segunda-feira, 30 de julho de 2012

Médico diz que material deixado em paciente deveria corrigir hérnia

O médico acusado por uma paciente de "esquecer" uma gaze dentro do organismo dela durante uma cirurgia em março deste ano, em Ilhéus, sul da Bahia, alega que realizou um procedimento normal na dona de casa Meire Silva. "Essa paciente foi fazer uma cirurgia no ovário e foi detectado que ela tinha, em termos mais leigos, uma hérnia interna. Essa hérnia foi corrigida com uma técnica onde se usa uma tela, que é um material inerte, um material esterilizado para corrigir essa hérnia", diz o cirurgião Lissandro Barbosa sobre o material.
A dona de casa diz que uma ultrassonografia feita antes da cirugia apontava apenas problema no ovário. Ela afirma ainda que, uma semana após a cirurgia, procurou o médico se queixando de alguns sintomas, como forte secreção. “Eu tomei remédios e continuaram os sintomas. Foi quando resolvi procurar outro médico para pedir uma ordem e fazer um ultrassom. Foi aí que detectou que era um corpo estranho, no caso, a gaze que tinha ficado dentro [da barriga]”, disse.
Cinco meses depois, a dona de casa foi submetida a outra cirurgia, com outro profissional, no município baiano de Jequié, onde mora a família dela. O cirurgião que retirou o "corpo estranho", Gustavo Nader, disse ao G1 que não vai se pronunciar sobre qual material encontrou no organismo da paciente. "Não vou falar sobre isso. Apenas digo que resolvi o problema dela", afirmou.
Lissandro Barbosa explica que pode ter havido má adaptação do produto no organismo da paciente. "A gente sabe que todo material colocado no organismo tem risco de rejeição. Essa paciente, após a cirurgia, fez a primeira consulta após sete dias e estava bem, e fez a segunda consulta com 30 dias e estava bem. Depois, ela sumiu do ambulatório. Geralmente, acompanho essas pacientes por três meses, que é o tempo de cicatrização para evitar fazer nova hérnia ou ter problema na cicatriz", declarou o especialista, que alega que avisou à paciente sobre a colocação do material em seu organismo.
Cirurgia (Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)Segunda cirurgia deixou cicatriz na barriga de Meire
(Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)
A advogada da paciente, Neiva Souza, disse ao G1 que entrou com processo na Justiça por meio da 4ª Vara Cível de Itabuna. "Entramos com ação na Justiça alegando erro médico, pedindo tratamento psicológico porque hoje ela é uma mulher arrasada, e também pedindo indenização", afirma.
O Conselho Regional de Medicina informou que abriu sindicância para apurar o caso. "Ele usou uma tela, que é um produto sintético. Essa é a melhor técnica para cirurgia de hérnia atualmente. Há situações expecionais, que não posso afirmar ser o caso dela, de que surge uma infecção. Mas fora isso, não é preciso retirar essa tela, que parece uma gaze", afirma José Abelardo Garcia, presidente em exercício do Cremeb na Bahia.
A dona de casa afirma que não consegue ter uma vida normal há quase um ano. "Uma cicatriz horrível. O pior, que mais me deixa triste, é que não posso me alimentar direito, nem posso também fazer os trabalhos de casa que fazia antes", afirma.

Veja a reportagem na íntegra no link abaixo:
http://glo.bo/Q7464V

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