segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Erros de recém-formados em casos médicos básicos preocupam Cremesp

O exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) de 2015, que registrou 48,13% de reprovação entre os participantes, revelou elevado nível de desconhecimento dos recém-formados em medicina em procedimentos considerados básicos.
A prova com 120 questões de múltipla escolha obteve índices de erro entre 60% e 78% em problemas como insuficiência renal crônica, hipertensão arterial e asma brônquica.
Os equívocos estão diretamente associados a falhas nas práticas de ensino e ao excesso de faculdades de medicina abertas no Estado, afirma o conselheiro corregedor Eduardo Luiz Bin, de Ribeirão Preto (SP) - cidade em que duas das três faculdades com alunos participantes na prova - USP e Unaerp - tiveram média de acertos igual ou acima de 60%.
"Isso mostra que muitas das escolas ainda não estão com uma grade curricular à altura para formar esses alunos, porque é o básico da medicina", afirma Bin.
Erros básicos
O exame aplicado entre 2.726 alunos egressos de 30 cursos de medicina do Estado consistiu de 120 questões de múltipla escolha sobre clínica médica, clínica cirúrgica, pediatria, ginecologia, obstetrícia, saúde pública, saúde mental, bioética e ciências básicas.
Nos testes, 78% dos médicos não acertaram quando questionados sobre a manifestação laboratorial para insuficiência renal crônica. Também se destacaram números dos que não souberam identificar características de esquizofrenia - 73% -, transtorno bipolar - 72% -, asma brônquica em crianças - 64% - e tratamento do infarto agudo do miocárdio - 63%.
muitas das escolas ainda não estão com uma grade curricular à altura para formar esses alunos"
Eduardo Luiz Bin,
conselheiro corregedor do Cremesp
Houve ainda índices preocupantes de equívocos para apontar o fator para redução de risco cardiovascular no tratamento da hipertensão arterial - em 61% -, identificar a conduta para o tratamento da asma brônquica em adultos  - 60% -, bem como para o diagnóstico da Doença de Graves - uma das formas mais frequentes do hipertireoidismo - e para o tratamento da cetoacidose diabética, ambos também com média de 60% de erros.
Apesar de ressaltar que os números são melhores do que nas provas anteriores do Cremesp, o conselheiro corregedor em Ribeirão aponta que os dados são preocupantes, sobretudo porque dizem respeito a procedimentos rotineiros dos profissionais.
Segundo Luiz Bin, o desempenho dos alunos nessas questões está diretamente ligado à qualidade do aprendizado nas faculdades, cada vez mais numerosas no Estado diante de um número insuficiente de professores capacitados para a didática.
"Não existe a formação do professor da universidade, porque o doutorando, o mestrando demora tempo. Para se formar um professor de faculdade de medicina vai-se aí em torno de cinco a dez anos e as faculdades estão sendo abertas quase que mensalmente", critica.
Como consequência, os estudantes acabam aprendendo com profissionais que não foram preparados para a didática, diz Bin.
"Os alunos aprendem com médicos da região onde é aberta a faculdade com um pouquinho mais de segurança, mas que não têm a capacidade didática de passar os conhecimentos deles. Isso vai ao encontro desse nível de erros que a gente está vendo aqui, porque são alunos que foram orientados por professores que não são professores na verdade."
Eduardo Luiz Bin, conselheiro do Cremesp em Ribeirão Preto (Foto: Claudio Oliveira/EPTV)Eduardo Luiz Bin, conselheiro do Cremesp em Ribeirão Preto (Foto: Claudio Oliveira/EPTV)
48% de reprovação
Quase a metade dos médicos recém-formados que prestaram o exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) foi reprovada no ano passado.
Além de servir de parâmetro para a qualidade da formação dos estudantes, a participação na prova, realizada há 11 anos, tem se tornado requisito para inscrição em programas de residência médica e em concursos para atuação em hospitais da rede pública em São Paulo.
Segundo dados divulgados na quarta-feira (17) pelo Cremesp, 48,13% dos 2.726 profissionais que se formaram - ou 1.312 - acertaram menos de 60% das questões da prova, índice considerado mínimo para aprovação pela entidade.
O número de reprovações foi mais acentuado entre egressos de universidades particulares - 58% - e foi constatado também entre 26,4% dos formados em instituições públicas.
O índice geral de reprovação é inferior em relação a exames anteriores, como o de 2015, em 55%.
Fonte : G1

Cirugião-dentista de Arapiraca é condenado por erro médico

Um cirurgião-dentista de Arapiraca foi condenado pela Justiça a pagar indenização de R$ 10 mil por danos morais à esposa e às seis filhas de José Izidoro, morto por conta de um erro médico em 2007. A decisão é do juiz Maurício César Brêda Filho, da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas.
A decisão foi divulgada pelo TJ nesta sexta-feira (19). A esposa da vítima também deverá receber pensão, no valor de meio salário mínimo, relativo aos meses de junho de 2007 a junho de 2010. A maneira como o pagamento deve ser feito será definida posteriormente pela 2ª Vara Cível e Residual de Arapiraca, que é responsável pela execução do processo.
Segundo os autos do processo, no dia 8 de abril de 2007, José Izidoro sofreu um corte grave no rosto após ser atingido por um prato jogado por um de seus filhos, durante desentendimento entre os dois.
Ele foi levado para a Unidade de Emergência do Agreste, onde foi atendido pelo cirurgião-dentista. O corte foi suturado e Izidoro recebeu alta. Alguns dias depois, ele deu nova entrada na unidade de saúde, com suspeita de tétano. Após ter sido encaminhado a outro hopital, a suspeita foi confirmada. O homem acabou falecendo por conta da doença.
As filhas de Izidoro acusaram o cirurgião-dentista de negligência e omissão. Ele, por sua vez, alegou não ter sido o responsável pelo incidente, e que seguiu todos os procedimentos no atendimento ao paciente.
“Ao que consta nos autos, especialmente pelo depoimento de testemunhas, pelo relatório médico, o apelado, apesar de ter suturado o ferimento da vítima, lhe medicado e lhe dado alta hospitalar, foi negligente quanto ao fato de não averiguar acerca da vacinação contra o tétano”, afirma o magistrado em sua decisão.
Fonte : G1