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quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Menina que não come pela boca é operada às pressas mais uma vez
Uma semana após ser operada às pressas, a menina Caliane Boni Roque da Silva, de São Carlos (SP), passou por mais uma cirurgia de emergência neste fim de semana no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde ela está internada desde o dia 14 do mês passado. Caliane passa bem, mas continua na UTI, sedada e respirando com a ajuda de aparelhos. A garota luta para reverter um problema no aparelho digestivo que há dez anos a impede de se alimentar pela boca.
Segundo a mãe, Gislaine Clara Boni, de 30 anos, a filha teve um forte sangramento no sábado (29), por volta das 20h, e precisou ser levada mais uma vez para sala de cirurgia. Após três horas e meia, os médicos conseguiram sanar o problema com o uso de uma medicação.
“Graças a Deus com duas aplicações deu tudo certo. Mas ainda ontem [domingo] ela sangrava um pouco. Foi uma correria e um susto muito grande. O caso dela é bem complicado, por isso acontecem essas intercorrências”, disse Boni ao G1.
Segundo os médicos explicaram à mãe, o organismo de Caliane enfrenta dificuldade para cicatrização devido às várias cirurgias pelas quais já foi submetida ao longo da vida. No último sábado (22), ela já havia sido operada às pressas para refazer o duodeno - que liga o estômago ao intestino delgado. Desde então a menina é mantida sedada.
Caso
Caliane está internada no hospital desde o dia 14 de setembro. No dia 17, ela passou por uma longa cirurgia que durou oito horas. A equipe médica tentou realizar dois procedimentos que ajudariam menina a se alimentar pela boca pela primeira vez, mas o principal deles não deu certo.
Desde o nascimento, a garota recebe alimento líquido, que é injetado por duas bombas infusoras. O nutriente especial tem um custo mensal de R$ 5 mil, que é coberto pelo plano de saúde da família. A mãe de Caliane diz que a filha foi vítima de um erro médico quando tinha três dias de vida. Diagnosticada com hérnia de hiato, a bebê passou por um procedimento cirúrgico que deu errado. Desde então ela convive com as sequelas.
Segundo Boni, o médico que operou a filha, o especialista em cirurgia pediátrica João Gilberto Maksoud, descarta um novo procedimento devido às condições de saúde da menina. A equipe médica planeja um estudo com alguma possibilidade de tratamento para que a Caliane possa ter uma vida normal.
“Eu não teria todo esse suporte em outro local. A equipe liderada pelo doutor Maksoud é excelente e tem feito de tudo para que a minha filha consiga sair dessa. Ela está sendo muito forte e tem lutado pela vida”, diz a mãe.
Gislaine foi às ruas pedir ajuda ajuda no trânsito para
conseguir operar a filha (Foto: Fabio Rodrigues/G1)
Campanha
A história da menina de São Carlos ficou conhecida após os pais dela iniciarem uma campanha para arrecadar recursos para a operação, com custo estimado em R$ 120 mil. A princípio, o plano de saúde se recusou a pagar o valor. Desesperada com a situação, a família utilizou as redes sociais para conseguir ajuda. O apelo atingiu um grande número de pessoas que se sensibilizaram com o caso. Em um mês, foram arrecadados cerca de R$ 50 mil.
Com faixas, panfletos e camisetas, um grupo formado familiares e amigos foram às ruas da cidade e também do município vizinho Ibaté (SP) realizar pedágios para levantar recursos. Eles também promoveram um jantar beneficente e contaram com a ajuda de empresários. Com a repercussão do caso, as pessoas passaram a acreditar que não se trata de um golpe, contou o pai da menina, Emerson Filipin, de 35 anos.
Por fim, um dia antes da internação da garota, na quinta-feira (13), uma liminar concedida pela 2ª Vara Cível de São Carlos obrigou a Fundação Cesp a arcar com o custo de uma cirurgia.
A mãe de Caliane conta que o dinheiro arrecadado continua na conta da menina e, caso não precise ser usado, na hipótese de a decisão judicial ser definitiva, doará tudo para outra criança que precise de ajuda e que não tenha condições. “Faremos isso em comum acordo com os empresários que nos ajudaram e de uma forma transparente para toda a população”, afirma Boni.
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