sábado, 19 de maio de 2012

Jovem de 18 anos do RS passa por transplante de córnea no olho errado

O que era para ser o começo de uma nova vida para a estudante de direito Jessica Vinhola, de 18 anos, virou um tormento. A jovem sofre desde pequena de uma doença que atinge as duas córneas. Há dois anos, submeteu-se a uma cirurgia a laser e passou a ter 80% da visão do olho direito. Para resolver o problema no olho esquerdo, o transplante era a única saída. Depois de um ano de espera na fila, a operação foi realizada na quinta-feira (17), no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Quando acordou, veio a decepção: a cirurgia foi feita no olho errado.
"Eu fiquei com muita raiva, fiquei muito nervosa quando percebi. Quando falaram que estava certo, pensei: será que eu é que estou errando os lados?" Contatado pela reportagem, o Hospital de Clínicas se manifestou por meio de nota e admitiu que houve uma falha no procedimento. O HCPA salienta que realiza esse tipo de transplante desde 1988, com mais de 3 mil cirurgias desde então. "Apesar do processo de marcação ter sido inicialmente realizado no olho correto, o transplante ocorreu no olho não programado, provavelmente devido a um deslocamento do dispositivo de marcação", diz a nota.
Além de estudar direito, Jessica trabalha como auxiliar administrativa na Uniritter. O maior temor da jovem é perder toda a visão. Hoje a menina e a mãe voltaram ao hospital para se reunir com a equipe médica e receberam a garantia de que será feito um novo transplante. "Me disseram que a gente escolheria a data. Como assim? Se tem uma fila de transplante, uma fila de córneas, por que não fizeram antes nela? E os outros que estão na fila, vão ser passados pra trás?", desabafa a dona de casa Simone Vinhola, mãe de Jessica.
O hospital abriu investigação para apurar as causas da falha e se comprometeu a buscar as soluções para que seja realizado o transplante no olho correto.

Veja a reportagem na íntegra no link abaixo
http://glo.bo/L5AwXQ

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Jornalismo Verdade – Sáude Pública

Fique por dentro e veja todos os detalhes da nova série de reportagens especiais
O sofrimento de quem depende da saúde pública será abordado na nova série de reportagens do Jornal da Record.
Não perca Jornalismo Verdade - Sáude Pública, a partir de segunda-feira (14)!
Assista ao

Veja a reportagem na íntegra no link abaixo:

http://noticias.r7.com/jornal-da-record/serie/jornalismo-verdade-saude-publica/

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bebê tem a cabeça arrancada durante parto em maternidade de Aracaju


Um bebê teve a cabeça arrancada durante o parto realizado na madrugada de terça-feira (15), no Hospital e Maternidade Santa Isabel, na Zona Norte de Aracaju (SE). A mãe de 22 anos havia sido internada no final da noite de segunda-feira (14), após sentir fortes dores em casa e perceber que a bolsa havia estourado. A jovem já era mãe de outras três crianças. Segundo a família, uma ambulância do Serviço Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada e encaminhou a gestante à maternidade. Após horas em trabalho de parto e recebendo o auxílio de cinco médicos, que se revezavam no procedimento, a gestante sentiu que algo estava errado ao ouvir um grande estalo e em seguida um médico repreendendo outro. “Ela passou por um grande sofrimento, foram horas e horas de muitas dores e desconforto e todos os médicos fazendo força na barriga dela para que a criança nascesse. Mas, em determinado momento, ela ouviu um barulho e um dos médicos disse ‘Marcos você é louco?’”, relatou Gilmara Azevedo dos Santos, prima da gestante. Ainda segundo Gilmara, sua prima perguntou aos médicos o que estava acontecendo e não obteve resposta. A paciente foi levada para o centro cirúrgico onde foi realizada uma cesariana, que segundo a gestante, serviu para a retirada do corpo do menino, já que a cabeça teria sido arrancada durante o trabalho de parto. “Minha prima está totalmente abalada, nossa família então está inconformada com esta situação. Ela está toda dolorida e teve as partes íntimas cortadas para a retirada do bebê, no entanto, após não obterem sucesso decidiram abrir a barriga dela e assim retirar o corpo da criança que estava morta”, afirmou Gilmara. Ainda segundo a prima da paciente, nenhum problema foi registrado durante a gestação e a jovem realizou o pré-natal. “Estava tudo bem até a chegada dela na maternidade. Ela nos contou que assim que chegou foi submetida a uma avaliação, onde foi constatado que o coração da criança estava batendo. O que comprova que o bebê estava vivo e não morto como os médicos estão dizendo agora”, disse. A gestante teve alta médica nesta quarta-feira (16) e segundo Gilmara, nenhuma assistência foi prestada pelo hospital, já que a jovem está com muitas dores e não recebeu nenhum tipo de medicação. “Não nos deram nenhum suporte e nem um medicamento para que ela tomasse no pós-operatório. Além disso, não nos informaram o que de fato ocorreu. Queremos justiça e iremos procurar o Ministério Público Estadual, pois minha prima foi vítima de negligência médica”, afirmou. Diretor clínico, João Maria, revela que feto estava sem batimentos cardíacos (Foto: Flávio Antunes/G1 SE) O corpo do bebê permanece no necrotério do hospital. A família espera que a liberação ocorra ainda nesta quinta-feira (17) para que o sepultamento seja realizado. Vizinhos e amigos da família estão prestando auxílio à gestante, através de mantimentos e medicamentos. Um deles fez, inclusive, a doação do caixão para o sepultamento da criança. De acordo com João Maria, o diretor clínico do hospital, a paciente apresentava 9 cm de dilatação e o feto não tinha batimentos cardíacos, ou seja, já estava morto. “Ao entrar em trabalho de parto, percebemos que havia um problema no ombro do bebê. Apesar da cabeça ter passado pela vagina da mãe, o corpo da criança ficou impedido de sair por causa da bacia da mãe. Tentamos vários procedimentos cirúrgicos, mas a única solução encontrada foi a ‘degola cirúrgica’, ou seja, tivemos que remover a cabeça do bebê”, relatou o diretor. Uma entrevista coletiva será realizada no hospital às 15h desta quinta-feira (17), com o diretor clínico João Maria e a diretora clínica Débora Leite. Ainda de acordo com o diretor, uma comissão formada por obstetras, neonatologistas e intensivistas da Unidade de Terapia Intensiva da maternidade irá investigar a causa da morte do bebê.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

2º Programa Basta com Erros Médicos -MOBEM (parte 2)

1º Programa Basta com Erros Médicos -MOBEM(1ª parte)

Médicos prometem greve se não houver reajuste de honorários pelos planos de saúde

/05/2012 20:25

 

O movimento dos médicos pelo reajuste dos honorários repassados pelas operadoras dos planos de saúde está longe de acabar. Segundo o secretário de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Costa Bichara, novas paralisações não estão descartadas porque não houve avanços nas negociações.
Bichara participou, nesta terça-feira, de audiência da Comissão de Trabalho, que debateu a relação entre os profissionais e as operadoras. De acordo com ele, essas empresas registraram mais de 100% de lucro nos últimos 10 anos, mas os honorários médicos não acompanharam este aumento. Márcio Bichara afirma que o valor médio da consulta atualmente é de R$ 45,00, enquanto o correto seria cerca de R$ 80,00.
O secretário da Fenam avalia que a relação com operadoras é conflituosa porque elas atuam como atravessadores. "Eles têm que abrir mão um pouco do lucro exorbitante que eles estão tendo, não é pequeno o lucro e à custa do honorário médico. A população está sendo penalizada com esta postura das operadoras de planos de saúde, já que o usuário paga a mensalidade todo mês.”
Segundo Bichara, “a assistência está muito a desejar”. Ele diz que o atendimento médico nos hospitais das capitais é precário. “Hoje, a média de atendimento na pediatria de urgência é de seis horas. isso está quase equilibrando com o atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS)."
Planos rebatem médicosJá o diretor executivo da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), José Cechin, sustentou que uma ou outra empresa bem gerida pode ter apresentado um bom lucro, mas o setor como um todo apresenta apenas 0,3% de resultado.
De acordo com Cechin, as operadoras filiadas à Fenasaúde reajustaram os repasses de honorários médicos em mais de 70%, entre 2005 e 2011. Ele ressaltou ainda que reajustar os repasses representa aumento de custos, o que implica em prejuízo aos usuários.
"Só há um pagador nessa história toda. Os R$ 80 bilhões que o setor recolheu no ano que passou saíram do bolso de cada um dos 63 milhões de brasileiros que pagam seus planos de saúde. Não tem outra fonte”, ressalta Cechin. “Reequacionar significa redistribuir de um para outro. Você tira de quem para dar para quem? Se não houver essa redistribuição, onde cai o ônus? Nós teremos coragem de pedir a esses consumidores que aumentem bastante suas mensalidades?"
ANS sugere saída
De outro lado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta um caminho. Segundo o diretor André Longo Araújo de Melo, a ANS detectou o descumprimento de cláusulas contratuais de reajuste. "Além das multas que são aplicadas às operadoras que não estão cumprindo os contratos, a ANS também está publicando, nos próximos dias, uma instrução normativa para tentar deixar mais claros as formas de reajuste”, informa André Longo. “Ou seja, além da livre negociação entre as partes, que se possa colocar nessa negociação algum índice, caso não haja acordo entre as duas partes, e também deixará mais clara a periodicidade desse reajuste."
No entanto, para os médicos, a solução da questão depende mesmo é da aprovação do projeto (PL 6964/10) do Senado, atualmente em análise na Comissão de Seguridade da Câmara. A proposta prevê regras claras para o contrato de relação de trabalho com as operadoras, além de um índice de reajuste anual e critérios de credenciamento.
O presidente da Comissão de Seguridade, deputado Mandetta (DEM-MS), que também participou da audiência, prometeu incluir o projeto na pauta de votações.
Usuário prejudicado
O deputado Augusto Coutinho (DEM-PE), autor do requerimento para a audiência, disse que a falta de um consenso prejudica quem paga o plano de saúde. "Eu sei porque pesa para mim e para todos os brasileiros. É lamentável porque o governo não dá atendimento público condizente, não regula os planos para que sejam justos com quem paga e não obriga as operadoras a cumprir seu papel."
De acordo com o deputado, a Câmara precisa responder, dando agilidade à tramitação de alguns projetos que estão pendentes. "Precisamos apresentar uma legislação e cobrar, efetivamente, dos planos de saúde o retorno que devem dar."
Reportagem – Idhelene Macedo/Rádio Câmara
Edição – Newton Araújo

A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara de Notícias

terça-feira, 15 de maio de 2012

CRIANÇA MORRE NA BARRIGA DA MÃE 15-05-2012

Mulheres acusam médica de erro médico


Essa medica me mandou para um hospital que nao tem uti neonatal sabendo q meu caso era grave e pior ainda o do meu filho
eu tive um descolamento de placenta
meu filho ficou 8 00 hs esperando transferencia para outro hospital
sem respirar d...ireito nem uma agulha de bebe tinha nesse hospital
depois que ela fez o parto simplismente foi embora deixando eu e meu filho
em estado gravissimo e ainda eu vim descobrir no outro dia que ela tinha ligado minhas trompas sem me dar opçao a um tratamento ja que ela falou que meu utero havia sofrido danos.


Veja a reportagem na íntegra no link abaixo:

http://www.facebook.com/photo.php?v=441620679186085

"Hospital é um lugar onde se morre gente"

Causou revolta entre os integrantes da audiência pública na Câmara dos Deputados nesta terça a frieza com que o representante da entidades hospitalares, Emanuel Araújo, tratou as mortes em hospitais privados provocadas por erros médicos ou de procedimentos das instituições de saúde. "As pessoas precisam entender que hospital é um lugar onde morre gente" - disse Araújo.

"Ele deveria completar: e onde se mata gente!" - declara o ex-deputado e presidente da Embratur Flávio Dino, que perdeu um filho de 13 anos em fevereiro, internado de emergência no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, em circunstâncias que levam a suspeitar de erro médico. Na audiência pública, a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ) pediu a interdição do Santa Lúcia.

Nesta quinta-feira, Flávio Dino tem reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Britto, para apresentar proposta de criação de varas e juizados especializados em causas referentes a questões de saúde, inclusive negligencia médica. "São milhares de casos que caem na vala comum e terminam em impunidade" - diz Dino.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

“Temos que eliminar a indústria da morte”,

Já é senso comum a ideia de que a precariedade do sistema público de saúde no Brasil é um dos maiores gargalos do desenvolvimento do País. Filas, falta de médicos e mau atendimento são problemas rotineiros para quem precisa utilizar o SUS (Sistema Único de Saúde).

Em Brasília, a má reputação também se aplica ao sistema privado de saúde, que frequentemente é alvo de críticas e de desconfiança dos pacientes que, quando podem, preferem se tratar em outras cidades. Não por acaso, deputados, senadores e titulares de cargos executivos na capital federal viajam para São Paulo para fazer tratamentos de saúde e até check ups médicos.
Para quem não pode sair de Brasília, os problemas na rede particular são recorrentes. Na quinta-feira (10), um filho denunciou que a mãe morreu após omissão de socorro por parte de um hospital particular de Brasília. Ele alegou que a unidade de saúde só atendeu a paciente após a apresentação de cheque-caução.

Polícia investiga morte por omissão de socorro
Leia mais notícias no R7
Em fevereiro deste ano, um caso de suposto erro médico chamou atenção do Distrito Federal: Marcelo Dino, de 14 anos, morreu no hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, após ter sido internado no dia anterior devido a uma crise de asma.
Desde então, o pai do garoto, o presidente da Embratur, Flávio Dino, luta para esclarecer as circunstâncias da morte do filho e ao mesmo tempo usar o episódio como forma de chamar atenção para a necessidade de maior controle externo do padrão de qualidade dos hospitais e clínicas do Brasil.

Nesse contexto, Dino oficializou um pedido ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para a criação de varas especializadas em saúde, como hoje já existe o juizado da criança e do adolescente, bem como as varas especializadas da justiça agrária e do meio ambiente.

Em entrevista ao R7, o presidente da Embratur fala sobre a dor da perda do filho, o “caos” da saúde em Brasília e a necessária mudança de gestão das instituições hospitalares para elevar a qualidade do atendimento.


R7- O brasileiro conhece as deficiências do sistema público de saúde e, por isso, as pessoas têm que recorrer ao sistema privado. E mesmo aqueles que fazem um esforço para pagar um plano de saúde muitas vezes ficam desassitidas. Qual avaliação que o senhor faz desse sistema de saúde privado? Há quanto tempo o senhor tem plano de saúde?
Flávio Dino - Eu tenho plano de saúde desde que entrei na Justiça Federal, em 1994, sempre vinculado ao meu trabalho. E sempre tinha esta avaliação: o SUS é uma grande conquista do Brasil, é uma referência mundial na sua arquitetura. Foi uma grande ideia essa universalização do acesso gratuito, mas é preciso sempre fazer mais, em razão do caos que você descreveu. Todos os dias nós assistimos a filas intermináveis, exames que não são feitos, profissionais de saúde que não cumprem os seus horários, falta de remédios, erros de procedimento. E isso alimentou a ideia de que existe um sistema privado capaz de servir, inclusive, de referência de eficiência. A novidade é que essa suposta referência de qualidade que o sistema privado representaria foi progressivamente se deteriorando. Houve a ampliação do acesso, inclusive pela afirmação da nova classe C, e mais pessoas puderam comprar plano de saúde. Isso é algo positivo, porém fez com que as carências do sistema privado ficassem mais evidentes. Então hoje nós temos quase uma equiparação do sistema público com o privado em ambos os sentidos. Nos dois nós temos instituições de excelência, de referência mundial, que inclusive são orgulho para o povo brasileiro, nós temos profissionais de alta qualidade. E tanto no sistema público, quanto no privado, nós temos instituições que não cumprem seus deveres básicos de garantir que danos não sejam produzidos nos pacientes e que no caso de mortes evitáveis, elas não ocorram.

R7- Como o senhor foi afetado por este problema?
Flávio Dino - O meu filho morreu no dia 14 de fevereiro por uma moléstia absolutamente curável. Ele ficou 20 horas dentro do hospital Santa Lúcia [considerado um dos melhores particulares de Brasília], não recebeu o tratamento devido, nem no momento da internação, tampouco no momento da emergência e, por isso, morreu. Todas as estatísticas mostram que as mortes por asma no Brasil são inferiores a 1%. Então o Santa Lúcia conseguiu, em um caso absolutamente evitável, fazer com que meu filho entrasse, na ótica deles, nessa estatística.
R7- O senhor tem falado em 'indústria da morte', por quê?
Dino -Na minha ótica, meu filho não é estatística e por isso a minha afirmação o tempo todo de valores diferentes dos puramente mercantilistas e desumanos, e da busca da verdade do que aconteceu com o meu filho, porque ele merece isso, é uma atitude de amor a ele. Ao mesmo tempo é uma atitude preventiva de respeito à sociedade de Brasília, que assiste a coisas como caso do filho do cantor Leonardo que está em todos os jornais. Ele se acidentou próximo daqui e estava internado em Goiânia. Uma transferência para Brasília seria muito mais simples, mas ele foi para São Paulo. Então os donos de hospitais em Brasília deveriam se perguntar: por que uma pessoa que está em Goiânia, que vindo para cá correria muito menos riscos, prefere ir para São Paulo? E por que os políticos brasilienses, quando podem, vão para os hospitais de São Paulo e não para os de Brasília?
R7 - O senhor recebeu alguma explicação ou algum retorno do hospital?
Dino- O que aconteceu depois da morte do meu filho, no sentido ético, é tão grave quanto a própria morte dele, porque além do hospital tirar a vida do meu filho, quis tirar a verdade da família, o direito à verdade. O hospital já contou várias versões sobre a morte dele. Na primeira nota que o Santa Lúcia editou, parecia que o meu filho tinha entrado no hospital e morrido. Não é verdade, ele ficou lá numa longa internação. Depois, o hospital disse que a médica, quando se ausentou da UTI, tinha outro médico lá. Não é verdade, pois ficou claro no inquérito que ela se ausentou da UTI e não ficou nenhum médico lá. Na verdade, a UTI pediátrica ficou entregue apenas a uma auxiliar de enfermagem, porque a médica e a enfermeira saíram para fazer um parto, a outra auxiliar de enfermagem saiu porque estava amamentando. Por isso eu digo que o método de gestão do Santa Lúcia fez com que uma UTI ficasse entregue apenas a uma auxiliar de enfermagem que era a única profissional presente na UTI pediátrica quando o meu filho teve a crise.
R7- E o que eles dizem sobre os procedimentos adotados?
Dino- O hospital disse que todos os procedimentos foram adotados, mas não é verdade. Quando a médica finalmente chegou, depois de ter sido chamada duas vezes, ele estava cianótico. O que a literatura médica indica é que ela deveria ter procedido à intubação orotraqueal imediata para garantir a oxigenação dele. A enfermeira que depôs à polícia descreve o quadro. Ele estava em crise respiratória aguda, cianótico, roxo, tinha parado de respirar. A médica estranhamente pede o material para intubação, mas fica esperando o anestesista. Esse anestesista estava sabe Deus onde, ninguém sabe. Ele demorou dez minutos para chegar até o leito do meu filho. Quem é que consegue ficar vivo e saudável em uma crise respiratória por dez minutos? Então esses são exemplos do que eu chamo de conduta antiética posterior do Santa Lúcia, que é a tentativa de negar a verdade.
R7- O senhor estava lá no momento da segunda crise do Marcelo?
Dino- Nós só sabemos de tudo isso por um detalhe que eu chamo de uma infelicidade e de uma felicidade ao mesmo tempo. Eu e a mãe do Marcelo, a Deane, tivemos a infelicidade de assistir à morte do nosso filho, e essa imagem está na nossa cabeça para o resto da vida. O nosso filho tão amado, tão querido – que nós amávamos com tanto carinho todos os dias – na nossa frente sendo asfixiado e não recebendo o cuidado necessário. Imagina que essa é a memória que todos os dias disputa o lugar com as boas lembranças que ele deixou. Mas essa infelicidade ao mesmo tempo foi a nossa felicidade, porque se nós não tivéssemos presenciado, nós não saberíamos o que aconteceu realmente com o nosso filho. Foi exatamente o fato de a gente estar presente lá que permite que nós tivéssemos a certeza de que algo de errado tinha acontecido.
R7- Meses antes, nós tivemos o episódio do senhor Duvanier, que morreu em outro hospital, mas que passou pelo Santa Lúcia e teve o atendimento negado. Por que o senhor recorreu ao Santa Lúcia?
Dino - Esse é outro aspecto bem doloroso porque o Santa Lúcia, além de tudo, traiu a confiança da nossa família, e da sociedade local, ao não prestar o serviço adequado. Essa traição se caracteriza pelo fato de que desde 1999 eu tenho o Hospital Santa Lúcia como referência. A sociedade de Brasília considera que é um dos melhores hospitais. Ou seja, em razão dessa reputação nós tínhamos muita confiança. E o que foi dito a Deane, mãe do Marcelo, e o que está escrito no prontuário é que o Marcelo era um paciente que estava bem. E o próprio prontuário, a avaliação feita inclusive pela médica que deixou de atendê-lo, a Dra. Isaura Costa Rodrigues Emídio, antes do Marcelo dormir, era de um paciente estável, tanto que ela tirou a máscara e colocou um cateter.
Ela diz que o paciente estava em ótimo estado. De fato, ele passou a noite muito bem , sem nenhuma crise, nada. Desde que ele foi internado na UTI, a saturação de oxigênio dele era próximo de 100%, o tempo todo acima de 95%. Ele não teve nenhuma intercorrência durante a internação, dormiu bem à noite, estava dormindo, foi acordado pela auxiliar de enfermagem para tomar o medicamento e 15 minutos depois estava morto. Essa é a realidade do que aconteceu com o nosso filho, ele foi acordado às 6h5 da manhã para receber um remédio com atraso, porque tinha que ter sido dado às 4h da manhã. Sem nenhuma explicação técnica, a auxiliar de enfermagem resolveu dar somente às 6h. Ela acordou o Marcelo que falou com a mãe, brincou, pegou o celular dele para mandar mensagem para o coleguinha dizendo que estava bem, mas que não ia para a escola. Enfim, acordou absolutamente bem, tomou o medicamento e 15 minutos depois já estava inconsciente. Então essa situação representa exatamente o que eu te dizia: o Santa Lúcia não valorizou a confiança que nós tivemos nele como uma instituição hospitalar.

R7- De que maneira a gestão do sistema privado de saúde influencia na qualidade do atendimento?
Dino - Eu acho que os hospitais privados, de Brasília especialmente, são objeto de uma gestão que busca o lucro máximo e essa é a causa do mau atendimento. O proprietário do Santa Lúcia, o senhor José do Patrocínio Leal, é proprietário de outros cinco hospitais e clínicas, praticamente ele exerce um monopólio sobre a saúde de Brasília. O que nós assistimos é que os profissionais que trabalham nesses hospitais têm normalmente seus direitos totalmente negados, a partir de algo que nem pode ser chamado de terceirização, é pior do que terceirização. Nós temos a terceirização normal que já é ilícita por uma súmula do TST, e hoje nós temos também trabalhadores eventuais que chegam ali para fazer um plantão e não há continuidade no tratamento daquele paciente. Então, o método de gestão - da busca do lucro máximo, dessa ganância, dessa desumanização da vida - faz com que aconteça exatamente isso a que nós assistimos: demora no atendimento e quando é atendido, a consulta dura cinco minutos. Por que? Porque aquele profissional está com mais quatro ou cinco vínculos a cumprir. Fui analisar o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), que é um cadastro oficial do Ministério da Saúde. O Santa Lúcia declara no seu site que tem 1.200 funcionários, mas se você comparar com o CNES, só vai encontrar 32 nomes. Então para a sociedade, o Santa Lúcia diz que tem 1.200 profissionais, mas você vai ao cadastro oficial e só acha 32 nomes, alguns repetidos. São 23 profissionais se não me falha a memória. Você clica em cima do nome e vai encontrar profissionais que declaram jornada de cem, 120 horas por semana, sendo que a semana inteira tem 168 horas. A pergunta que eu estou fazendo às entidades hospitalares é se é possível alguém trabalhar com qualidade cem horas por semana. Há um profissional cujo cadastro está com 204 horas por semana, mais do que o número de horas da semana inteira. Ele trabalha em seis lugares diferentes. Estão lá, são dados públicos do site do Ministério da Saúde.

R7- Como o senhor tem tentado transformar o sofrimento pessoal em luta para mudar o panorama do sistema de saúde em Brasília?
Dino - Nenhuma morte é estatística, seja do meu filho, seja de outro ser humano. No âmago da nossa luta hoje está exatamente combater essa desumanização da saúde no Brasil, essa mercantilização da saúde. E usando o caso do nosso filho exatamente afirmar uma outra lógica de que os seres humanos merecem ser respeitados. Por isso nós precisamos mudar o modo como essas redes privadas se organizam. Nós estamos tomando medidas que não são em defesa do Marcelo propriamente, mas que são em defesa de outros Marcelos.
R7- E o que o senhor tem feito?

Dino -Ontem [última semana de abril] eu estive no Supremo Tribunal Federal entregando ao presidente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), um pedido para que sejam criados varas e juizados de saúde, assim como existem varas e juizados de trânsito, ou da mulher, ou do meio ambiente. Nós temos hoje mais de 250 mil processos tramitando na Justiça sobre saúde. Então eu propus ao presidente Ayres Britto que o CNJ lidere uma campanha nos tribunais, para que sejam criadas essas instâncias para que o cidadão tenha a quem recorrer e possa eliminar a orfandade e desamparo que existe tanto em hospitais públicos quanto nos privados. Se você é vítima de um mau atendimento, você vai a onde? Na polícia, não tem outro lugar. Ou você vai ao Procon como se fosse uma mera demanda do consumidor, um celular quebrado, uma geladeira quebrada. Não se trata disso, às vezes são fronteiras entre a vida e a morte, você está ali, precisando de um leito, de um atendimento e não tem a quem recorrer.
R7- Qual foi a sua proposta?

Dino - Eu propus ao ministro que o judiciário tome mais essa iniciativa importante que ao mesmo tempo ajudará a controlar essa deficiência aparentemente invencível do sistema público e do sistema privado de saúde no Brasil. Exatamente porque essas carências não são invencíveis, não são normais. Então nós temos que eliminar essa naturalização da morte, aquilo que eu chamo de indústria da morte, seja no sistema público, seja no privado.

R7- Sua condição de homem público pode ajudar na hora de chamar a atenção para o problema?

Dino-
Encaro estar aqui conversando sobre isso como um direito de pai de mostrar amor ao seu filho e externar a sua dor, dando um sentido a ela. Mas além de direito é um dever, exatamente porque a minha voz pode ser ouvida. É o contrário que às vezes as pessoas dizem: “ah, só porque é filho de um político”, exatamente por isso, porque se eu que posso ser ouvido, dar uma entrevista, não fizer, imagina o filho da Dona Maria. Então eu encaro isso no sentido de missão de estimular canais, meios de o filho da dona Maria, quando for vítima de crime como meu filho foi, o filho da dona Maria quando for vítima de mau atendimento tenha algum jeito de se defender. Meu filho não pode se defender, ele morreu, mesmo eu sendo um político, mesmo eu sendo do governo. Então eu não estou tendo uma atitude egoísta, pelo contrário, minha atitude é exatamente porque isso aconteceu nós precisamos melhorar o sistema. Por isso nós precisamos de varas e juizados da saúde, de uma agência de vigilância dos hospitais que de fato controle a gestão deles. Nós precisamos fiscalizar a jornada dos médicos, porque é um absurdo eles trabalharem cem horas por semana. É impossível alguém trabalhar com qualidade assim, ninguém pode pilotar um avião ou dirigir um ônibus pela estrada durante cem horas. Não é permitido, pois é uma imprudência e há normas sobre isso. Então nós estamos pautando esses problemas, exatamente pensando não no nosso filho, porque infelizmente o drama é irreversível. Nós estamos pensando exatamente nas pessoas que não têm voz, as pessoas que todos os dias sofrem com isso. Houve uma aparente banalização nesse sentido e nós precisamos combater esse sentimento de que não tem jeito, é evidente que tem jeito. Repito: nós somos a sexta economia do mundo, então o sistema público pode funcionar melhor. E o sistema privado que não depende de recursos públicos por que não funciona melhor? Não tem lucro? É lógico que tem, basta olhar a constante ampliação dos prédios, basta olhar a lucratividade dos planos de saúde. Os maiores planos de saúde estão entre as maiores empresas do Brasil. Então não é falta de dinheiro, é falta de gestão e compromisso humanitário, acima de tudo.

Nota de Esclarecimento
O Hospital Santa Lúcia esclarece que toda a documentação relativa ao caso foi encaminhada ao Ministério Público. A instituição não irá se manifestar até que o processo seja concluído. Além disso, entende que os médicos, do ponto de vista de regulamentação trabalhista, são considerados autônomos, ou seja, o mesmo profissional pode trabalhar em mais de um hospital.


Veja a reportagem na íntegra no link abaixo:

http://r7.com/lS_d