quinta-feira, 11 de julho de 2013

Médico do transplante da morte é condenado por furar fila de doação de órgão Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/medico-do-transplante-da-morte-condenado-por-furar-fila-de-doacao-de-orgao-8992783.html#ixzz2Ykz6Fjk6

O cirurgião que implantou o fígado contaminado por uma superbactéria numa mulher, no dia 10 de junho, no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, foi condenado ontem por ter furado a fila de transplantes, em 2007. A sentença proferida pela juíza da 12 Vara Federal do Rio de Janeiro, Edna Carvalho Kleemann, afirma que os médicos Eduardo de Souza Martins Fernandes, chefe do transplante hepático do Silvestre, e Joaquim Ribeiro Filho, seu colega de equipe, fraudaram a ordem dos transplantes. Na época, os dois operavam no Hospital do Fundão (UFRJ). De acordo com a sentença, a punição por improbidade administrativa é uma multa de R$ 100 mil para cada réu e a proibição de exercerem cargo ou emprego público, receberem benefícios e créditos públicos, direta ou indiretamente, pelo prazo de cinco anos. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, os dois médicos mantêm vínculo ativo com o Hospital do Fundão. No Silvestre, os médicos recebem verba do SUS por transplante realizado. O Ministério da Saúde informou que, como cabe recurso à sentença, vai aguardar o desfecho do processo para se manifestar quanto ao descredenciamento dos médicos no Sistema Nacional de Transplantes. O Hospital do Fundão informou que cumprirá o que exigir a lei. O processo foi movido pelo Ministério Público Federal (MPF) e teve origem com a Operação Fura Fila, da Polícia Federal, deflagrada em 2007. Na época, Joaquim Ribeiro Filho era chefe da equipe de transplante de fígado do Fundão. Na sua equipe, estava Eduardo Fernandes. Hoje, é Fernandes que chefia a equipe do Hospital Silvestre, tendo Ribeiro como assistente. Os dois teriam agido em conluio, "falseando" as verdadeiras condições de saúde do paciente que recebeu o fígado, captado em Minas Gerais por Fernandes. E ainda informou que o receptor seria outra pessoa. A advogada dos médicos, Rafaella Marcolini, afirma que vai recorrer, já que existem inconsistências na sentença. Joaquim Ribeiro Filho (de barba) é escoltado pela polícia após ser preso pela operação Fura Fila Joaquim Ribeiro Filho (de barba) é escoltado pela polícia após ser preso pela operação Fura Fila Foto: Domingos Peixoto Réus cobraram R$ 99 mil por cirurgia Eduardo Fernandes passou a trabalhar ao lado de Joaquim Ribeiro Filho, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho — o Hospital do Fundão, no dia 14 de julho de 2006. Segundo a sentença da juíza Edna Carvalho Kleemann, em maio de 2007, um paciente foi atendido por Joaquim. O médico informou que, por possuir um tumor maior de 5 centímetros no fígado, ele não poderia figurar na lista única nacional de transplante hepático. O paciente também era portador do vírus da hepatite C. Mesmo assim, o paciente foi inscrito por Joaquim como sendo oriundo do Hospital do Fundão, sendo omitida a existência do tumor. Em julho de 2007, o paciente em questão recebeu um fígado que, segundo consta na Central Nacional de Brasília, foi negociado por Ribeiro para ser implantado em outra pessoa, paciente do Fundão. O órgão seguiu, no entanto, para a Clínica São Vicente, na Gávea. Segundo a sentença, Eduardo foi responsável por captar o órgão em Minas Gerais. Os dois médicos receberam, de acordo com a juíza, R$ 99 mil pelo procedimento. A fachada do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão A fachada do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão Foto: Márcia Foletto Ministério Público apura nova denúncia O cirurgião Eduardo Fernandes e sua equipe do Hospital Silvestre também são investigados pelo MPF por uma denúncia, feita na última segunda-feira. Após ouvir o depoimento da filha da mulher que recebeu um fígado contaminado por uma bactéria, o procurador Sérgio Suiama vai apurar a informação de que os cirurgiões tinham conhecimento da infecção bacteriana na doadora e sabiam dos riscos. A assessoria de imprensa do Hospital Silvestre disse que Fernandes não vai se manifestar sobre o assunto. Cirurgiões respondem a outra ação Eduardo Fernandes e Joaquim Ribeiro Filho respondem ainda a outro processo. De acordo com a juíza Edna Kleemann, os médicos captaram, em 5 de agosto de 2007, um fígado doado por um homem no Hospital Copa D’Or, "iniciando uma nova preterição da lista única nacional", tendo destinado o órgão a um paciente do qual receberam, "a título de honorários médicos, R$ 80 mil". A ação está em curso na 3 Vara Federal Criminal. Agora, Fernandes está envolvido em outro transplante polêmico. Pertence à sua equipe o cirurgião que captou os órgãos de uma mulher morta no dia 10 de junho, no Souza Aguiar, e que assina o chamado Inventário de Cavidade. O documento, que descreve a cirurgia para retirada dos órgãos, cita a existência de "líquido livre na cavidade de aspecto sero purulento". A existência de pus no abdômen da doadora, segundo médicos, seria um sinal de infecção bacteriana. Hospital nega infecção A Secretaria municipal de Saúde afirma que os médicos da UTI do Souza Aguiar, onde a doadora ficou internada por nove dias, não haviam isolado nenhuma bactéria na doadora. A secretaria apresentou exames que, segundo médicos consultados, são resumidos e não conclusivos. Especialistas afirmam que a aparência do órgão e a existência de pus na cavidade abdominal são aspectos que não podem ser desprezados no momento da captação. Apesar de ter conhecimento das circunstâncias em que o fígado foi captado, a equipe do Silvestre decidiu fazer o transplante na paciente, que tinha hepatite C e um tumor no fígado, mas estava em boas condições de saúde. Ignorando a legislação, Fernandes não teria informado à família da receptora os riscos envolvidos. Fim de vínculo em 2010 O Hospital do Fundão informou por meio de nota, nesta quinta-feira, que "o médico Eduardo Fernandes, apesar das informações do Cadastro nacional de Estabelecimentos de Saude (Cnes), não tem vínculo ativo com a unidade desde 2010, quando foi dispensado por "inobservância às rotinas do Serviço de Cirurgia". Quanto a Joaquim Ribeiro Filho, a direção do Fundão afirma que ele não participa dos Serviços de Cirurgia e Transplante do hospital desde 2010, estando suas atividades à cargo da Faculdade de Medicina da UFRJ. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/medico-do-transplante-da-morte-condenado-por-furar-fila-de-doacao-de-orgao-8992783.html#ixzz2YkzCZ8Jm Fonte :Jornal extra

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Ministério Público vai investigar se cirurgião que realizou transplante não relatou à família os riscos de infecção Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-publico-vai-investigar-se-cirurgiao-que-realizou-transplante-nao-relatou-familia-os-riscos-de-infeccao-8980199.html#ixzz2Ydn8X2LX

O Ministério Público Federal abriu inquérito ontem para apurar as três mortes ocorridas após transplantes, entre os dias 18 e 19 de junho, com órgãos de uma doadora que tinha uma superbactéria. Após ouvir o depoimento da filha da mulher que recebeu um fígado no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, o procurador Sérgio Suiama investiga a informação de que os cirurgiões que transplantaram o órgão tinham conhecimento da infecção bacteriana na doadora e sabiam dos riscos. Apesar de implantarem um órgão considerado limítrofe, eles não seguiram a legislação que os obriga a comunicar o fato ao receptor. - A portaria 2.600 do Ministério da Saúde diz que, nos casos de órgãos limítrofes, o receptor tem que assinar o consentimento esclarecido. Se há confirmação de infecção bacteriana no doador, o órgão é limítrofe - explica o médico Valter Duro Garcia, presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). O cirurgião que captou os órgãos da paciente que morreu, dia 10, no Souza Aguiar, relatou no chamado Inventário de Cavidade que havia “líquido livre na cavidade de aspecto sero purulento”, o que indica a existência de infecção por bactéria. Além disso, a paciente havia passado por procedimentos invasivos nos nove dias em que ficou na UTI, o que aumenta ainda mais as chances de estar infectada por uma bactéria resistente, muito comum em unidades intensivas. Essas informações, afirmam as equipes dos hospitais do Fundão e do Federal de Bonsucesso - onde foram realizados os transplantes de rim -, não foram repassadas a eles pelo Programa Estadual de Transplantes (PET). O Souza Aguiar nega que ela estivesse com infecção. - Acredito que, após esse caso no Rio, a cautela será maior. O número de transplantes deve cair, e a segurança, aumentar. Todo transplante envolve riscos, mas tem que haver limites. Precisamos criar esses limites - diz Garcia. Foto: Editoria de Arte Uma loteria polêmica O uso dos chamados doadores limítrofes - quando o doador é idoso ou há alguma infecção em tratamento - é cada vez maior no Brasil, de acordo com especialistas. - Após 48, 72 horas de internação numa emergência ou UTI, é muito provável que o paciente já esteja colonizado por uma bactéria. A contaminação acontece porque são pacientes graves, em geral, entubados, com sondas. Captar ou não, vai depender da avaliação caso a caso - diz Maria Cristina Ribeiro de Castro, ex-presidente da ABTO e nefrologista do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ela, quando há uma infecção, e a bactéria ainda não foi identificada, o cirurgião precisa observar o aspecto do órgão e se há pus ou abscessos. A decisão é do médico. - O risco de transmissão da bactéria é baixo, mas existe. É uma loteria que acontece com uma certa frequência. Se não for assim, quase não teríamos doadores cadáveres no Brasil - diz Maria Cristina. Para Garcia, o uso de órgãos limítrofes, é um mal necessário. Foto: Editoria de Arte ‘Protocolo é não aceitar infecção não tratada’ Entrevista com José Rocco Suassuna, chefe da Nefrologia do Hospital Pedro Ernesto É rotina transplantar órgãos de pacientes com infecção? Não conheço o caso e falo em tese. O que normalmente acontece é a gente receber órgãos de pacientes com infecção controlada. Em caso de infecção descontrolada, a conduta da nossa equipe é não aceitar o órgão. O que é infecção controlada? Quando (o doador) está no terceiro dia de antibiótico e dá sinais, por exames laboratoriais, de melhora. O usual é aceitar órgãos de pacientes com infecção controlada. Administram-se antibióticos no receptor. Isso chega a quase 80% dos casos. No caso de infecção descoberta pela presença de pus ao abrir o abdômen, os órgãos seriam aceitáveis? O nosso protocolo é não aceitar se a infecção não é tratada e não há sinais de melhora. Recebendo a informação de que havia infecção no peritônio, eu não aceitaria. A família deve ser informada? Sempre que há uma infecção descontrolada, a família tem que ser informada, por lei. Há uma mortalidade associada à toda cirurgia. Mas tem que envolver riscos administráveis e somos obrigados a dar nossa opinião. A família tem o direito de recusar. É comum a dúvida? O tempo de decisão é limitado. Já abortamos um transplante quando vimos secreção pulmonar que não era coberta (por antibiótico). Mas se a gente aumenta muito a certeza, ninguém vai ser transplantado. Nos ressentimos (das notícias negativas) porque demorou para conseguirmos um sistema que funciona e é justo. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-publico-vai-investigar-se-cirurgiao-que-realizou-transplante-nao-relatou-familia-os-riscos-de-infeccao-8980199.html#ixzz2YdnW84d4 Fonte: Jornal extra on-line

terça-feira, 9 de julho de 2013

Ministério da Saúde investiga mortes pela mesma superbactéria após transplantes no Rio Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-da-saude-investiga-mortes-pela-mesma-superbacteria-apos-transplantes-no-rio-8966709.html#ixzz2YY93IM15

O Ministério da Saúde enviou ao Rio equipes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e do Sistema Nacional de Transplantes para acompanhar as investigações dos transplantes feitos em três pacientes que morreram infectados pela mesma superbactéria, que estaria nos órgãos doados. O resultado da averiguação, entretanto, não vai atenuar o sofrimento da família da professora Márcia Regina Vieira Santos, de 48 anos, uma das vítimas. - Os médicos tinham que ter testado e retestado se tinha algum problema com o rim. Mas agora vamos fazer o quê? - questiona o viúvo, Fernando César Santos de Moraes, de 44 anos. Fernando Cezar Santos de Moraes, marido de Márcia, lamenta a perda da mulher Foto: Fabiano Rocha / EXTRA Márcia foi diagnosticada doente renal crônica aos 20 anos. Em crise aguda, teve que retirar um dos órgãos. Passou a fazer acompanhamento médico e, há cinco anos, inchada e com fortes dores, teve problemas no outro rim. Desde então, vinha fazendo hemodiálise, por quatro horas, três vezes na semana. Não largou o cargo de dirigente de turma na Escola Municipal Alice Couto, mas perdeu antigos prazeres. - Pouco antes de falecer, ela me ligou comemorando: ‘Mãe, agora eu posso tomar água de coco de novo’ - emociona-se Ayza Vieira Santos, de 75 anos, que perdeu a filha única. Márcia de Moraes recebeu o rim da doadora do Souza Aguiar no dia 10 de junho e morreu no dia 19 de junho Foto: / Reprodução Assim como Márcia, a família sonhava com a chegada dela ao início da fila de transplante. Também se cadastrou no sistema de receptores de São Paulo para aumentar as chances. Até que, às 8h do último dia 10, ela recebeu uma ligação do Hospital do Fundão avisando que chegara sua vez. Infecção estaria controlada Às 16h30m do mesmo dia, a paciente entrou no centro cirúrgico e, sete horas depois, a operação era considerada um sucesso. Por oito dias, Márcia mostrou-se otimista com a possibilidade de retomar a vida normal. Segundo o viúvo, um médico contou que havia uma infecção, mas estaria controlada. Na véspera da alta, porém, ela morreu. No atestado de óbito, a causa é desconhecida. Mas, no líquido em que o rim foi transportado até a paciente, foi encontrada a superbactéria Klebsiella pneumoniae (KPC), resistente a quase todos os antibióticos. O Fundão, em nota, afirmou que não recebeu informações que pudessem alertar para a contaminação. - A ficha não caiu - diz a filha de Márcia, Isabele Santos de Moraes, de 16 anos. Maria José perdeu o marido, Josinaldo, transplantado no Hospital Federal de Bonsucesso Foto: Fábio Guimarães / EXTRA Estado diz que enviou documento aos hospitais O coordenador do Programa Estadual de Transplantes (PET), responsável pela captação de órgãos, Rodrigo Sarlo, afirmou ontem que, ao contrário do que alegam os hospitais Federal de Bonsucesso, do Fundão e Adventista Silvestre - onde os três procedimentos aconteceram -, as unidades transplantadoras receberam o chamado relatório de cavidade dos órgãos doados pela paciente do Souza Aguiar. O documento citava a existência de “líquido livre na cavidade de aspecto sero purulento”. A presença de pus indicaria infecção por bactéria. O médico que assina o laudo também atua na equipe de transplante hepático do Hospital Silvestre, no Cosme Velho, onde uma mulher de 60 anos morreu no dia 19, nove dias após o procedimento. O Silvestre respondeu que o fígado foi encaminhado juntamente com “os exames sorológicos e funcionais, nos quais foi aprovado em perfeitas condições”. O Ministério da Saúde afirmou que a equipe de transplante do Hospital de Bonsucesso, onde o ajudante de caminhão Josinaldo Severino da Silva, de 51 anos, recebeu um dos rins doados no dia 12 de junho, morrendo sete dias depois, não teve acesso ao documento que apontava a presença de pus na doadora. Josinaldo Severino da Silva recebeu um rim da doadora do Souza Aguiar no dia 12 de junho e morreu sete dias depois, com infecção generalizada Foto: / Álbum de família A Secretaria municipal de Saúde (SMS) informou que a doadora ficou internada na UTI do Souza Aguiar de 2 a 10 de junho, devido a um acidente de trânsito. Nas UTIs de grandes hospitais, como é o caso do Souza Aguiar, não é raro haver contaminação por superbactérias. Ao afirmar que a paciente não tinha a bactéria KPC, a secretaria apresenta exames que, segundo médicos consultados, são resumidos e não conclusivos. O exame para rastrear a superbactéria VRE (enterococo resistente à vancomicina) na doadora foi coletado uma semana antes da captação de órgãos. A SMS não apresentou testes para detecção da superbactéria KPC. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/ministerio-da-saude-investiga-mortes-pela-mesma-superbacteria-apos-transplantes-no-rio-8966709.html#ixzz2YY9O2nPu Fonte: jornal extra

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Convocação para irmos a Brasília

Brasil desiste de vinda de 6.000 médicos cubanos

O Brasil paralisou as negociações com Cuba para a vinda de 6.000 médicos cubanos ao país e deve lançar nesta semana programa para atrair profissionais estrangeiros tratando Espanha e Portugal como países "prioritários". Nem o Ministério da Saúde nem o Itamaraty, que havia anunciado a tratativa em maio e agora diz que ela está congelada, explicam as razões da mudança de planos. Alvo' do Brasil, Portugal buscou médicos em Cuba Editoria de arte/Folhapress Também não dizem o porquê do tratamento "não prioritário" a Cuba, já que a ilha preenche os principais requisitos do programa: médicos por habitante bem acima do recomendado pela OMS e língua próxima do português. "Trata-se de uma cooperação que tem grande potencial e à qual atribuímos valor estratégico", disse o chanceler Antonio Patriota, em maio, ao mencionar a negociação. Já o Ministério da Saúde informa que escolheu atrair médicos como "pessoa física", e não considerar a oferta do contingente feita pelo governo cubano, nos moldes que a ilha faz na Venezuela. Desta maneira, o ministério evita abrir mais um flanco de críticas na implementação de um programa que já provoca outras resistências. Nos bastidores, repete-se que a negociação com Cuba foi aventada por Patriota, e não pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Há motivos para o recuo. Além da sensibilidade que envolve o regime comunista de Cuba -aliado do governo e do PT e alvo dos conservadores-, o motivo principal é que as missões cubanas são aclamadas pelo trabalho humanitário, como no Haiti, mas não escapam de críticas de ativistas de direitos humanos e trabalhistas na versão remunerada. VENEZUELA No modelo usado na Venezuela, Cuba funciona como uma empresa terceirizada que fornece profissionais. O governo contratante paga a Havana pelos serviços e os médicos recebem só uma parte. Apesar disso, o programa é considerado atrativo para os profissionais, que ganham cerca de US$ 40 na ilha e, com ele, têm acesso a benefícios. O formato também é criticado por ex-participantes, que acusam o governo comunista de submetê-los a um duro regulamento disciplinar e impor regras de pagamento como poupança compulsória para evitar "deserção". A regra disciplinar na Venezuela, vigente em 2010, incluía pedir autorização para pernoitar fora do alojamento, proibição de dirigir e a obrigação de informar sobre namoros. Falar com a imprensa também estava vetado. "Não vislumbro essa solução feita na Venezuela no Brasil. Ele não é compatível com as leis trabalhistas brasileiras e a Constituição brasileira", diz o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira. REVÉS PARA HAVANA A desistência do Brasil é um revés para Havana, que tem dito que o envio dos médicos ao exterior é sua maior fonte de divisas e deseja ampliá-lo. O que vai aos caixas estatais por serviços médicos -cerca de US$ 6 bilhões anuais segundo estimativas- é maior do que o arrecadado com turismo ou exportação de níquel. O Ministério da Saúde diz que não há restrições se médicos cubanos quiserem se inscrever individualmente no programa. Brasileiros com formação no exterior entrarão na categoria "estrangeiros". Ou seja, brasileiros formados em Cuba, em tese, podem participar. A pasta, no entanto, não prevê fazer campanha para divulgar o programa na ilha, ao contrário do que estuda fazer em Espanha e Portugal. Fonte:Folha de São Paulo