, foram exonerados na tarde desta quarta-feira (21), informou a Secretaria de Estado de Saúde.
A pedido do secretário Sérgio Côrtes, foi instalada sindicância para apurar o atendimento ao paciente Gabriel de Sales na segunda-feira (19) e as informações preliminares indicam divergências de relatos sobre a conduta das equipes das duas unidades estaduais, informou a secretaria.
Gabriel caiu da laje de casa em Xerém, na Baixada Fluminense, e percorreu cinco hospitais até ser atendido. Ele foi internado no CTI do Hospital Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio e, segundo informou na tarde desta quarta a Secretaria municipal de Saúde, sofreu uma neurocirurgia, respira por aparelhos e está em coma induzido. Seu estado é grave.
A secretaria informou que a regulação do paciente não foi feita pelo SAMU Baixada, como determina o protocolo do Ministério da Saúde para os casos de urgência e emergência.
Sindicância apura o caso
Na terça-feira (20), o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmou ser "inadmissível" o o que aconteceu com Gabriel.
Côrtes determinou a abertura de uma sindicância para apurar os atendimentos em todos os hospitais por onde Gabriel passou. "Na sindicância nós vamos solicitar todo o atendimento dele em cada um desses locais onde ele passou, desde o posto de saúde em Xerém, (na Baixada Fluminense), ao Hospital de Saracuruna (Adão Pereira Nunes), ao [Hospital estadual] Carlos Chagas e até mesmo ao [Hospital municipal] Salgado Filho. É uma situação inadmissível. O início da situação já é totalmente errado".
88 km em sete horas
Após sofrer o acidente, Gabriel percorreu 88 km em uma ambulância até conseguir atendimento no Hospital Salgado Filho. De acordo com a mãe de Gabriel, Maria dos Santos Bezerra, o filho chegou a ser atendido no posto de saúde de Xerém. "Ele teve um atendimento bom lá. O médico foi muito bom, mas mandaram ele para Saracuruna, porque disseram que lá não tinha aparelhagem", contou Maria.
De lá, Gabriel foi levado para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. O destino seguinte foi o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte da cidade. Após mais uma tentativa frustrada, encaminharam o jovem para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Sem alternativa, o destino foi o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no subúrbio, onde, segundo a família, Gabriel chegou a fazer exames, mas não pôde ficar internado. Já era 23h quando Gabriel chegou ao Hospital Salgado Filho.
Sérgio Côrtes afirmou que o erro foi no primeiro atendimento, no posto de saúde em Xerém. "Na unidade de saúde em que ele está, [o procedimento é] entrar em contato com a central de regulação e solicitar uma vaga para evitar essa peregrinação, essa absurda peregrinação durante 90 quilômetros. Toda a rede de urgência e emergência estava avisada que naquele período de 19 h até as 2 da manhã o tomógrafo [do Hospital Saracuruna] estava em manutenção. Mas tinha ressonância magnética, poderia ter sido feita. Então o grande erro foi a não-solicitação da transferência. Isso fez com que ele peregrinasse, literalmente, por vários hospitais, até que finalmente foi atendido no Hospital estadual Carlos Chagas, onde foi acolhido, foi feita a tomografia, foi feito o diagnóstico do traumatismo craniano e então solicitada a vaga para o Hospital Salgado Filho, quando ele foi finalmente transferido", explicou.
Caxias rebate responsabilidade
A secretaria de Saúde de Duque de Caxias enviou uma nota sobre o atendimento de Gabriel no posto de saúde em Xerém:
"A Secretaria de Saúde de Duque de Caxias informa que fez seu papel ao prestar o primeiro atendimento a Gabriel Paulino. Seu estado foi estabilizado na Unidade Pré-Hospitalar de Xerém e encaminhado a unidade referência do município para politraumatizados: o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. Não cabia à UPH de Xerém acionar a Central de Regulação de Leitos do Estado. O paciente, após o atendimento preliminar que salvou sua vida, foi encaminhado para o hospital especializado mais próximo, o Adão Pereira Nunes, que pertence ao Estado do Rio de Janeiro e deveria ter acionado a central."
Secretaria de Saúde do Rio
A Secretaria municipal de Saúde do Rio disse que não consta no sistema de regulação municipal qualquer solicitação de internação para o paciente, que é de fora da cidade do Rio e não conseguiu atendimento.
Sobre a falta de atendimento no Hospital municipal Saouza Aguiar, a prefeitura disse que a unidade estava atendendo a três casos graves na neurocirurgia, por isso não havia vagas naquele momento.
O pai de Gabriel ficou revoltado com a falta de atendimento do filho: "Ver meu filho nessa situação, me dá vergonha de ser brasileiro", disse o aposentado Pedro Paulino de Sales. "É muito ruim ver meu filho dentro de uma ambulância, em coma, e andar esse tempo e não ser atendido. Quando é para futebol, Copa do Mundo, o governo libera dinheiro, mas cadê para saúde? Como vou para minha casa tranquilo, se estou vendo meu filho praticamente morto?", disse ele.
Veja a reportagem na íntegra,no link abaixo
http://glo.bo/qH5WkC
Jovem que caiu de laje percorreu cinco hospitais até ser atendido.
O diretor do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Luiz Sérgio Verbecaro, e o chefe de equipe de plantão do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, Jocelyn Santos de Oliveira, foram exonerados na tarde desta quarta-feira (21), informou a Secretaria de Estado de Saúde.
A pedido do secretário Sérgio Côrtes, foi instalada sindicância para apurar o atendimento ao paciente Gabriel de Sales na segunda-feira (19) e as informações preliminares indicam divergências de relatos sobre a conduta das equipes das duas unidades estaduais, informou a secretaria.
Gabriel caiu da laje de casa em Xerém, na Baixada Fluminense, e percorreu cinco hospitais até ser atendido. Ele foi internado no CTI do Hospital Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio e, segundo informou na tarde desta quarta a Secretaria municipal de Saúde, sofreu uma neurocirurgia, respira por aparelhos e está em coma induzido. Seu estado é grave.
A secretaria informou que a regulação do paciente não foi feita pelo SAMU Baixada, como determina o protocolo do Ministério da Saúde para os casos de urgência e emergência.
Sindicância apura o caso
Na terça-feira (20), o secretário estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmou ser "inadmissível" o o que aconteceu com Gabriel.
Côrtes determinou a abertura de uma sindicância para apurar os atendimentos em todos os hospitais por onde Gabriel passou. "Na sindicância nós vamos solicitar todo o atendimento dele em cada um desses locais onde ele passou, desde o posto de saúde em Xerém, (na Baixada Fluminense), ao Hospital de Saracuruna (Adão Pereira Nunes), ao [Hospital estadual] Carlos Chagas e até mesmo ao [Hospital municipal] Salgado Filho. É uma situação inadmissível. O início da situação já é totalmente errado".
88 km em sete horas
Após sofrer o acidente, Gabriel percorreu 88 km em uma ambulância até conseguir atendimento no Hospital Salgado Filho. De acordo com a mãe de Gabriel, Maria dos Santos Bezerra, o filho chegou a ser atendido no posto de saúde de Xerém. "Ele teve um atendimento bom lá. O médico foi muito bom, mas mandaram ele para Saracuruna, porque disseram que lá não tinha aparelhagem", contou Maria.
De lá, Gabriel foi levado para o Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. O destino seguinte foi o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, na Zona Norte da cidade. Após mais uma tentativa frustrada, encaminharam o jovem para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Sem alternativa, o destino foi o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no subúrbio, onde, segundo a família, Gabriel chegou a fazer exames, mas não pôde ficar internado. Já era 23h quando Gabriel chegou ao Hospital Salgado Filho.
Sérgio Côrtes afirmou que o erro foi no primeiro atendimento, no posto de saúde em Xerém. "Na unidade de saúde em que ele está, [o procedimento é] entrar em contato com a central de regulação e solicitar uma vaga para evitar essa peregrinação, essa absurda peregrinação durante 90 quilômetros. Toda a rede de urgência e emergência estava avisada que naquele período de 19 h até as 2 da manhã o tomógrafo [do Hospital Saracuruna] estava em manutenção. Mas tinha ressonância magnética, poderia ter sido feita. Então o grande erro foi a não-solicitação da transferência. Isso fez com que ele peregrinasse, literalmente, por vários hospitais, até que finalmente foi atendido no Hospital estadual Carlos Chagas, onde foi acolhido, foi feita a tomografia, foi feito o diagnóstico do traumatismo craniano e então solicitada a vaga para o Hospital Salgado Filho, quando ele foi finalmente transferido", explicou.
Caxias rebate responsabilidade
A secretaria de Saúde de Duque de Caxias enviou uma nota sobre o atendimento de Gabriel no posto de saúde em Xerém:
"A Secretaria de Saúde de Duque de Caxias informa que fez seu papel ao prestar o primeiro atendimento a Gabriel Paulino. Seu estado foi estabilizado na Unidade Pré-Hospitalar de Xerém e encaminhado a unidade referência do município para politraumatizados: o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes. Não cabia à UPH de Xerém acionar a Central de Regulação de Leitos do Estado. O paciente, após o atendimento preliminar que salvou sua vida, foi encaminhado para o hospital especializado mais próximo, o Adão Pereira Nunes, que pertence ao Estado do Rio de Janeiro e deveria ter acionado a central."
Secretaria de Saúde do Rio
A Secretaria municipal de Saúde do Rio disse que não consta no sistema de regulação municipal qualquer solicitação de internação para o paciente, que é de fora da cidade do Rio e não conseguiu atendimento.
Sobre a falta de atendimento no Hospital municipal Saouza Aguiar, a prefeitura disse que a unidade estava atendendo a três casos graves na neurocirurgia, por isso não havia vagas naquele momento.
O pai de Gabriel ficou revoltado com a falta de atendimento do filho: "Ver meu filho nessa situação, me dá vergonha de ser brasileiro", disse o aposentado Pedro Paulino de Sales. "É muito ruim ver meu filho dentro de uma ambulância, em coma, e andar esse tempo e não ser atendido. Quando é para futebol, Copa do Mundo, o governo libera dinheiro, mas cadê para saúde? Como vou para minha casa tranquilo, se estou vendo meu filho praticamente morto?", disse ele.
Veja a reportagem na íntegra,no link abaixo
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