segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pacientes enfrentam dificuldade para conseguir atendimentos nas UPAs




Com uma câmera escondida, Bom Dia Rio percorreu 11 unidades.

Segundo denúncias, a situação é pior nos fins de semana.
Durante os quatro dias do feriado prolongado, o Bom Dia Rio percorreu Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na Região Metropolitana do Rio. Desde quinta-feira (23), 11 UPAs foram visitadas com uma câmera escondia. O objetivo era checar denúncias de que existem poucos médicos trabalhando e a situação ficaria pior nos fins de semana.




Os nomes dos médicos escalados para o plantão são publicados diariamente no site da Secretaria estadual de Saúde. Clique aqui e veja o horários de plantão dos médicos. A medida é para que qualquer pessoa possa cobrar a presença dos profissionais.



Na quinta, o Bom Dia Rio percorreu três UPAs da Zona Oeste e a resposta dos atendentes era de que não havia médicos trabalhando. Na UPA de Irajá, na sexta-feira (24), nenhum dos cinco médicos escalados para o plantão, que começa às 7h, apareceu para trabalhar. Havia apenas um clínico na unidade.



No domingo (26), na UPA de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, não havia nenhum médico pediatra para prestar atendimento. Em casos mais graves, os clínicos de plantão faziam o atendimento das crianças. O menino Cauã, de 4 anos, abriu a testa e foi socorrido. “Vim de três hospitais e não tem pediatra nenhum. Amanhã vou levar ele ao pediatra particular, pagando”, contou a mãe do menino.



A Secretaria estadual de Saúde informou que o primeiro pediatra chegou à unidade de Duque de Caxias às 13h de domingo e que não foi possível realocar outro plantonista para prestar atendimento no local. Os pacientes que chegam em estado grave são transferidos para outra unidade, informou ainda a Secretaria.



Na Ilha do Governador e em Marechal Hermes, o funcionamento estava normal. Na unidade de Realengo, os pacientes também não precisavam esperar muito para serem atendidos. “Não está demorando como costuma demorar. Aqui o atendimento às vezes vai a sete, oito horas”, disse uma atendente.



Punição

Os profissionais de Saúde que faltam ou se atrasam sem justificativa podem ser advertidos, receber desconto nos salários, suspensão ou podem até ser demitidos.



Além do salário de R$ 5 mil por mês em média, os médicos do estado do Rio recebem por fora, quando dão plantões extras. Por plantão, os clínicos ganham R$ 1.600 nos dias de semana e R$ 2 mil nos fins de semana. Os pediatras, a cada plantão, ganham R$ 2.100, de segunda a sexta, e R$ 2.600 nos fins de semana.



Mas a gratificação parece não garantir a presença dos profissionais. Quem esteve nesta sexta na UPA de Irajá, com crianças passando mal, teve que procurar atendimento em outro lug

Veja a reportagem no link abaixo
http://www.orkut.com.br/Interstitial?u=http://glo.bo/jLKlTK&t=AE8CvPwxAmgbJVhBWlE-RQ4YZGBn2AsB8xVF6BHPOhTLLepkcou6qJpV89btnA5JBcIcq4CgFTjFWubyjMexdr4Egu0z4qwcLwAAAAAAAAAA

domingo, 26 de junho de 2011

Caso Mariana Domingues



Minha filha de 16 anos, feitos no dia 16/08/2009





No dia 19/08/2009 ela acordou inchada de um lado e achamos que podia ser do dente.

No dia seguinte os 2 lados do rosto estavam inchados e sentia dores.

Levei ao Pronto atendimento e disseram que era uma caxumba, apesar de nao ter sido feito nenhum exame.

Tres dias depois, como o quadro piorava, levei novamente ao medico,

desta vez no hospital, quando confirmaram a caxumba, medicaram pra dor

e me mandaram de volta com ela pra casa.

No dia 27, tres dias depois, ela acordou pior, vomitando sangue e levei ela correndo pro hospital

Só entao foram feitos os exames que deveriam ter sido feitos antes

e ela tinha uma bacteria gangrenosa na faringe, teve complicaçoes, 3 paradas cardiacas

e nao resistiu.

Perdi minha filha no dia do meu aniversario, dia 27 de agosto

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Na Zona Oeste, três UPAs estavam sem médicos no feriado - Rio - Extra Online

Na Zona Oeste, três UPAs estavam sem médicos no feriado - Rio - Extra Online

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cremerj na Justiça contra a ANS


Extra / Economia





22 / 06 / 2011

Andréa Machado

Conselho de Medicina questiona norma que determina prazo máximo para agendamento de consultas e exames



A determinação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de que o agendamento de consultas e exames pelos planos de saúde deverá acontecer no prazo máximo de sete a 21 dias — dependendo da especialidade e do tipo do procedimento — vai parar na Justiça. O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) prepara uma ação contra a norma, publicada na segunda-feira passada.

Para a médica Márcia Rosa de Araújo, presidente do Cremerj, a medida é inconstitucional e servirá somente para abalar as relações entre médicos e pacientes.

—Eles querem jogar os pacientes contra os médicos. Ninguém vai procurar um advogado e dizer que ele terá que resolver um número determinado de processos por ano. A resolução é um tremendo absurdo — contestou a médica.

De acordo com Márcia, pelo menos 40% dos médicos já se descredenciaram de algum plano de saúde no último ano. E, por conta da resolução da ANS, esse número ainda pode aumentar.

— Cresce o poder econômico das classes no país e, com isso, aumenta o número de pessoas contratando planos de saúde. Mas com a mesma quantidade de médicos credenciados. Hoje, é possível dizer que há mais descredenciamento do que credenciamento de médicos — afimou Márcia.



Insatisfação

Um dia após a ANS publicar uma resolução, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou uma pesquisa em que mostra que quase 60% dos usuários de plano de saúde relataram enfrentar, no último ano, algum problema no serviço oferecido pelas operadoras. Segundo o estudo, a queixa mais comum dos consumidores (26%) é a demora em conseguir atendimento em pronto-socorro, laboratório ou clínica.









novas regras para planos de saúde




Marcação de consultas terão que acontecer em sete dias, diz ANS



Por Diana De Marchi (dmarchi@eshoje.com.br).



Em 90 dias os planos de saúde terão que aderir as novas regras da Agência Nacional de Saúde (ANS), em que devem garantir um prazo para agendar determinadas consultas, conforme publicado no Diário Oficial da União (DOU) nesta quarta-feira (20). Nas ruas a população que utiliza do atendimento privado de saúde está animada com as novas normas, que na teoria estabelece para consultas básicas, como por exemplo, pediatria e ginecologia, que o paciente seja atendido em até sete dias. Mas a maioria desconfia que na prática os planos vão cumprir com os agendamentos das consultas conforme o prazo determinado pela ANS.



"Se realmente os planos de saúde fizerem uso das novas condições de agendamento, será muito bom. Ainda mais para as pessoas idosas que utilizam com mais frequencia o plano de saúde e precisam de um atendimento prioritário e rápido. Agora, na prática é que vamos saber se vai realmente acontecer", opinou o analista de crédito Kalil Gibran Chagas, usuário do plano PHS.



Para a web designer Renata da Câmara, 27, usuária do plano de saúde empresarial AMS, da Petrobrás, a idéia de estabelecer um prazo para a marcação de consultas é ótima, o que ajudaria melhorar os atendimentos até mesmo para quem utiliza os serviços dos planos de saúde, que acredita está deixando a desejar. "A saúde está muito falha. Fazemos um esforço para pagar um plano de saúde e queremos um atendimento diferenciado. Vamos aguardar e conferir se na prática eles vão realmente fazer valer", disse.



A expectativa em cumprir com as regras por parte dos planos de saúde fez a aposentada Vera Lúcia Silva, 62, usuária do plano Unimed, levantar alguns questionamentos em relação ao valor pago. "Apesar de muitas vezes pagar caro para ter a garantia de um bom atendimento com a saúde, nem sempre somos recebidos como devemos ao procurar os serviços da operadora. Acredito que, se os planos levarem a séria as novas mudanças, vai ser muito bom", disse.



Conforme consta na resolução os planos de saúde deverão garantir o agendamento das consultas básicas em um prazo de sete dias úteis. A modalidade abrange consultas como pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia.



Em casos de agendamentos de fonaudiólogos, nutricionistas, psiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, serviços de diagnósticos e terapia, a resolução estabelece um prazo máximo de dez dias úteis para os agendamentos. As normas valerá também para consultas e procedimentos realizados em consultórios ou clínicas com cirurgião-dentista, que deverá beneficiar o usuário com agendamento de consulta em até sete dias úteis, conforme o mesmo prazo para as consultas básicas.



Já para as outras especialidades as novas regras da ANS estabelece um prazo de até 14 dias úteis para que sejam feitos os agendamentos. No caso dos procedimentos em alta complexidade e atendimento em regime de internação em até 21 dias. O que não sofre alteração e cabe ao profissional responsável pelo atendimento estabelecer, será no prazo para as consultas de retorno.

sábado, 18 de junho de 2011

CAMINHADA CONTRA O DESCASO NA SAÚDE PÚBLICA



Familiares de vítimas defendem exame similar ao feito pela OAB

O economista Francisco Barbosa, 47 anos, perdeu o filho Alan, 17 anos, em uma cirurgia bariátrica (de redução do estômago), em junho de 2009. 

O pai do psicólogo Sandro Machado de Lima, 40 anos, Aidir Apinajé de Lima, morreu aos 73 anos em uma transfusão sanguínea, em maio do ano passado. Essas foram apenas duas das histórias que reuniram ontem, em Belém, pais, filhos, tios, irmãos e amigos de vítimas de erros médicos, além de estudantes de medicina e profissionais da área de saúde. Eles se encontraram na Praça Santuário, em Nazaré, de onde saiu a "2ª Caminhada em prol da Saúde e da Paz", às 10 horas, em direção à Praça da República.
"A gente sente que os erros médicos têm aumentado e acabou aquela relação entre médico e paciente que existia antigamente", afirmou Francisco Barbosa, cujo filho faleceu quando o médico fez a cirurgia bariátrica sem a equipe médica.

A caminhada foi organizada pela Associação das Vítimas da Impunidade Médico-Hospitalar (Avim-h). Representante do movimento "Basta com erros médicos", do Rio de Janeiro, o psicólogo Sandro Machado de Lima veio a Belém participar. "A gente não busca vingança, mas justiça", afirmou ele, cujo pai morreu após um "somatório de erros" cometidos durante uma transfusão de sangue. "Desde o procedimento de transfusão até a omissão de socorro", revela.

O grupo do Rio de Janeiro defende o Projeto de Lei 6867/2010, que obriga os profissionais de saúde a se submeterem a uma avaliação "nos moldes que é feito pela Ordem dos Advogados do Brasil", explica. Segundo Sandro, em dezembro do ano passado uma avaliação com profissionais de São Paulo reprovou 70% dos que se submeteram, revelando que muitos não sabiam questões sobre procedimentos mais comuns. "Nós conseguimos desarquivar o projeto na Câmara Federal, em Brasília, e agora precisamos colocar em votação", enfatiza.

O deputado estadual Edmilson Rodrigues (PSOl) participou da caminhada. "Têm ocorrido vários problemas, como o caso de pessoas que perderam a vida por causa da negligência. O estresse, as longas horas de trabalho, podem resultar em erros. Mas, às vezes, o estresse, provocado pelo acúmulo de horas de trabalho, também pode ser consequência do interesse do médico de obter mais lucro", avalia.

O psiquiatra Helenilson Santos participou da caminhada e disse que os trabalhadores de saúde se unem à sociedade para melhorar o sistema de saúde. "Tem gente morrendo na fila de hemodiálise ou enquanto busca tratamento na área de oncologia. Essa mobilização não é apenas para falar de erro médico, mas também sobre a negligência do sistema. A situação na área da saúde é tão difícil, que muitos profissionais estão saindo do setor público para ir para o privado. Foi por essa negligência geral que faz muitas pessoas morrerem que eu resolvi me juntar ao movimento", explicou.

Fonte: O Liberal















"Agradeço pelo apoio do MOVIDA,ASPACEM,AVIM-H e de todos os profissionais da saúde que estiveram prestigiando o evento.Todos junto por um Brasil melhor"

Sandro Machado

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Médicos formados fora do Brasil não conseguem trabalhar




Jovens brasileiros estudam medicina em universidades de países vizinhos, onde a mensalidade é mais barata, mas, na volta ao Brasil, não conseguem registro para trabalhar.







São as histórias de milhares de estudantes brasileiros que buscam em faculdades de países vizinhos a realização de um sonho: virar médico. Eles sofrem com a distância das famílias, com a falta de dinheiro e de conforto. Quando voltam ao Brasil, formados, ainda têm que enfrentar mais um drama. A reportagem é de Eduardo Faustini.



Na classe de uma faculdade de medicina na Bolívia em dia de prova, apenas um aluno era boliviano. Todos os outros eram brasileiros.



“Só na minha faculdade, podemos falar em seis mil estudantes brasileiros em Cochabamba, Santa Cruz e Cobija”, afirma o vice-reitor da Universidad Técnica Cosmos (Unitepc), José Teddy.













saiba mais

Padre é acusado de exercício ilegal da medicina em MT

Número de médicos pediatras no Brasil diminuiu

Por que tanta gente está estudando medicina fora do Brasil? A resposta está na ponta da língua de todo aluno. “É bem mais fácil, a gente não tem vestibular”, declara Michel Mendonça, estudante sul-mato-grossense. “A gente vai pagar, mais ou menos, seis vezes menos do que se pagaria no Brasil”, afirma Pedro Adler, esutdante acreano.



As mensalidades dos cursos de medicina privados no Brasil variam de R$ 2,5 mil a R$ 6 mil. Em uma faculdade de Cobija, fronteira da Bolívia com o Brasil, custa pouco mais de R$ 500.



“Meus pais não têm condições financeiras de pagar e nem para me ajudar. Se eu tivesse condições, provavelmente eu estaria fazendo no Brasil. Eu sempre quis fazer medicina, acho que desde que eu me entendo por gente. Então, eu decidi vir para cá”, conta Antônia Maria Cândido, estudante acreana.



Para se manter em Brasiléia, no Acre, a poucos quilômetros da faculdade boliviana, Antônia trabalha como manicure e garçonete.



O Brasil é o segundo país com maior número de escolas de medicina, só perde para a Índia. No Brasil, são 180 faculdades de medicina, todas com vestibular.



“Eu tive que estudar por conta própria. Passei em algumas faculdades lá, mas não em medicina. Por isso, eu me arrisquei tudo vindo aqui”, diz Anderson Figueiredo, estudante carioca.



Anderson saiu do Rio para estudar medicina e morar em um em Cobija, na Bolívia. “Não fico muito aqui, porque é apertado e quente. É horrível ficar muito tempo aqui. Não tem uma cozinha, não posso te oferecer uma água, porque a água é quente. Então, eu tento passar o máximo de tempo na faculdade”, conta. “Fiquei dois dias com bala de hortelã no estômago. Não tinha dinheiro para o almoço, nem para o lanche. Espero que eu consiga continuar”.



No Brasil, medicina costuma ser o curso mais caro nas universidades e, muitas vezes, o mais concorrido.



“Eu tinha vontade de ser médico. Era um sonho, mas não tinha condições, porque meu estudo foi muito fraco. E uma faculdade particular, eu não tenho condições de pagar. Eu trabalho na área de saúde desde os meus 18 anos. Eu ingressei através da minha mãe que é auxiliar de enfermagem, que me colocou cedo na área de saúde. Comecei a trabalhar cuidando de idoso”, conta Lucas Rodrigues, estudante mineiro.



Lucas divide a casa em Brasiléia e o sonho de virar médico com a prima e namorada Naruanna Cristina Rodrigues, também de Minas Gerais. “A gente se arruma, vai para a faculdade, volta a pé no sol quente, e estuda bastante”, diz a jovem.



“Minha mãe trabalha para me passar o dinheiro todo mês, e eu estou aqui correndo atrás. Hoje, minha mãe está trabalhando 36 horas seguidas”, revela Lucas.



“Eu saio daqui às 7h, trabalho 12 horas. Saio de um trabalho, vou para outro e trabalho mais 12 horas. Aí, retorno para o outro do dia para trabalhar mais 12. Hora nenhuma, eu me sinto abatida, com medo, de nada. Eu vou dar conta até ele se formar”, afirma Maria José Rodrigues, mãe de Lucas.



Todo o dinheiro que a mãe de Lucas ganha cuidando de idosos, em Uberlândia, Minas Gerais, ela manda para o filho. “Eu não mexo no meu salário, não posso, não compro um pão com ele”, diz Maria José.



Para seu sustento, sobra o rendimento da venda de balas de coco. “Eu faço de seis a oito quilos por noite. Noite sim, noite não, fazendo bala de coco gelada. Ainda bem que é bem aceita. Você faz e vende tudo, é uma beleza, ajuda muito no orçamento”, conta a mãe do estudante.



O dinheiro para Naruanna vem das aves ornamentais que seus pais criam no quintal para vender. Eles também fazem de tudo para ajudar a filha.



Maria Cristina Ribeiro Goes, mãe de Naruanna: Se precisar vender a casa e o carro, a gente vende.

Naruanna Cristina Rodrigues: A minha mãe até escreveu umas cartas para o Lula, contando nossas dificuldades.

Maria Cristina Ribeiro Goes, mãe de Naruanna: Aí entrou a Dilma, e eu continuei escrevendo para a Dilma. Expliquei a dificuldade que eles estavam passando lá, que estava sendo muito difícil, o calor que eles estavam enfrentando, o dinheiro, a situação financeira.



“A gente fala 'o Lucas está passando dificuldade, está passando necessidade'. Eu tenho tanta vontade de me formar, de me tornar médico, que eu não vejo por esse lado. O que me deixa mais inseguro é saber: amanhã, se eu formar na Bolívia, qual que vai ser minha aceitação no Brasil?”, comenta Lucas.



Ter um diploma estrangeiro de médico não dá o direito de exercer a profissão no Brasil. Não importa se o curso foi na Bolívia ou na Suíça, é preciso passar por uma revalidação de diploma, um processo longo, difícil e caro.



“Tem prova, viagem, o que eu estou gastando com advogado que está assessorando, que tem um valor, o valor da faculdade, o valor da moradia aqui”, declara André de Almeida, formado no Paraguai. “Eu acho que chegaria em torno de uns R$ 100 mil”, diz Guilherme Junqueira Santos, formado em Cuba. “Já tem quatro anos que eu estou tentando isso”, declara Cíntia Brandão Freire, formada na Argentina.



Em uma faculdade particular, em Caratinga, Minas Gerais, os recém-formados fazem um curso de complementação, de aulas que não tiveram no exterior. Há ainda as provas que, pelas regras atuais, só podem ser dadas por universidades federais. O índice de aprovação costuma ser baixíssimo. Em quatro federais que recentemente receberam entre 200 e 400 inscritos cada, nenhum foi aprovado. Na Federal de Minas Gerais, no ano passado, de 100 inscritos, apenas 11 conseguiram passar na prova.



“Eu já fiz a prova várias vezes. E, muitas vezes, foram injustas as provas”, critica Cintia. “As provas têm um caráter, um nível superior ao de um graduando. São provas para especialistas. Eu acho injusto o processo de revalidação de diploma no Brasil”, aponta Diógenes Freire, formado na Bolívia.



Com o número de formados fora do Brasil aumentando e, junto com ele, as reclamações de que o sistema de revalidação dos diplomas é injusto, o governo decidiu fazer uma prova em Brasília no ano passado. Mas, novamente, houve reprovação em massa: 628 inscritos e apenas dois aprovados.



“O número alto de reprovações se deveu a dois motivos. Em primeiro lugar, candidatos que tinham um preparo inadequado, e em segundo lugar houve um exagero na nota de corte, na nota mínima para a aprovação”, comenta o secretário do Ministério da Saúde, Milton de Arruda Martins.



Para este ano, o governo promete a implantação de um novo sistema: uma prova única, aplicada em vários pontos do Brasil. “Ele vai ter um nível adequado para a avaliação se o médico tem condição de atender à população. Existem médicos que vêm do exterior com uma formação muito boa e médicos com uma formação muito fraca”, afirma o secretário do Ministério da Saúde.



“Tem que ter um critério de avaliação, porque nós fomos lá fora e eles não sabem o que nós demos lá. Eu sei, mas as pessoas não sabem”, diz Lindalva Lacerda Lessa, formada na Bolívia.



O doutor Edson Braga Rodrigues se formou na Bolívia. “Passei dois anos, praticamente dois anos sem CRM, sem poder exercer porque não tinha CRM”, conta.



Ele fez a prova de revalidação em três universidades federais e passou na última. Hoje, é diretor clínico do Hospital de Brasiléia. “Eu acredito que a formação depende de cada um. A oportunidade dos jovens mais carentes terem uma formação em medicina é essa, é procurar as faculdades da América Latina. O meu caso é um. Eu não teria condições de me formar no Brasil”, revela Dr. Edson.



“A gente foi formado para ajudar o próximo. Nós estamos na medicina, que nos fez ir para outro país distante, para ajudar o próximo. A gente quer somente isso, não quer coisa de outro mundo, quer trabalhar”, declara Diógenes.



Só com o diploma revalidado, é possível conseguir o CRM, o registro em um dos conselhos regionais de medicina, que permite o exercício da profissão no Brasil.



“Quando você está estudando, tudo é um sonho, tudo é alegria, tudo é bonito. Você está estudando medicina”, afirma um homem, formado em medicina na Bolívia, que tenta há dois anos revalidar seu diploma. Para pagar os custos das várias tentativas, dá plantões em hospitais no interior da Bahia, clandestinamente.



“Geralmente são plantões de fim de semana. Você vai trabalhar naquela cidade. Amanhã, já vai para outra cidade. O preço é o que eles pagam. Se normalmente é R$ 1 mil de um médico que tem CRM. Para os médicos sem CRM, é em torno de R$ 500”, diz o homem.



Ele trabalha para empresas que se definem como cooperativas e oferecem mão-de-obra médica aos hospitais. “Se der qualquer problema com pacientes, se der qualquer problema jurídico, o que a cooperativa diz é que não sabia que você não tinha CRM. Ou seja, lava as mãos. Mas ela sabe”, afirma.



Para assinar receitas, atestados, o homem usa um CRM falso. “Você entra no site do Conselho Regional de Medicina, você vai procurar um médico que tenha mais ou menos a sua idade. Esse é o grande problema, porque você pode ser preso, primeiro, por ser falso médico, e segundo por falsidade ideológica”, declara.



Nos últimos anos, a polícia prendeu médicos sem CRM nos estados do Pará, Amazonas, Acre, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Sergipe, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná.



No início do ano passado, Edilson Bezerra da Silva, de 29 anos, foi preso no pronto-socorro de Ponta Grossa, no Paraná. Com diploma boliviano, ele usava o CRM de um médico de Curitiba. “Ele está respondendo pelo exercício ilegal da medicina e pela falsidade ideológica”, declarou o delegado Jairo Luiz Duarte Camargo.



O dono da empresa que ofereceu o serviço do falso médico para o hospital também foi preso. Hoje, os dois estão soltos, mas respondem a processo na Justiça.



O Brasil tem 347 mil médicos e forma 13 mil novos por ano. “O governo brasileiro considera que o número de médicos existente no Brasil é inadequado. Existe a necessidade de formar mais médicos, só que esses médicos têm que ser formados com qualidade, com responsabilidade”, afirma o secretário do Ministério da Saúde, Milton de Arruda Martins.



O Conselho Federal de Medicina discorda, acha que o Brasil já tem médicos suficientes. “O que nós temos não é falta de médico. Nós entendemos que existe uma distribuição inadequada”, declara o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Correa Lima.



Enquanto na cidade de São Paulo, existe um médico para cada 240 habitantes, no Acre, há um para cada 980, uma média comparável a países africanos.



Para fazer medicina na Bolívia, Nadjele Ferreira dos Santos e Raíssa Mendes Miranda deixaram as famílias em Nova Mamoré, no interior de Rondônia. O pai de Nadjele é açougueiro, o de Raíssa, taxista.



Foi com muita relutância que Hamilton deixou Raíssa ir para outro país com 17 anos. “Vou completar 18 anos aqui, sozinha, longe de casa. É difícil, mas para realizar um sonho a gente faz qualquer coisa”, diz a estudante acreana.



“Eu tenho que levantar às 5h, saio de carro e não sei que a horas chego, porque eu pago prestação de carro, eu pago a faculdade dela, despesa de casa e não tenho outra renda”, declara Hamilton Mendes, pai de Raíssa.



Quando formadas, as duas amigas querem trabalhar em Nova Mamoré. “todos os pais têm um sonho de ver o filho formado. Meu sonho é fazer pediatria”, revela a estudante Nadjele.



“Aqui não tem esse tipo de médico. Falta tudo. Ontem mesmo, um menino meu ficou meio doente, e nós levamos no pronto-socorro, não tinha nenhum médico ali. Aí eu lembrei, minha menina está no caminho certo”, declara Valdir Santos, pai de Nadjele.



“Eu tenho um sonho de ser geriatra, para trabalhar cuidar de idoso”, afirma Lucas. “No meu consultório, vai ter uma plaquinha: dona Naruanna Cristina Rodrigues e doutor Lucas Rodrigues”, aponta Naruanna. “O Lucas vai ser médico, toda vida eu soube disso”, declara a mãe do estudante.



Para o carioca Anderson, o sonho de ser médico acabou. Há dez dias, ele voltou para o Brasil. “O que mais me fez desistir é que eu sei que quando sair dali a luta vai continuar maior para conseguir exercer no Brasil”, revela.



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Click no link abaixo e veja a reportagem na íntegra
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1664045-15605,00.html






Falso médico atendia em posto de saúde

Alexandre Garcia fala sobre a falta de médicos na rede pública