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quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Mesmo com plano de saúde, gestantes recorrem ao SUS na Bahia
Em Salvador, mesmo com plano de saúde, muitas pessoas têm que recorrer ao hospital público. Em um dos três hospitais de Salvador, que possuem emergência pediátrica, são 15h30 e tem gente até na ante sala, onde uma placa avisa que a capacidade está esgotada.
Uma mãe trouxe o filho com febre alta e está esperando a cinco horas. “Chegamos dez, dez e pouca, e ainda tem nove pessoas na frente dele”, revela.
A superlotação das emergências pediátricas é um dos sintomas do descompasso entre a quantidade de pessoas com plano de saúde na Bahia e a estrutura disponível para atendê-las. Com mais de 1.500 mil usuários de plano de saúde, a Bahia se destaca com um dos estados do Nordeste com o maior número de credenciados. Só na capital, Salvador, mais de 700 mil pessoas tem a carteirinha de um plano, mas só tem acesso 15 hospitais.
“Nós hoje não temos leitos suficientes de emergência pediátrica, de UTI e várias especialidades médicas não estamos conseguindo atendimento, porque não há oferta suficiente desse serviço para o atendimento da população”, explica Marcelo Britto, presidente da Associação de Hospitais da BA.
A estrutura da rede privada para atender as gestantes, por exemplo, é um dos maiores problemas. Nos últimos quatro anos, aproximadamente, 100 leitos para gestantes deixaram de funcionar em Salvador. E um hospital já anunciou que vai fechar outros 30 e o pior é que não há praticamente reposição. De 2008 até agora apenas 50 novos leitos de obstetrícia foram criados na rede particular.
“Isso resulta na falta de vagas. Não rara elas terminam buscando a rede SUS, uma maternidade pública para poder ter o atendimento garantido”, esclarece Antônio Carlos Vieira Lopes, da Associação Médica Baiana.
Aconteceu com Tânia. Ela tem plano de saúde, mas no dia programado para a cesariana não encontrou vaga em nenhum hospital credenciado. Como não dava mais para esperar, Henrique acabou nascendo em uma maternidade do estado.
“Fui bem atendida e não tenho o que reclamar da maternidade, mas é um constrangimento você pagar um plano e na hora que precisa não tem o direito de usar. Foi um momento de revolta, fiquei muito chateada. Meu marido ficou muito revoltado, mas a gente se controlou e desistiu de colocar na justiça”, conta Tânia Menezes, recepcionista.
Além de falta de vaga nas maternidades, Salvador sofre com a pequena quantidade de médicos credenciados em algumas especialidades. O pior é que tem gente tirando proveito disso.
“Existem casos extremos de que o associado quer uma consulta com o especialista, ele vai ao local da rede própria. Lá ele é recebido, faz uma consulta por imagem, tipo teleconferência, e o médico que está em outro estado e escuta a queixa do paciente. Ele faz as perguntas, e obviamente não examina porque é impossível, e manda-se por fax os pedidos de exames e orientações. Isso é uma coisa grave e precisa ser apurada. Nós precisamos que a população denuncie”, fala Débora Angeli, coordenadora Com. Honorários Médicos.
O Hospital Santa Izabel, mostrado no início da reportagem, disse que ampliou as instalações e está investindo em projetos de saúde familiar. Cerca de 200 crianças são atendidas por dia na emergência pediátrica. E a Agência Nacional de Saúde (ANS) informou que faz um acompanhamento permanente e contínuo delas.
Fonte G1
http://glo.bo/RPhj36
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