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O Estado do Rio de Janeiro registrou 148 mortes maternas em 2009. A informação, contida no relatório anual do Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Mortalidade Materna, representa, aproximadamente, uma morte a cada dois dias. Os dados foram apresentados durante o encerramento da campanha “Pré-natal e parto seguro: direitos seus”, da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), nesta sexta-feira (28/05), no Plenário Barbosa Lima Sobrinho. Para a presidente da comissão, deputada Inês Pandeló (PT), a campanha mostrou que ainda há muito trabalho para ser feito sobre o assunto. “Levantar o tema para debate e conscientizar as pessoas através desta campanha foi muito importante, mas o trabalho não pode parar aqui. Vamos continuar tocando no assunto, pois há muitos pontos para serem debatidos e melhorados. Ainda é necessária, por exemplo, a humanização na hora do pré-natal, assim como aumentar sua qualidade. Verificamos que muitos acompanhamentos são feitos sem que sejam pedidos os exames adequados”, frisou a parlamentar.
De acordo com a deputada, 90% destas mortes poderiam ser evitadas. Segundo ela, analisar a causa dos óbitos para traçar estratégias para impedi-las é uma das formas de modificar o atual quadro no estado. A construção de novas unidades de saúde, de acordo com Pandeló, é um bom começo. “Está começando a construção de uma maternidade de baixo risco em Mesquita e há projetos para São Gonçalo e Duque de Caxias. Eu acho que isto já ajuda um pouco, mas ainda é preciso avançar muito mais”, frisou ela, acrescentando que o ideal seria a realização do pré-natal na unidade onde a mulher vai dar à luz. “Este foi um ponto sempre questionado, porque elas fazem uma verdadeira peregrinação para encontrar um hospital na hora do nascimento de seus filhos. Acaba que aquelas mulheres que teriam um parto de baixo risco passam a ter um de alto risco”, explicou a parlamentar.
O relatório apresentado sugeriu, ainda, a criação de Comitês de Estudo do Óbito Materno nos municípios com mais de 80 mil habitantes, justamente com a finalidade de investigar a causa de todas as ocorrências. “No entanto, apenas 13 cidades possuem esses comitês funcionando de forma efetiva. Existem 17 que não atuam e há um ainda em formação”, explicou. “A investigação de cada morte materna possibilita ações e medidas preventivas que evitarão eventos similares no futuro. A necessidade de se obter indicadores de qualidade é uma exigência ética porque impede mortes pré-maturas”, pontuou. Os índices da mortalidade materna, segundo a representante do Comitê Estadual de Combate à Mortalidade Materna, Thereza Cravo, apresentam um bom reflexo da desigualdade social. “Na mortalidade materna, o que vemos são índices muito discrepantes. Nos países desenvolvidos chegam a três mulheres por cem mil nascidos vivos e, em alguns países pobres, chegam a mais de mil mulheres pelo mesmo número de bebês nascidos vivos”, frisou.
(texto de Marcela Maciel)
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