quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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Edição do dia 11/01/2011


11/01/2011 21h32 - Atualizado em 11/01/2011 22h31


      JN no Ar mostra situação precária de hospitais públicos em Rondônia
O principal hospital do estado tem 150 leitos, todos lotados. Para agravar ainda mais a situação, pacientes chegam também do sul do Amazonas, do Acre e até da Bolívia.
    A equipe do JN no Ar foi a Porto Velho, Rondônia, para mostrar a situação crítica dos hospitais do estado, que levou o governador a decretar calamidade na saúde.
    A situação dos hospitais visitados pela equipe do JN no Ar é grave e foram registradas cenas dramáticas. As pessoas estão realmente sofrendo, sem que tenha acontecido nenhum problema grave que justifique um amontoado de pacientes nos dois principais hospitais do estado à espera de atendimento.Ao todo são sete profissionais e 400 quilos de equipamentos. O avião do JN no Ar decolou do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim na última segunda-feira (10), às 21h15. O avião atravessou 2,7 mil quilômetros, voou três horas e meia até Porto Velho para acompanhar a crise da saúde em Rondônia.A reportagem começa em Porto Velho no único hospital público do estado com uma emergência preparada para atender a casos mais graves como vítimas de acidentes de trânsito, pessoas com ferimentos à bala ou faca. É o Hospital Estadual João Paulo II. Às 7h, a equipe entrou para ver como está a situação.
   Logo na entrada, um susto: a sala que deveria ser a sala de espera do hospital, um lugar em que as pessoas esperam sentadas para serem atendidas pelo médico está lotada. Todas as pessoas que estão no local estão internadas, inclusive, as que estão sentadas: um rapaz está sentado tomando soro, esperando uma vaga no quarto para ser internado.Ao lado, uma situação ainda pior: um senhor deitado no chão esperando uma vaga no quarto, tomando o soro, que está pendurado na parede. Seu Arthur, de 65 anos, está sobre um lençol. Não consegue nem falar de tanta dor no peito e no abdômen.“Estou esperando ele ter uma melhora para levar ele para Minas”, conta a mulher de Artur, Cícera José dos Santos.
    O servente de pedreiro Francisco está oficialmente internado há 24 horas na cadeira. Parece cenário de guerra. O Hospital João Paulo II tem 150 leitos, todos lotados. Os pacientes não param de chegar e vão ocupando macas e colchões de ar espalhados pelos corredores.Raniete, de 28 anos, tinha acabado de sofrer um acidente de trânsito grave. "Não tem vaga. Não tem onde atender. O atendimento vai ser no chão, sempre é no chão", lamenta o enfermeiro Romes Mamede.
    O hospital recebe, em média, 200 pacientes por dia. A maioria vem de cidades do interior do estado. Mas eles chegam também do sul do Amazonas, do Acre e até da Bolívia.Seu Joaquim não conseguiu atendimento na cidade dele. Viajou 300 quilômetros para tratar um câncer na próstata. Agora está no chão, em frente à porta da UTI, sem esperança.O neurocirurgião diz que há três dias tenta levar um paciente para fazer o exame em uma clínica conveniada. O doente está entre a vida e a morte. "A situação é que nós temos pacientes graves. Na minha especialidade, minutos representam uma vida”, conta o neurocirurgião Marcos Madeira.“Claro que eu me sinto humilhado. Sou trabalhador, sou um cidadão brasileiro”, reclama um paciente enquanto aguarda o atendimento.Porto Velho tem outros hospital de grande porte e está lotado. No Hospital de Base, quase mil pessoas estão na fila de espera para operar. E das nove salas de cirurgia, cinco estão fechadas.
   Um homem, acorrentado à cama é um preso, que, segundo a direção do hospital, espera uma cirurgia há dez meses. Ele está com as duas pernas quebradas.Dona Isolina, de 100 anos, espera há um mês. "Não sei como eu faço mais, estou desesperada", lamenta a filha de Dona Isolina, Esmerinda da Graça de Jesus.
    No Hospital João Paulo II, das três salas de cirurgia, uma está fechada. No local, há mais de 300 pacientes na fila.A UTI é considerada pelos médicos como a mais tranquila do hospital. Por incrível que pareça, a UTI é a única parte do pronto-socorro que está funcionando de maneira adequada. São 14 leitos, todos ocupados. O problema é conseguir vaga no lugar.
   O governador recém-empossado, Confúcio Moura (PMDB) é médico e já foi secretário de Saúde de Rondônia. Ele decidiu decretar estado de calamidade na saúde. "Uns dão prioridade à educação, outros ao transporte, outros à questão ambiental, mas em Rondônia, a saúde não foi prioridade em quase nenhum governo", afirmou.O governador pediu ajuda ao Governo Federal. Quer um hospital de campanha com médicos e enfermeiros para fazer um mutirão de cirurgias. Enquanto a situação não melhora, os profissionais fazem o que podem. "A cada dia que viemos aqui trabalhar, morremos a cada dia um pouco, porque estamos vendo a situação e não podemos fazer nada”, diz uma enfermeira.
  Pelo menos seis representantes do Ministério da Saúde, da Defesa e da Integração Nacional são esperadas em Porto Velho para verificar toda a situação mostrada pelo JN no Ar. O governador disse que vai investir em caráter emergencial para a contratação de médicos, enfermeiros e, também, para a compra de equipamentos e medicamentos para a saúde pública em Rondônia.

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