quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mortes pelo Descaso

Levantamento obtido pelo Ministério Público Federal (MPF) revela que 581 pessoas morreram na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), em Bauru, no interior de São Paulo, entre janeiro de 2009 e junho de 2013. A maioria foi de pacientes que deram entrada no Pronto-Socorro Central (PSC) e não conseguiram atendimento ou remoção para leitos por falta de vagas no SUS, e acabaram morrendo no próprio PS. O MPF determinou abertura de inquérito policial para apurar a responsabilidade dos gestores públicos. O procurador da República em Bauru, Pedro de Oliveira Machado, disse ter ficado "assustado com o número elevado de mortes e a repetição delas por anos devido à falta de vagas na rede pública". O número de 581 óbitos no período, segundo ele, foi fornecido pela administração do PSC. A situação levou o MPF a oficiar, em tutela coletiva, autoridades municipais, estaduais e federais, pedindo informações no prazo de dez dias sobre as providências tomadas. O procurador também deu prazo de 60 dias para o município, e de 30 dias para o Estado, introduzirem medidas para evitar mais mortes e atender os pacientes. Entre as medidas estão a facilitação de entrega de documentos públicos, como certidões, para pacientes provarem que não foram atendidos, e a divulgação, nas unidades de saúde, dos nomes dos médicos, especialidades e frequência deles nessas unidades. A intenção do MPF é punir os responsáveis pelos crimes de omissão de socorro e obter informações para embasar inquérito civil público que vem sendo conduzido na Procuradoria da República em Bauru. As informações também serão enviadas para a Justiça Estadual para abertura de procedimento na área penal. O MPF suspeita de crimes de homicídio culposo, omissão de socorro e maus-tratos por parte do poder público contra os pacientes do SUS. De acordo com levantamento, foram 126 mortes em 2009; 118 em 2010; 135 em 2011; 119 em 2012; e 83 mortes até junho de 2013. "Todas ocorreram por falta de vagas e, como é algo que vem se repetindo há anos, podemos dizer que houve omissão de socorro, agora precisamos saber se essa omissão é dolosa ou culposa, mas de qualquer forma trata-se de um crime", disse. O atendimento de baixa complexidade em Bauru é atribuição do município, mas os atendimentos de média e alta complexidade é responsabilidade do Estado. Chico Siqueia Agência Estado/Estadão

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Uma semana antes de neta achar avó morta no Pedro II, outra família passou pela mesma situação

As Irmãs Danielle (à direita) e Elizeth mostram o atestado de óbito da mãe Foto: Urbano Erbiste / Extra Geraldo Ribeiro Tamanho do texto A A A O drama da família da paciente Maria José Batista, de 82 anos, encontrada morta no Hospital Municipal Pedro II no último domingo pela neta, que invadiu a sala vermelha em busca de notícias sobre a avó, não foi um fato isolado. Uma semana antes, familiares da dona de casa Sônia Regina de Azevedo Freitas, de 59 anos, passaram por situação semelhante na unidade de saúde de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Um dos filhos só foi comunicado da morte da mãe cerca de cinco horas depois do óbito e de muitas informações desencontradas.
Sônia Regina: morte informada à família cinco horas depois Sônia Regina: morte informada à família cinco horas depois Foto: Álbum de família / Extra A recepcionista Danielle Freitas, de 27 anos, contou que, no dia 4, o irmão Anderson e o pai, Antônio Azevedo, de 62, foram ao hospital para ver Sônia, no horário de visita, às 15h, mas apenas por volta das 18h só Anderson conseguiu entrar. Na sala vermelha, onde a paciente deveria estar, ele encontrou o leito vazio e informações desencontradas. - Chegaram a dizer na recepção que ela poderia ter apresentado melhora e ido para a sala amarela (destinada a pacientes em nível intermediário). Como não a encontraram lá, meu irmão e meu pai começaram a gritar em busca de notícias. Vendo o desespero deles, uma assistente social veio com a informação de que ela havia morrido - contou Danielle. No atestado de óbito, que aponta como causas da morte choque séptico e insuficiência respiratória, entre outras, consta que a dona de casa morreu às 13h54m, bem antes de o filho e o marido chegarem para visitá-la. Mas só por volta das 19h, eles foram informados da morte. Sônia Regina, que morava com o marido em Santa Cruz, foi levada ao hospital no dia 26 de julho, sentindo cansaço e falta de ar. Seu quadro se agravou nos dias seguintes, e ela foi transferida para a sala vermelha no dia 30. - Não é mera coincidência dois casos parecidos acontecerem no mesmo hospital, com apenas uma semana de diferença entre eles. Isso nada mais é do que um reflexo do descaso das autoridades com a saúde pública. Minha mãe estava muito debilitada. Quando foi para a sala vermelha, chegamos a ficar até 48 horas sem notícias dela. Tudo bem que não pudesse ficar com acompanhante, mas é inadmissível ficar sem informações - indigna-se Danielle. Nesta terça-feira, parentes da aposentada Maria José Batista - que morreu na unidade no domingo enquanto a família tentava, sem sucesso, obter informações sobre seu estado de saúde - afirmaram que vão procurar um advogado para processar o município. A neta da idosa, Gracieth Santos, planeja registrar o caso na delegacia nesta quarta-feira. O corpo de Maria José já seguiu para o Maranhão, onde será sepultado nesta quinta-feira. Gracieth, neta de Maria José, mostra atestado de óbito da idosa em frente ao hospital, com outros parentes Gracieth, neta de Maria José, mostra atestado de óbito da idosa em frente ao hospital, com outros parentes Foto: Thiago Lontra / Extra Maria José morreu domingo no Hospital Pedro II: família descobriu só após invadir a unidade Maria José morreu domingo no Hospital Pedro II: família descobriu só após invadir a unidade Foto: Álbum de família / Extra Dois dias após a morte da aposentada Maria José, o superintendente de gestão do Pedro II, Wagner Pelegrine, reconheceu, nesta terça-feira, apenas que houve “falhas de informação” e afirmou estar empenhado para corrigi-las. Ele anunciou a abertura de sindicâncias para apurar as responsabilidades no caso e também no da dona de casa Sônia Regina, uma semana antes. Pelegrine alegou que os problemas ocorridos no domingo, que levaram à suspensão das visitas, foram provocados pela sobrecarga de trabalho. Segundo ele, o hospital recebeu cerca de 700 pacientes, quando a média é de 300. Ainda segundo ele, desde segunda-feira parentes de pacientes recebem dois boletins diários com informações sobre o quadro de saúde dos hospitalizados, o que não os impede também de falar com o médico. A Secretaria municipal de Saúde abriu outra sindicância para apurar responsabilidades no caso de Maria José. Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/uma-semana-antes-de-neta-achar-avo-morta-no-pedro-ii-outra-familia-passou-pela-mesma-situacao-9516140.html#ixzz2bzzaii9q

DESDOBRAMENTOS DO CASO DENNIS - MORTO VÍTIMA DE OMISSÃO DE SOCORRO DO PS...

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Impedidos de entrar em hospital, familiares invadem unidade e encontram idosa morta Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/impedidos-de-entrar-em-hospital-familiares-invadem-unidade-encontram-idosa-morta-9473038.html#ixzz2bp9yUJEM

Após passarem um dia de angústia e falta de informações, familiares de uma idosa internada no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, invadiram a unidade, na noite deste domingo, e encontraram a mulher morta. A aposentada Maria José Batista, de 82 anos, havia sido internada na madrugada de domingo, por volta das 5h40, e a partir de então sua família foi afastada e não teve mais informações. Às 21h, sem notícias da idosa e impedidos por funcionários de vê-la, seus parentes entraram à força no local. - Fui de leito em leito procurando minha avó. Um maqueiro, vendo minha situação, me perguntou o nome dela e me disse que ela havia falecido - contou Gracieth dos Santos, neta de Maria José. Familiares encontram corpo de idosa morta dentro do Hospital Familiares encontram corpo de idosa morta dentro do Hospital Foto: JAdson Marques / Agência O Globo Maria José foi internada na madrugada de domingo, após sentir um cansaço em casa. Ela foi diagnosticada com um problema no coração e aguardava para fazer exame de sangue. Os familiares precisaram sair do hospital pois não podiam acompanhar o procedimento. Todos os outros parentes de pacientes foram informados que só poderiam entrar no hospital às 15h, no horário de visita. Entretanto, sem mais explicações, a visita não ocorreu. Sem informações dos motivos do cancelamento, e sem notícias da senhora, eles invadiram o hospital por volta das 21h. Outras pessoas também invadiram o hospital para exigir informações de seus familiares. Parentes invadem Hospital Pedro II Parentes invadem Hospital Pedro II Foto: Jadson Marques / Agência O Globo Outros pacientes também denunciaram à reportagem, revoltados, que mais pessoas haviam morrido no hospital. A unidade, no entanto, não confirmou as mortes. O Hospital Municipal Pedro II divulgou uma nota afirmando que houve uma "falha de comunicação" no caso da aposentada Maria José Baptista. Leia o comunicado na íntegra, a seguir: "A direção do Hospital Municipal Pedro II informa que Maria José Baptista deu entrada na unidade dia 11 de agosto, com queixa de dor torácica há dois dias e falta de ar. A paciente apresentava pico hipertensivo, arritmia cardíaca e infarto agudo do miocárdio. Permaneceu monitorada com suporte clínico avançado, mas não resistiu devido à gravidade do caso. A direção esclarece que a paciente recebeu a assistência necessária e lamenta a falha de comunicação ocorrida, garantindo que tomará as providências necessárias para que fatos como esse não se repitam. A direção está à disposição dos familiares para prestar mais informações sobre o atendimento" Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/impedidos-de-entrar-em-hospital-familiares-invadem-unidade-encontram-idosa-morta-9473038.html#ixzz2bpA3PLhk

domingo, 11 de agosto de 2013

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Após 15h, termina interrogatório de médicos envolvidos no Caso Pavesi

No segundo dia de audiências, os interrogatórios dos médicos acusados de retirar e transplantar irregularmente os órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, foram concluídos após cerca de 15h de audiência. Os depoimentos dos profissionais começaram às 23h desta quinta-feira (1º) no Fórum de Poços de Caldas (MG) e seguiram pela madrugada da sexta-feira (2). Foram interrogados os médicos Celso Roberto Frasson Scafi, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes e Sérgio Poli Gaspar, acusados de pertencer à chamada “Máfia dos Órgãos”. Dois deles se limitaram a responder às perguntas de seus respectivos advogados durante o interrogatório e todos alegaram inocência nas acusações. Concluído os depoimentos no fórum, o juiz prossegue com o caso através de cartas precatórias e rogatórias de outras 13 testemunhas que não residem na cidade, inclusive o pai do menino Paulo Pavesi. Os médicos são julgados pelo crime de retirada irregular dos órgãos do garoto Pavesi, morto aos 10 anos em 2000, com o agravante de tê-lo praticado em pessoa viva, resultando em morte e infringindo o artigo 14 da Lei de Transplantes. Pelo menos neste processo, eles não irão a júri popular e podem já ser condenados quando todas as testemunhas e réus envolvidos no processo forem ouvidos. Caso sejam condenados, os médicos podem pegar entre oito e 20 anos de prisão, além de pagamento de multa. Médicos chegam para o 2º dia de audiências em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1) Médicos são acusados da retirada e transplante irregular de menino de 10 anos (Foto: Jéssica Balbino / G1) Após as oitivas das testemunhas, os advogados de defesa dos réus pediram o adiamento das audiências, mas o juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro decidiu prosseguir com os interrogatórios. O primeiro médico a ser ouvido foi o anestesista Sérgio Poli Gaspar, acusado de ter aplicado anestesia geral no menino Paulo Pavesi para a retirada dos órgãos. Questionado sobre a acusação, Gaspar disse ter conhecimento, mas negou envolvimento. “Esta acusação não é verdadeira”, comentou. De acordo com o Ministério Público, o médico aplicou anestesia geral e classificou o paciente como "moribundo com perspectiva de óbito em 24 horas", o que deixa dúvidas se Paulinho estava ou não vivo no momento da retirada dos órgãos. Contudo, diante da indagação do juiz sobre o uso da anestesia geral em cirurgias de remoção de órgãos, o anestesista disse que isso é comum. “Costumamos aplicar anestesia geral nestes casos, com o medicamento Pavulon (relaxante muscular para facilitar o acesso dos cirurgiões aos órgãos)”, explicou. Paulo Veronesi Pavesi foi morto aos 10 anos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução/EPTV) Paulo Veronesi Pavesi foi morto aos 10 anos em Poços de Caldas (Foto: Reprodução/EPTV) Gaspar disse também que tinha certeza da morte encefálica do garoto, já que consultou radiografias que comprovavam isso, além de ter consultado o protocolo de exame clínico que também comprovava a morte. “Eu tive acesso a estes prontuários na sala de cirurgia e só participei do Caso Pavesi na sala de cirurgia”, comentou. Ainda questionado sobre o acesso ao prontuário da criança, o médico disse que acredita que o protocolo foi cumprido, mas não soube precisar se foi respeitado o limite mínimo de seis horas para a realização de exames clínicos que constatam a morte encefálica. “Não tenho certeza, acredito que sim”, afirmou. Advogados, promotor e juiz acompanham depoimentos em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1) Advogados, promotor e juiz acompanharam depoimentos em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1) Médico urologista se recusa a responder questionamentos O segundo a depor, já na madrugada desta sexta-feira (2), foi o réu, Cláudio Rogério Carneiro Fernandes, acusado de participar da retirada dos órgãos e presenciar a classificação do paciente como vivo, ou seja, sem morte encefálica . Fernandes optou por não responder às perguntas feitas pelo juiz, conforme orientação recebida do seu advogado. O médico reconheceu estar ciente da acusação feita contra ele. “Tenho conhecimento dos fatos narrados no processo, mas não são verdadeiros”, pontuou. Questionado sobre procedimentos técnicos sobre a remoção de órgãos, o diagnóstico de morte encefálica da criança e o conhecimento de outros médicos envolvidos no caso, o réu se absteve de respostas. saiba mais Entenda o caso Já quando indagando pelo advogado José Arthur Kalil, o réu disse que estava de plantão no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Santa Casa quando recebeu um telefonema do médico, também réu no processo, Celso Frasson Scafi, avisando-o de que haveria uma cirurgia para retirada de órgãos. Ele contou também que na data estava substituindo um colega durante o plantão e que a equipe de transplantes do hospital era credenciada para retirar apenas os rins do paciente. “Uma outra equipe de oftalmologistas retirou o globo ocular do garoto, ou seja, as córneas”, relatou. Fernandes disse ainda que, segundo o protocolo que deve ser seguido para retirada dos órgãos, foram verificados o prontuário do paciente, que informava a morte encefálica, além das radiografias, que estavam anexas aos documentos que autorizavam a doação, assinados por familiares responsáveis pela criança. “O que pude ver, durante a checagem destes documentos, é que havia um intervalo de pelo menos 24 horas entre o primeiro exame e o exame final que apontavam a morte encefálica do garoto”, disse. Médicos chegam ao Fórum para início das audiências de instrução em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1) Dois dos três médicos se negaram a responder perguntas do juiz (Foto: Jéssica Balbino / G1) Mais um que se cala ao juiz por estar "cansado" Às 3h da madrugada, teve início o interrogatório do terceiro médico, Celso Roberto Frasson Scafi, acusado de ter retirado os órgãos do menino mesmo sabendo que ele poderia estar vivo. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o profissional sabia que o processo de diagnóstico de morte encefálico não havia sido respeitado. Questionado se tem conhecimento da acusação, o médico reconheceu que sim, mas negou a veracidade. “Nenhum fato narrado no processo é verdadeiro”, disse. Ainda seguindo as orientações da defesa, preferiu manter-se em silêncio durante os questionamentos feitos pelo juiz e só atendeu às perguntas feitas pelos advogados. Scafi respondeu que participou da cirurgia de retirada dos órgãos do menino Paulo Pavesi e contou que estava em casa quando recebeu o telefone do Hospital Santa Casa para participar da remoção dos órgãos. “No hospital, verifiquei que havia um termo de doação assinado pela família, além de várias radiografias e o exame complementar que constata a morte encefálica”, pontuou. Médico disse que escreveu 'em me' e não 'sem me' conforme questiona o processo (Foto: Reprodução de documento) Médico disse que escreveu 'em me' e não 'sem me' conforme questiona o processo (Foto: Reprodução) Questionado sobre o que estaria escrito no prontuário do menino, o acusado disse que o paciente encontrava-se deitado, “em morte cerebral” e não “sem morte cerebral”, conforme aponta o processo. O médico disse ainda que a responsabilidade pela necropsia no corpo do paciente, que foi doador-cadáver, era do médico assistente, ou seja, do profissional que acompanhou Paulo Pavesi durante todo atendimento e que não competiria à equipe de transplantes tal solicitação. O julgamento terminou às 5h desta sexta-feira (2), após 15 horas de depoimentos e interrogatórios. A partir de agora, o juiz prossegue com o caso e aguarda as respostas das cartas precatórias e da carta rogatória, já que outras 13 testemunhas que não residem na cidade serão ouvidas por cartas precatórias e rogatórias. Entre elas está Paulo Airton Pavesi, o pai do garoto, que após o caso, se sentiu ameaçado e vive hoje na Europa. “Vamos dar início a esta sequência de trabalho e acredito que isso não deva se estender por tanto tempo”, comentou o juiz. O advogado José Arthur Kalil, responsável pelo urologista Cláudio Fernandes e pelo médico Celso Scafi disse estar confiante com o resultado das audiências. Questionado sobre os motivos de ter orientado os clientes a não responderem às perguntas do juiz, ele disse que tomou essa atitude pois os réus estavam muito cansados. "Em razão do adiantado da hora, meus clientes estão bastante cansados da espera - desde às 13h no Fórum - e por isso achei melhor que eles não falassem", disse. Audiências das testemunhas Durante os dois dias de audiências – quarta e quinta-feira - foram ouvidas enfermeiras, técnicas de enfermagem e médicos, que forneceram detalhes sobre os procedimentos técnicos de retirada de órgãos, especialmente na constatação de morte encefálica e uso de anestesia geral. Entre os depoimentos está o da auxiliar de enfermagem Dilza Aparecida da Silva, que disse ter sido afastada do cargo que ocupava, no centro cirúrgico da Santa Casa de Poços de Caldas, pouco tempo depois do caso. Ela afirmou que passou a ocupar um cargo na central de materiais, onde são feitas as esterilizações. O pai do garoto, Paulo Pavesi, que mora na Europa, vai ser ouvido através de carta rogatória, instrumento jurídico de cooperação entre dois países. O documento, que vai ser enviado para a Inglaterra através do Ministério das Relações Exteriores, ainda precisa ser traduzido para a língua inglesa. Segundo promotor, córneas retiradas de garoto foram para o Estado de São Paulo (Foto: Jéssica Balbino / G1) Segundo promotor, córneas retiradas de garoto foram para o Estado de SP (Foto: Jéssica Balbino / G1) Caso Pavesi desmonta esquema de tráfico de órgãos As investigações do Caso Pavesi já duram 13 anos. O caso começou quando o menino caiu de uma altura de cerca de 10 metros do prédio onde morava e foi internado. Em 2002, quatro médicos: José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado. Na denúncia consta que cada um cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. Segundo a promotoria, a constatação da morte encefálica da criança foi feita de forma equivocada, o que levanta a suspeita de que o menino estivesse vivo no momento da retirada dos rins e das córneas. Outra linha de investigação é de que os órgãos retirados do garoto foram transplantados de maneira irregular. As córneas do menino foram levadas para Campinas (SP), quando deveriam ter sido transplantadas em pacientes da lista de espera de Minas Gerais, já que se trata de um procedimento regionalizado. “Existem indícios de que não teria ocorrido a morte encefálica da criança, Temos provas de que apenas o primeiro exame foi realizado. O segundo exame apresentado não consta nem a data e nem a hora em que foi realizado. Os réus também alegam que esta constatação foi feita seguindo um protocolo, entretanto, o protocolo utilizado por eles não estava vigente na época”, destacou o promotor do caso, Daniel Ribeiro Costa. Retiradas de órgãos aconteciam na Santa Casa de Poços de Caldas (Foto: Divulgação) Retiradas de órgãos aconteciam na Santa Casa de Poços de Caldas (Foto: Divulgação) A investigação deu origem a outros sete inquéritos e a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas perdeu o credenciamento para realizar os transplantes em 2002. O caso foi tema de discussões também no Congresso Nacional em 2004, durante a CPI que investigou o tráfico de órgãos. Os médicos foram acusados de homicídio doloso qualificado pelo Ministério Público Federal. Ainda na época, o médico Álvaro Ianhez foi denunciado por chefiar a entidade MG Sul Transplantes, que realizava as retiradas dos órgãos e os encaminhava aos possíveis receptores. A organização foi apontada pelo Ministério Público como “atravessadora” em um esquema de tráfico de órgãos humanos. Em 2010, a Justiça determinou que a equipe médica responsável pela cirurgia de retirada dos órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi fosse a júri popular. O caso está no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ainda não há previsão para o julgamento. Os médicos indiciados aguardam em liberdade. José Domingos de Carvalho (no detalhe) foi uma das vítimas do suposto tráfico (Foto: Reprodução EPTV) José Domingos de Carvalho (no detalhe) foi uma das vítimas do suposto tráfico (Foto: Reprodução EPTV) Médicos já foram condenados por retirar órgãos de pedreiro Dois dos médicos julgados no Caso Pavesi já foram condenados, em fevereiro deste ano, pela remoção e suposto tráfico de órgãos e tecidos do pedreiro José Domingos de Carvalho, morto aos 38 anos em abril de 2001, na Santa Casa de Poços de Caldas. Os profissionais Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes receberam as sentenças junto com os outros dois médicos, João Alberto Góes Brandão e Alexandre Crispino Zincone. Eles receberam penas que variam de oito a 11 anos e seis meses de prisão em regime fechado por homicídio doloso, compra e venda de órgãos humanos, violação de cadáver e realização de transplante irregular. Segundo a Justiça, os profissionais faziam parte de uma equipe médica clandestina que removia órgãos e realizava transplantes de forma irregular. Eles recorreram da sentença e estão em liberdade. As condenações provocaram também a reabertura do inquérito referente à morte de Carlos Henrique Marcondes, o Carlão, que foi diretor administrado do Hospital Santa Casa até o ano de 2002. Ele foi encontrado morto na época com um tiro na boca dentro do próprio carro. Médicos condenados voltam a atender pelo SUS No último dia 22 de março, os quatro médicos condenados conseguiram um habeas corpus que os permite a atuar novamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a assessoria de imprensa do TJMG, além das penas, os médicos deveriam cumprir também medidas cautelares. Uma delas proíbe que eles prestem serviços médicos pelo SUS. A outra medida cautelar proíbe que os médicos se ausentem do país ou mesmo da comarca sem prévia autorização da Justiça. Fonte G1 Link: http://glo.bo/14LrQyJ

Procedimento padrão pode afastar risco de erro médico em hospitais

Pesquisa aponta que 73% dos erros médicos poderiam ser evitados. Em MS, conselho de medicina recebe 30 denúncias por mês. 31/07/2013 10h1 erca de 73% dos erros médicos cometidos no país poderiam ser evitados, segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A infecção hospitalar associada a procedimentos de saúde realizados nos pacientes é um dos principais erros. De acordo com a Fiocruz, as infecções representam 24,62% dos casos. Em seguida estão as complicações cirúrgicas e anestésicas (20%); atraso ou falha no tratamento (18,46%) e úlcera de pressão (18,46%), que ocorre quando o paciente fica muito tempo deitado em uma única posição. A maior parte dos erros ocorre nas enfermarias (48,5%), nos centros cirúrgicos (34,7%) e nas UTIs (11,9%). saiba mais Médicos acusados de retirar órgãos de criança ainda viva são julgados Secretário nega negligência ou erro médico em morte de bebê no DF Em Mato Grosso do Sul, o Conselho Regional de Medicina recebe em média 30 denúncias de erro médico por mês. O órgão apura as denúncias e, se o fato for procedente, abre uma sindicância. Ao final o médico pode ser punido ou absolvido das acusações. Para reduzir riscos de erro médico, hospitais adotam procedimentos padrão. Na Santa Casa de Campo Grande, foram zerados os casos de infecção sanguínea associados ao catéter. Desde setembro de 2012, são usados kits esterilizados descartáveis para reduzir ao máximo o risco de contaminação. Além disso, os profissionais precisam fazer higienização rigorosa das mãos antes de iniciar os procedimentos. Fonte G1 lINK:http://glo.bo/16jiLln