quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SP: Colírio queima olhos de bebê em hospital

Família diz que medicamento foi aplicado em excesso e estava errado, pois tinha concentração acima da recomendada


Recém-nascido passou por duas cirurgias após a falha, mas pode ter sequelas na visão, segundo médicos

Um recém-nascido teve os olhos queimados após uma enfermeira aplicar colírio lo­go depois do parto, no Hospital do Servidor Público Mu­nicipal (na região central de São Paulo), na última quarta-feira. A criança corre o risco de ter a visão prejudicada.

Segundo familiares do be­bê, além de o colírio ter sido aplicado em excesso, a me­dicação estava errada, pois tinha concentração acima da recomendada.

De acordo com os pais da criança, o hospital informou que foi usado um medica­mento à base de nitrato de prata. Esse tipo de colírio previne a bactéria que causa gonorreia -doença sexualmente trans­missível- e deve ser aplicada em todo recém-nascido, com concentração de 1%.

Logo após receber o colírio, a criança ficou com os olhos bastante inchados e roxos.

O músico Samuel Alves da Silva, 23, pai do bebê, diz que o médico do hospital afirmou que houve falha da equipe.

"Eu estava na sala acompanhando o parto e presenciei que as en­fermeiras se excederam quando colocaram a subs­tância. Uma delas comentou com a outra que tinha colo­cado demais e tentaram lim­par o excesso com uma ga­ze", conta.

No mesmo dia, o bebê foi transferido para o Hospital São Paulo, onde passou por duas cirurgias para lavagem e raspagem dos olhos.

"O bebê ficou chorando desde que recebeu o colírio. Só tomaram providências em relação ao erro horas depois, quando teve a troca de equi­pe no hospital", disse Silva.

A mãe do bebê, Maiara Cu­nha, 19, está revoltada. "É um erro que não pode acontecer com ninguém."

Os médicos ainda não sabem a gravidade das sequelas.

Segundo a oftalmo­logista Denise de Freitas, do Hospital São Paulo, o colírio provocou uma alteração química nos olhos do bebê. Para ela, a criança pode ter a vi­são afetada, mas ainda é ce­do para avaliar. O excesso de medicação ou a concentra­ção superior pode ter causado o problema.

Os pais registraram ontem um boletim de ocorrência no 5º DP (Aclimação) contra o hospital.

Profissionais foram afastados, afirma Secretaria de Saúde

A Secretaria Municipal da Saúde informou que afastou todos os profissionais envolvidos no atendimento do recém-nascido.

Foi criada uma comissão para apurar a responsabilidade do ocorrido.

A direção do Hospital do Servidor Público Municipal disse que está à disposição dos familiares, para todos os esclarecimentos solicitados, e que já conversou com o pai.

De acordo com o Hospital São Paulo, foram feitas duas intervenções no bebê para retirar o produto dos olhos e ele passa bem.

Na próxima segunda-feira será feito um novo procedimento para avaliar os danos causados na visão, informou o hospital.

De acordo com a oftalmologista Denise de Freitas, que acompanha a criança, a queimadura pode provocar sequelas na visa do bebê. Ainda não há previsão de alta hospitalar do bebê. (TATIANA SANTIAGO E FABIANA CAMBRICOLI - Folha de S.Paulo-15.10)

RJ: Drama na sala de cirurgia

Obra que ficou inacabada em unidade do estado deixa hospital municipal superlotado em Itaboraí


A falta de pelo menos mais um centro cirúrgico tem se tornado um drama para os moradores de Itaboraí que precisam ser operados. Os 228.996 habitantes contam com apenas uma unidade pública com centro cirúrgico para atender a demanda: o Hospital Municipal Desembargador Leal Júnior, inaugurado em 1992. Sobrecarregado de pacientes, o hospital acumula queixas da população por causa das longas filas e da demora no atendimento.

— Minha irmã já precisou fazer uma cirurgia por causa de um acidente de carro e teve que ir pra São Gonçalo. É uma falta de respeito com o morador de Itaboraí — reclama a doméstica Maria José Evangelisa, 47 anos.

Em 2004, a então governadora Rosinha Garotinho inaugurou o Hospital Estadual João Batista Cáffaro com a promessa de um centro cirúrgico. Oito anos depois, a promessa continua sendo dívida, conforme foi denunciado na coluna Extra, Extra, da jornalista Berenice Seara, na edição de ontem.

Segundo a secretaria de Saúde do estado, no local só havia iluminação e mesas cirúrgicas. A atual gestão, então, traçou um perfil da região e constatou a necessidade de uma UTI.

Transferências

"A unidade dispõe de uma sala de trauma, onde o paciente recebe os primeiros-socorros, é estabilizado e encaminhado para os hospitais estaduais de referência da região, que podem ser o Azevedo Lima ou o Alberto Torres, ambos com centro cirúrgico", diz em nota a secretaria. Os hospitais ficam em Niterói e em São Gonçalo, respectivamente.

Segundo o secretário de saúde de Itaboraí, César Alonso, o único centro cirúrgico do município atende a 20 pessoas por dia (600 por mês).

— O hospital municipal não suporta essa sobrecarga. Estamos numa situação desesperadora em relação assistência médica — afirma. Ele acrescenta ainda que passam diariamente pela unidade 600 pessoas, quase o dobro do suportado.

— Aqui no municipal sabemos que tem médico. E aí o pessoal vem direto para cá — relata a cozinheira Dorinei Maria da Conceição. (Hieros Vasconcelos - Extra Online)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Policiais depõem sobre morte de grávida

Terça-Feira, 18/10/2011, 07:54:

Os policiais que acompanharam a triste trajetória da jovem Vanessa Xavier da Cruz vão depor nesta terça-feira, às 9h, na Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE), na Cidade Velha. Vanessa , 26 anos, morreu na última sexta-feira, dia 14, grávida de sete meses, depois de não conseguir atendimento no Pronto-Socorro Municipal do Guamá. Ela chegou a ser levada à Santa Casa de Misericórdia, mas não resistiu.A expectativa é que os policiais possam esclarecer a versão de que foi negado atendimento à jovem. Segundo os policiais que escoltaram a jovem ao hospital, a demora e a falta de atendimento no Pronto-Socorro teriam provocado a morte da mãe e do bebê.Além dos portões fechados do posto de saúde, os policiais e o companheiro de Vanessa, que não quer se identificar, dizem que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado várias vezes, sem resposta, e que, por isso, Vanessa foi conduzida ao Pronto-Socorro do Guamá pela viatura policial.Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) diz que abriu processo administrativo para apurar o caso junto aos funcionários que estavam de plantão no hospital durante o ocorrido, mas informa que também entrou com representação junto à corregedoria da polícia militar a respeito das alegações feitas pelos policiais sobre o caso em questão. Segundo a Sesma, diferente do que dizem os policiais, não houve tempo de a paciente ser atendida pela médica plantonista, uma vez que a viatura não aguardou a ida da médica até o carro. Segundo relatos dos funcionários, enquanto a técnica de enfermagem se encaminhou ao consultório para chamar a médica, a viatura saiu do hospital com a paciente.O delegado titular da Dioe, Rogério Almeida, informa que os profissionais de saúde já foram intimados e devem depor na próxima sexta-feira, dia 21.A MORTEVanessa Elaine Xavier da Cruz, de 26 anos, grávida de aproximadamente 20 semanas, faleceu na madrugada de sexta-feira (14), após tentar dar entrada no Hospital de Pronto-Socorro Humberto Maradei Pereira, no bairro do Guamá. Policiais que a escoltaram alegam que não foi feito atendimento. (Diário do Pará)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O dia do Médico

O Movimento Basta com Erros Médicos,parabeniza a todos os profissionais dedicados,que estão na profissão por vocação,que valorizam o bem mais precioso que temos que é a vida,nós do movimento sempre estaremos do lado dos bons.Para estes sempre lutaremos por melhores condições de trabalho e salariais.Quanto aos maus profissionais,lembraremos aqui o juramento de Hipocrates,pois acho que esqueceram!Não vamos deixar que destruam uma das profissões mais bonitas que é a medicina.Basta com profissionais despreparados!!!

domingo, 16 de outubro de 2011

Investigação de 1987 diz que pacientes morreram após retirada de órgãos. Médicos negam ter forjado morte encefálica; júri será em 2011

Após 23 anos, quatro médicos acusados de matar quatro pacientes em Taubaté, no interior de São Paulo, como parte de um suposto esquema de tráfico de órgãos humanos deverão ser julgados em 2011. De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, o júri popular poderá ocorrer ainda no primeiro semestre do próximo ano, no Fórum Central da cidade.




A demora para o julgamento se deu por conta da investigação policial, que levou mais de dez anos para ser concluída, além do fato de os réus estarem em liberdade e as defesas deles terem entrado com diversos recursos na tentativa de anular o processo. Segundo o TJ-SP, no entanto, os pedidos foram negados e já não cabem mais recursos.



As mortes ocorreram em 1986. Uma equipe médica da Faculdade de Medicina de Taubaté que usava o extinto Hospital Santa Isabel de Clínicas (Hosic), onde atualmente está localizado o Hospital Regional de Taubaté, é suspeita dos crimes. Como hoje, na época a instituição era popular, mas atendia convênios médicos particulares. O fato, porém, só se tornou público no ano seguinte após revelação feita pelo médico Roosevelt Kalume, então diretor da mesma faculdade. Ele havia procurado o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em 1987 para informar que um programa ilegal de retirada de rins de cadáveres para doação e transplantes acontecia sem o seu conhecimento e aval.



Procurado pelo G1, o Cremesp informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o caso foi decidido em recurso pelo Conselho Federal de Medicina em Brasília (CFM-DF). A assessoria do conselho não se pronunciou até quarta-feira (22). Documentos obtidos pela reportagem mostram que os quatro médicos réus foram absolvidos das acusações de tráfico de órgãos e eutanásia nos procedimentos administrativos e éticos do Cremesp, em 1988, e do CFM, em 1993.



Decisão do CRM absolveu médicos (Arte/G1)

Apesar da decisão daquela época, Kalume não se calou. O programa de transplantes era tido como parte de um suposto convênio entre a faculdade de medicina da Universidade de Taubaté (Unitau) e o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Mas, segundo o então diretor, esse acordo jamais existiu. "Eu era o diretor da faculdade e esse programa [de transplantes] era feito por médicos subordinados administrativamente a mim e eu não sabia do programa e quando eu tomei conhecimento eu fiquei com medo", diz Kalume, que está com 63 anos.



Procurada nesta semana, a Universidade de Taubaté informou que "não se pronunciará sobre esse assunto". A assessoria de imprensa da superintendência do HC da USP não respondeu aos questionamentos da reportagem feitos por e-mail e telefone.



Médium pedia para família doar rim

Voltando aos anos 80, Kalume também tinha dito que a equipe médica envolvida falsificava diagnósticos de morte encefálica para convencer as famílias dos pacientes a autorizar a retirada dos órgãos. Em alguns casos, continua o denunciante, uma espécie de médium foi apresentado pelos médicos aos parentes para dizer que havia entrado em contato com o morto no plano espiritual e ele havia pedido para os familiares autorizarem a retirada de seus rins. "Era um programa de retirada de órgãos de pacientes comatosos [em estado de coma] para mandar para clínicas particulares de São Paulo", diz Kalume.



Mas, segundo Kalume, o fato mais grave nessa história toda é que os pacientes estavam vivos, e não mortos. "Os pacientes tinham os órgãos retirados, mas eles tinham fluxo cerebral. Eles não estavam enquadrados no conceito de morte cerebral ou no conceito de cadáver. Radiografias revelaram que havia atividade cerebral", diz o médico. "Em outras palavras, eles morreram porque tiveram esses órgãos retirados."



Segundo o CFM, morte encefálica e morte cerebral são sinônimos. Apesar de os anos 80 não terem tido uma legislação específica para transplantes de rins no país, o recomendado era seguir as normas da Associação Médica Mundial. Ela determinava a retirada de órgãos de pacientes com morte encefálica (sem atividade cerebral e sem respiração natural).



"O meu interesse maior, pessoal, é o mesmo que eu tinha há 24 anos. Pode? Pode fazer o que foi feito aqui em Taubaté? Mesmo dentro da legislação atual, mesmo dentro da legislação vigente. Mesmo dentro das determinações do Código de Ética, que já foram modificadas, depois desse episódio. Essa resposta quem vai dar é a Justiça. Se a Justiça achar que pode, então ela vai consagrar que pode tirar órgãos de pacientes sem estar em morte cerebral", diz Kalume, que, por conta das acusações, foi afastado do cargo de diretor da faculdade na época. Atualmente, trabalha como cirurgião de tórax no Hospital Geral de Taubaté.



Caso Kalume, a CPI e a enfermeira

Na época, o assunto ficou conhecido nacionalmente e a imprensa o tratou como caso Kalume, em referência ao sobrenome do denunciante. O escândalo culminou com a abertura de inquérito policial em 1987 e até virou alvo em 2003 da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurava a atuação de organizações criminosas atuantes no tráfico de órgãos no Brasil. Um dos depoimentos mais marcantes em Brasília foi o de uma enfermeira que contou ter visto um paciente ter os órgãos retirados enquanto se debatia na mesa de cirurgia. A mulher também disse que um médico pegou o bisturi, enfiou no peito do homem e ele morreu.



"Lembro que eles avisaram que ia entrar uma cirurgia. De urgência. Eu trabalhava no centro cirúrgico. E a gente preparou a sala. Eu e uma outra amiga. Falaram que era um rapaz que tinha sido atropelado. Quando entrou o paciente, ele estava com a cabeça toda enfaixada. Eu até pensei que fosse uma cirurgia de crânio. Aquela correria de uma cirurgia quando vai começar e o paciente muito agitado. Ele não parava de se debater. O paciente superagitado. Eu pensava que fosse uma cirurgia de crânio e, no fim, foi tão estranho, eles fizeram uma cirurgia... Tiraram os dois rins do paciente e logo já mandaram a minha colega de sala, pegar uma caixa assim de plástico, uma espécie de reservatório, uma caixa reserva para transportar", contou ao G1.



"Ele colocou os dois rins ali dentro, muito bravo. E saiu com os dois rins, mas o paciente ainda continuava vivo. O paciente se debatia muito porque a anestesia que ele tomou não pegou. Aí ele [o médico Pedro Henrique Torrecillas] pegou... Ah, meu pai. Ele pegou um bisturi e deu um pique, um pique praticamente no meio do peito. O paciente parou de se mexer, nós levamos ele para a UTI. E aí encerrou. Nós ficamos só no comentário depois", disse a ex-enfermeira, de 56 anos.



Lei dos transplantes



Livro do médico Roosevelt Kalume (Foto:

Reprodução/G1)

Além disso, o caso em Taubaté ajudou na discussão a respeito da elaboração da atual lei que trata sobre a regulamentação dos transplantes de órgãos no país até hoje. Segundo o CFM, a lei é a 9.434, de 1997. Em 1993, Kalume chegou a publicar um livro sobre o caso. Para narrar os fatos, ele usou nomes diferentes dos personagens da vida real. "Transplante", no entanto, deixou de ser publicado. Apesar disso, a obra também faz parte do processo contra os médicos.



Já em 1996, após quase dez anos de investigação, a Polícia Civil de Taubaté concluiu o inquérito que responsabilizou quatro médicos pelas mortes de quatro pacientes. Apesar de o Cremesp e o CFM absolverem os quatro médicos das acusações, a polícia afirmou que o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) atestava que os pacientes estavam vivos quando tiveram os órgãos retirados. A retirada de órgãos para transplantes foi apontada como motivação do crime. Apesar disso, a suspeita de tráfico envolvendo comércio ilegal de rins jamais foi comprovada. Quanto ao destino dos órgãos, é incerto até hoje.



"Tratava-se de um caso extremamente complexo que ia demandar um longo tempo, o que de fato ocorreu. Esse inquérito tramitou durante dez anos. Eu tive que procurar as provas subjetivas, ou seja, as provas testemunhais, e também as provas periciais. Então tive que contar com o Instituto Médico-Legal [IML] de São Paulo, Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Nós tentamos, no inquérito policial, verificar se houve comércio desses órgãos. Não foi possível a gente determinar isso daí. Mas concluímos que houve homicídio doloso, ou seja, homicídio intencional. Eles assumiram o risco de produzir o resultado. Logicamente se eu retirar os seus dois rins, eu estou assumindo um risco de determinar sua morte", disse o delegado Roberto Martins de Barros, de 66 anos, delegado titular do 1º Distrito Policial de Taubaté, em 1987, e atualmente titular da delegacia do idoso em São José dos Campos.



Segundo o delegado, caso sejam condenados, os médicos poderão pegar penas de 6 a 20 anos de reclusão.



Mesmo sem a confirmação do destino dos órgãos retirados dos pacientes em Taubaté, o Ministério Público denunciou em 1996 os neurocirurgiões Mariano Fiore Júnior e Aurélio de Carvalho Monteiro, o nefrologista Pedro Henrique Masjuan Torrecillas e o urulogista Rui Noronha Sacramento por homicídio doloso dos pacientes José Miguel da Silva, Alex da Silva, Irani Gobo e José Faria Carneiro.



Depois, a Justiça pronunciou os acusados que passaram a ser réus no processo. Todos sempre alegaram inocência e disseram que exames de arteriografia comprovaram que os pacientes estavam clinicamente mortos, em coma irreversível ou morte encefálica.



Acusação

Em entrevista ao G1, o promotor Luiz Marcelo Negrini disse que os médicos assumiram o risco de matar os quatro pacientes que haviam dado entrada no Pronto-Socorro do antigo Hospital Santa Isabel com suspeita de traumatismo craniano. Além disso, afirmou, a equipe praticou desvio de conduta ética e moral.



Para conseguir a autorização da família de um paciente para doação de rins, a equipe médica se utilizou de um método pouco ortodoxo, segundo o promotor. "Parentes de uma vítima relataram que uma médium, uma espírita, havia entrado em contato com aquela pessoa que havia acabado de morrer. E o morto teria dito para ela no plano espiritual que a família deveria autorizar a doação de seus órgãos. Pode parecer absurdo, mas isso foi feito. A família autorizou a doação", afirmou o promotor.



De acordo com Negrini, a convicção da Promotoria de que os médicos cometeram assassinatos é amparada pela denúncia de Kalume, depoimentos de familiares das vítimas e enfermeiros, além de provas técnicas.



"Era constatada essa morte cerebral e imediatamente era feito contato com os familiares das vítimas, comunicando aquela situação e pedindo autorização para que tivessem os órgãos transplantados ou retirados para um futuro transplante. Os familiares, certamente chocados com a notícia da morte do seu familiar, concordavam. Esses órgãos eram retirados e encaminhados para São Paulo. Só que posteriormente ficou comprovado que muitas dessas vítimas não apresentavam esse estado de morte cerebral. Então, elas ainda apresentavam atividade cerebral", afirmou o promotor Negrini.



Segundo ele, a atividade cerebral pôde ser verificada por meio das radiografias dos pacientes. O promotor também rebateu a versão da defesa dos réus de que o Cremesp e o CFM absolveram os médicos.



"Em exames que foram recolhidos e fazem parte do processo consta que essas vítimas ainda apresentavam atividade cerebral. São arteriografias, exames semelhantes que mostravam que essas vítimas ainda apresentavam atividade cerebral. Nem sempre o que o Cremesp e o que o CFM decidem é levado em conta na acusação. O promotor e o juiz não são médicos. Os laudos que temos são de peritos médicos do IML."



A respeito do suposto médium que procurava as famílias dos pacientes para pedir a autorização da doação de órgãos, Negrini afirmou que ouviu isso de familiares. "Mas nada foi comprovado posteriormente."



Filha de paciente

O G1 falou com a parente de um dos pacientes mortos. Atualmente com 39 anos, ela pediu para não ser identificada, mas relatou o que ocorreu em 1986 com seu pai.



"Eu era adolescente e fui avisada que meu pai tinha sofrido um aneurisma cerebral. Um quadro que foi dito para a família que era irreversível. Foi feito o pedido da doação dos órgãos, dos rins, né? Do meu pai. E eles [médicos] chegaram em comum acordo que iriam doar sim os rins dele. E na época, assim, apesar de eu ser nova, jovenzinha, eu senti que tinha assim uma pressão que tinha que decidir rápido. Tinha que tomar uma decisão rápida, que eles tinham pressa", disse a filha de uma das vítimas. "Uma morte cerebral. Foi constatada morte cerebral. Morte cerebral é irreversível, né? Eu fiquei na porta do centro cirúrgico. Eu vi quando saiu a caixinha do órgão dele."



A expectativa de todos que estão envolvidos é de ter um desfecho de toda essa história. De a verdade realmente prevalecer e que seja feita a justiça"Filha de paciente morto

Em relação ao julgamento do caso Kalume em 2011, a mulher, que também é uma das testemunhas da acusação, disse que está ansiosa. "A expectativa de todos que estão envolvidos é de ter um desfecho de toda essa história. De a verdade realmente prevalecer e que seja feita a justiça."



Outro lado

O G1 procurou os quatro médicos réus no processo de homicídio contra os quatro pacientes para comentar as acusações. Todos se defenderam, seja pessoalmente ou por meio de seus advogados. Disseram que havia um programa de transplante, sim, mas que os rins eram retirados de pacientes com morte encefálica e mediante autorização das famílias deles. Alegaram ainda serem inocentes dos crimes. Disseram que o Conselho Regional de Medicina os considerou inocentes das acusações e que tiveram prejuízos na carreira profissional e na vida pessoal por conta do que chamaram de acusações mentirosas.



"Ficou comprovado que [os pacientes] estavam em morte encefálica. Estavam mortos. Se os indivíduos estavam mortos, não tem como eu ser acusado de uma coisa, se eles estavam mortos. O que eu fiz...a minha participação foi no diagnóstico da morte encefálica", disse o neurocirurgião Mariano Fiore Júnior, de 62 anos.



A respeito do julgamento, Fiore Júnior disse que aguarda somente ser absolvido pelos jurados. "Eu espero ser considerado inocente, né? Já que eu fui envolvido numa situação na qual eu não acho justa porque eu só fiz o diagnóstico da morte encefálica. Não participei de retirada de órgãos, não sei fazer isso, não entrei no centro cirúrgico, não tive contato com enfermagem de centro cirúrgico, não sei de nada disso. Isso daí foi a equipe de doação. A minha função era fazer o diagnóstico. Minha função como plantonista era fazer o diagnóstico da morte encefálica. E escrever e dizer para o médico intensivista: ‘está em morte encefálica'. Ele ou alguém do hospital comunicava a equipe de captação de órgãos que fazia... Eu não fazia parte da equipe de captação de órgãos. Desconheço a razão dessa acusação de envolvimento na morte encefálica porque eu não fiz... Eu só fiz o diagnóstico da morte encefálica", afirmou.



O urologista Rui Noronha Sacramento, de 60 anos, também rebateu as acusações do Ministério Público. "Em primeiro lugar, é uma mentira a acusação. Em segundo, eu há 36 anos sou médico para cuidar da vida das pessoas e para melhorar a vida delas. Nunca agi contra a vida em nenhum momento da minha carreira. Na equipe que há vinte e tantos anos, na cidade de Taubaté, realizou retiradas de rim, nefrectomias de cadáver para transplante renal, e que realizou transplante renal na cidade de Taubaté e em outras cidades lá, eu era o cirurgião responsável pela retirada do órgão e pela colocação nos outros pacientes que precisavam do transplante. Nunca foi feita retirada de órgão de paciente que tivesse o menor sinal de vida", disse.



O advogado João Romeu Correa Goffi, que defende Rui Sacramento, o nefrologista Pedro Henrique Masjuan Torrecillas e o neurocirurgião Aurélio de Carvalho Monteiro, também afirmou que seus clientes são inocentes das acusações.



"Esses rapazes [médicos] estão sendo injustiçados, profundamente injustiçados. Quando foram feitas as retiradas dos rins, não estavam somente eles, equipe de transplante, presentes na sala. Havia estudantes de medicina, anestesistas, havia um grande corpo clínico, pessoas que se interessavam em conhecer o procedimento. Então, como num contexto desse pode ter havido algo tão grotesco? Eles disseram que pelo que foi apresentado a eles, não dava para afirmar que os pacientes estavam mortos. Só que nós alegamos que houve manipulação de documentos. Havia um convênio entre a equipe daqui e a polícia para fazer esse serviço. E depois com o Exército. A aeronave do Exército fazia o transporte desses órgãos para São Paulo. Era uma coisa totalmente pública", disse o advogado Correa Goffi.



O G1 entrou em contato com a Polícia Rodoviária Federal em São Paulo e com o Exército, com sede na capital paulista, para comentar o assunto.



O departamento de comunicação da Polícia Rodoviária Federal disse desconhecer o transporte de órgãos humanos nos anos 80.



"Não é uma prática comum, corriqueira. Nem o transporte nem a escolta para o transporte. Se existir uma eventual solicitação, essa solicitação tem de ser devidamente documentada e oficiada. A polícia informa ainda que desconhece transporte de órgãos na década de 80. Os policiais têm treinamento de resgate, primeiros-socorros, e não transporte de um órgão humano. Nenhum policial rodoviário está autorizado a transportar órgãos", informou o departamento de comunicação.



O Exército divulgou nota na qual nega que tenha auxiliado no transporte de órgãos de Taubaté a São Paulo. "Considerando que o primeiro voo com origem na Base Aérea de Taubaté ocorreu em abril de 1989, a Força não possui registros anteriores a esta data", informou a nota.





Veja a reportagem na íntegra no link abaixo

Morre no RJ idosa que tinha sido achada viva em necrotério de hospital

Segundo a secretaria, paciente apresentou parada cardíaca por assistolia.


Ela estava internada na unidade desde o dia 23 de setembro.

Do G1 RJ



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Dona Rosa estava internada desde o dia 23 de

setembro (Foto: Reprodução/TV Globo)A paciente Rosa Maria Celestrino de Assis, de 60 anos, que foi dada como morta no Hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, morreu na noite de quarta-feira (12). Ela estava na UTI da unidade desde o dia 23 de setembro, com diagnóstico de AVE isquêmico extenso, agudo, bilateral e pneumonia comunitária grave e em choque séptico . A informação foi divulgada pela Secretaria estadual de Saúde, nesta quinta-feira (13).



No dia 23 de setembro, parentes da vítima foram ao necrotério fazer o reconhecimento do corpo quando perceberam que ela estava viva. A paciente foi internada no CTI da unidade.



De acordo com a secretaria, a idosa "tinha história de sequela de lesões cerebrais isquêmicas prévias e diabetes mellitus. Ela evoluiu com quadro clínico de instabilidade hemodinâmica, dependente de ventilação mecânica e de drogas vaso ativas".



Ainda de acordo com a secretaria, às 20h de quarta-feira, ela "apresentou parada cardíaca por assistolia e apesar das manobras de ressuscitação o óbito foi constatado às 21h.



Como aconteceu

No dia 23 de setembro, a paciente que já havia sofrido dois derrames chegou respirando com a ajuda de parelhos na unidade. Às 19h20, a enfermeira da emergência teria chamado o médico de plantão porque a paciente não apresentava mais sinais de vida. O médico, então, teria feito alguns testes e assinado no prontuário do hospital que ela havia morrido.



Com base neste prontuário, o chefe do plantão emitiu uma declaração de óbito e a mulher foi levada para o necrotério do hospital. Apenas às 22h, enquanto fazia o reconhecimento do corpo, foi que a família percebeu que ela estava viva. Um dia depois, a Secretaria estadual de Saúde informou que abriu uma sindicância para apurar o



Segundo a direção do hospital, o médico que atestou o óbito pediu demissão e a enfermeira foi demitida. De acordo com a polícia, se for comprovada a negligência, os responsáveis podem ser autuados por lesão corporal ou, se a paciente morrer, por homicídio.



Secretário instala gabinetes

Na época , o secretário estadual de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes, disse que "tem tolerância zero para erros com pacientes", por isso, instalou no Hospital de Saracuruna um gabinete de crise para fazer uma avaliação completa de tudo o que aconteceu nos recentes casos de mau atendimento a pacientes na unidade de saúde.

Veja a reportagem na íntegra no link abaixo
http://glo.bo/oFyY7l




terça-feira, 11 de outubro de 2011


RIO - Encravado numa região que será totalmente remodelada para os Jogos Olímpicos de 2016, o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra, padece com problemas antigos e graves: a superlotação e a falta de profissionais. Numa blitz na tarde de segunda-feira, o vereador Carlos Eduardo (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara, flagrou 98 pacientes internados na emergência. O número supera em 104% o limite de boxes: 48.



Pacientes com diagnósticos distintos aguardavam atendimento no corredor. Tudo sob a supervisão de apenas um médico de plantão. Do lado de fora, mais problemas: o Serviço de Pronto Atendimento (SPA) da unidade estava fechado. Funcionários argumentavam que um médico havia pedido demissão. O outro responsável tinha faltado.



Morador de Santa Cruz, o comerciante Jeferson Heitor Silva, de 37 anos, contou que estava na maca há uma semana à espera de um diagnóstico. Com suspeita de pancreatite, ele havia procurado a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de seu bairro. Lá, foi orientado a ir ao Lourenço Jorge.



— Estou com muita dor e só quero resolver isso de uma vez. Estou esperando há sete dias e até agora não tive nenhuma resposta — protestou.



Ao seu lado, o estoquista Fabiano Lourenço, de 31 anos, explicou que estava com pedra na vesícula. Assim como Jeferson, ele aguardava um retorno dos médicos.



— Moro no Leme, e minha esposa, que está grávida, vem todo dia acompanhar minha situação. Não sei por que não me mandaram para o Rocha Maia (em Botafogo). Ninguém diz nada, há superlotação e descaso. O sufoco é grande.



Carlos Eduardo considerou a situação do hospital um descalabro e afirmou que fará denúncia ao Ministério Público estadual:



— A prefeitura está praticando a medicina de corredor. É uma vergonha um hospital que dará suporte à Copa e às Olimpíadas estar nesta situação. O CTI infantil está fechado há mais de dois anos. Faltam macas e médicos.





Direção: hospital trabalhava acima da capacidade

Segundo a direção do Hospital municipal Lourenço Jorge, a unidade trabalhava na segunda-feira acima de sua capacidade máxima. “Os casos mais graves eram priorizados, e o atendimento era feito conforme a gravidade, e não por ordem de chegada”, informou a Secretaria municipal de Saúde, em nota.



Ainda de acordo com a prefeitura, nos últimos dois anos a secretaria dobrou o acesso à rede de urgência e emergência, com a ampliação dos serviços hospitalares e a abertura de dez unidades de pronto atendimento, que trabalham de forma integrada aos hospitais.



O governo municipal acrescentou, em nota, que “vem investindo na modernização e reestruturação da sua rede hospitalar. Em toda a rede municipal, o número de procedimentos ambulatoriais cresceu, passando de 20,8 milhões em 2008 para 26,4 milhões em 2010 e 16,9 milhões neste ano, no primeiro semestre. Além disso, os índices de mortalidade hospitalar na rede SUS chegaram ao menor índice registrado na cidade”.







Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/no-hospital-lourenco-jorge-atendimento-no-corredor-vira-rotina-2741132.html#ixzz1aQINzaMM

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

2ª Romaria da paz - Belém do Pará -06/10/2011

Romaria em defesa da paz




Familiares de pessoas vítimas da violência ou negligência médica no Pará e também em outros Estados realizaram ontem (06) a 1ª Romaria da Paz, com o intuito de promover e despertar sentimentos de paz, amor e justiça na sociedade. A romaria, que saiu do Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN),



















segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Bebê morto some do Hospital das Clínicas Niterói - Rio - Extra Online


RIO - O corpo da recém-nascida Isabel Martins, que morreu no dia 27 de setembro deste ano após nascer prematura, desapareceu do necrotério do Hospital das Clínicas de Niterói (HCN), no Centro do município. Os pais do bebê, a assistente administrativa Natália Paes, de 30 anos, e o comerciante Rodrigo Martins, de 35 anos, souberam do sumiço no último dia 29, quando Rodrigo esteve no hospital para retirar o corpo e enterrá-lo no cemitério de Maricá, onde moram.




— Passei quatro horas no hospital com a funerária à espera do corpo. Depois desse tempo todo, a direção nos comunicou o sumiço — diz Rodrigo.



Segundo o pai do bebê, enquanto ele a mulher aguardavam o corpo, o hospital enviou um representante à 76 DP (Centro de Niterói) para registrar o desaparecimento.



— A direção disse que o corpo pode ter sido levado junto com os lençóis para a lavanderia ou ter sido retirado do necrotério por engano de uma funerária. Dois absurdos — reclama a mãe.



Em nota enviada à imprensa, ontem, a direção do HCN lamentou o ocorrido e disse que foi instaurada sindicância interna para apurar a responsabilidade. Um relatório com as possíveis causas do episódio será apresentado nos próximos 15 dias.



“Vale ressaltar que, em 20 anos, o HCN nunca registrou nenhum fato semelhante”, afirma um trecho da nota.










Bebê morto some do Hospital das Clínicas Niterói - Rio - Extra Online

sábado, 1 de outubro de 2011

Homem de 80 anos tem atendimento negado em hospital de São Paulo

Edição do dia 29/09/2011




29/09/2011 21h14 - Atualizado em 29/09/2011 21h14


Ele estava sozinho quando sofreu uma crise de hipertensão. Ligou para a central da Samu e pediu socorro. Mas não passou da porta do hospital.
É para o Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha, administrado pelo governo do Estado de São Paulo, que as ambulâncias do Serviço Médico de Urgência, o Samu, levam pacientes da Zona Norte. Nesta quinta-feira (29) à tarde chegaram três no intervalo de uma hora. Todos foram atendidos.




Mas, durante a madrugada foi diferente. Como contou a atendente do Samu, que não quer ser identificada.



“A enfermeira que estava lá falou que não iria atender, que estava fechado para o Samu. Eu saí, eles fecharam a porta na minha cara”, contou.



Quem precisava de atendimento era um homem deitado na maca. Ele tem 80 anos, é viúvo, não tem filhos e, estava sozinho quando sofreu uma crise de hipertensão. Ele ligou para a Central da Samu e pediu socorro. Mas não passou da porta do hospital.

Veja nos links abaixo as reportagens:

http://glo.bo/pm5mJi

http://glo.bo/o5AAHc

http://glo.bo/q8N1PD