segunda-feira, 9 de março de 2015

Na crise da Saúde, Justiça manda entregar até fraldas descartáveis

Em dois anos, 20 mil pessoas buscaram o Judiciário para garantir internações, transferências e remédios

FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - A crise nos hospitais do Rio, principalmente os de referência, como O DIA mostrou ontem, está obrigando parentes de pacientes a recorrer à Justiça para obter socorro imediato. Estima-se que pelo menos 20 mil pessoas apelaram ao Ministério Público e às defensorias nos últimos dois anos para conseguir internações, medicamentos, consultas, exames e até fraldas.
Marília (E) e Michele Calixto alegam ter aguardado 28 horas para retirar o corpo da mãe no Souza Aguiar
Foto:  André Luiz Mello / Agência O Dia
“Infelizmente, tornou-se comum a concessão de liminares deferidas em casos extremos. Quando o cidadão chega a esse ponto, é porque não tem mais a quem pedir ajuda”, diz Samantha Monteiro, coordenadora do Núcleo da Fazenda Pública da Defensoria do Estado, que, em 2012, com a Procuradoria-Geral do Estado, criou a Câmara de Resolução de Litígios de Saúde.
Levantamento do órgão mostra que, entre 2013 e 2014, a Justiça determinou que 216 internações compulsórias e outras 200 transferências fossem feitas. Já o número de hemodiálises por ordem judicial chegou a 42 casos, além de 60 ressonâncias magnéticas, 90 consultas e a concessão de fraldas descartáveis a 100 pessoas. No período, a Justiça mandou ceder mais de 600 caixas de remédios, como os de pressão e insulina.
De acordo com Samantha, boa parte dos casos que não chegaram a se transformar em ações judiciais foi resolvida lá. “Muita gente acaba procurando as defensorias por desconhecimento de seus direitos. Uma vez esclarecidos, os problemas acabam sendo resolvidos, sem se transformarem em ações judiciais”, ressalta.
AGONIA APÓS MORTE
Outros casos desafiam o senso comum. Parentes de Erinete Bernardo Calixto Castro, de 53 anos, que morreu no CTI do Souza Aguiar, no Centro, vão processar o município pela demora na liberação do corpo da mulher. Na certidão de óbito consta que Erinete morreu às 7h42 de quinta-feira, mas, de acordo a família, o cadáver só foi liberado 28 horas depois.
“Não tivemos tempo suficiente sequer de velar minha mãe”, lamentou Michele Fernandes Calixto Castro Santos, 34, que registrou o caso na 5ª DP (Mem de Sá). Na quinta-feira, conforme a outra filha de Erinete, Marília Calixto Costa, 32, ela, Michele, e a tia dela, Eliete Calixto, 56, passaram o dia todo em frente ao hospital em busca de informações sobre a morte de Erinete, sem sucesso. Ainda de acordo com Michele, a mãe, que foi internada no Souza Aguiar na quinta-feira anterior, teria contraído até piolho no hospital.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que todos os pacientes e leitos do CTI são limpos diariamente e que “a filha da paciente”, avisada prontamente do óbito só retornou ao hospital para retirar o corpo por volta de 12h de sexta-feira. “É mentira”, rebateu Michele.
Filas até em unidades privilegiadas
De acordo com o Cremerj, o Sindicato dos Médicos, e a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, mesmo nos hospitais de referência que recebem mais recursos, como o Instituto de Traumatologia (Into), o Instituto Nacional do Câncer (Inca) e o Estadual do Cérebro — que atende apenas um terço do volume do Hospital do Andaraí, mas recebe mais recursos — os pacientes continuam sofrendo em filas.
“Muitos morrem antes na espera”, lamenta o vereador Paulo Pinheiro (Psol), da Comissão de Saúde, ressaltando que 13 mil pessoas aguardam cirurgia no Into e outras 14 mil esperam por operações nos hospitais federais de Bonsucesso, Andaraí, Lagoa e Ipanema.

Fonte : Jornal O DIA

Pacientes enfrentam falta de remédio para tratar câncer no Rio

09/03/2015 08h46 - Atualizado em 09/03/2015 08h46

Pacientes enfrentam falta de remédio para tratar câncer no Rio

Alguns estão há três meses sem receber medicação.
Falta do remédio coloca em risco a visão dos doentes.

Do G1 Rio
Pacientes que precisam do medicamento Cabergolina, usado para o tratamento de tumores na hipófise, estão há três meses sem receber o remédio. A falta da medicação coloca em risco a qualidade de vida dessas pessoas, que podem perder a visão. As informações são do Bom Dia Rio desta segunda-feira (9).

Há 14 anos, Jaciara Avelino tem um tumor na hipófise, uma glândula que fica na base do cérebro. Ela faz tratamento no Hospital dos Servidores do Estado e precisa tomar medicamentos regularmente. Entretanto, que um dos remédios, a Cabergolina, está em falta.
“Eu passo muito mal com a falta do remédio, sinto muita dor de cabeça, me dá muito enjoo. Isso está me causando muitos danos e eu tenho medo de subir e esse tumor na minha cabeça crescer mais ainda na minha hipófise”, disse Jaciara.
Segundo os pacientes, há cerca de três meses, a Rio Farmes, farmácia estadual de medicamentos especiais, deixou de fornecer a Cabergolina. Uma caixa do remédio custa em média R$ 250, o que dificulta o tratamento de quem não pode arcar com os custos.
Jaciara precisa de quatro caixas por mês, o que totaliza cerca de R$ 1 mil. A dona de casa já procurou a secretaria de Saúde, mas não teve resposta para o problema.
“Eu não tenho esse dinheiro todo mês pra comprar o remédio. Procurei varias vezes a secretaria, ligo quase todo dia e eles falam que não há previsão. Eu estou começando a ficar desesperada com a falta do remédio”, disse a dona de casa.
A equipe do Bom Dia Rio acompanhou a paciente até a sede da Rio Farmes. Ela entra, pergunta se tem o medicamento e recebe a mesma resposta pela sétima vez. “A previsão pro medicamento chegar é de 20 a 30 dias. Continua em falta”, disse a atendente.
Rosilene Aparecida também faz tratamento no Hospital dos Servidores. Ela precisa de Cabergolina e não tem conseguido o medicamento.
“Estou precisando urgente e a atendente do posto disse que não tem previsão para o medicamento chegar. Eu perguntei onde eu posso recorrer e ela falou que não tem. Ele está em falta no posto e em todo o estado. Eu vou entrar com processo”, disse Rosilene.
Para a diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, Giselle Taboada, a falta do medicamento é preocupante.
“Na falta da cabergolina, a gente tem o risco do tumor voltar a crescer. Entretanto, o grande problema desse tumor, apesar dele ser benigno, é que ele fica numa localização muito nobre do cérebro, perto do nervo da visão. Então o tumor voltando a crescer pode levar à perda da visão ou a paralisação do funcionamento de alguns nervos”, disse Giselle Taboada.

Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que teve um atraso na compra do remédio porque uma empresa que participou da licitação recorreu e o processo ficou paralisado. Segundo a Secretaria, os remédios foram comprados, mas ainda precisam ser enviados pelo fornecedor.Não há informações de quando os pacientes vão receber o medicamento.
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Fonte: G1

segunda-feira, 2 de março de 2015

Gaze é achada dentro de paciente em RR após cirurgia; 'normal', diz médico

01/03/2015 15h24 - Atualizado em 01/03/2015 15h39

Gaze é achada dentro de paciente em RR após cirurgia; 'normal', diz médico

Paciente fez cirurgia no Hospital de RR; gaze foi encontrada 7 dias depois.
Governo alega não ter recebido denúncia; 'paciente é acompanhado', disse.

Marcelo MarquesDo G1 RR
Gaze teve de ser retirada da perna do paciente em cirugia; médico disse à esposa do paciente que era 'normal' deixar gaze no ferimento para ajudar a estancar o sangue (Foto: Arquivo pessoal)Gaze teve de ser retirada da perna do paciente com
cirurgia; médico disse à esposa dele que era 'normal'
deixar gaze no ferimento para ajudar a estancar o
sangue (Foto: Arquivo pessoal)
A esposa de um paciente internado no Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista, denunciou ao G1 que um médico da unidade esqueceu um pedaço de gaze na perna de seu marido, de 39 anos, ao fazer uma cirurgia. Silvana da Cunha, de 31 anos, disse que o esposo sofreu um acidente de motocicleta há um mês, período em que está internado e, após seis dias de operação, está com a saúde instável por causa do 'erro médico'. Na sexta-feira (28) a gaze foi retirada.
"Ele veio para o hospital e fez a cirurgia porque teve uma fratura na perna e outra no braço. Inicialmente, meu esposo reagiu bem à operação e depois de seis dias foi liberado da UTI [Unidade de Tratamento Intensivo]. Foi nesse período que começou a ter complicações na perna de onde saía muito pus quando faziam o curativo", explicou Silvana.
O paciente, que é servidor público, gritava de dor ao ter o líquido expelido da perna, segundo a esposa. No entanto, a gaze só foi encontrada por uma enfermeira que viu 'uma ponta e resolveu puxar o pano'.
"A enfermeira percebeu que o pedaço era grande e resolveu chamar um médico. Ele começou a retirar a gaze podre e meu esposo gritava. Outro cirurgião foi chamado e disse que era 'normal' e necessário ter a gaze dentro da perna para estancar o sangue, por causa da hemorragia que teve devido ao acidente", relatou.
De acordo com Silvana, a perna do marido apodreceu e os diversos médicos consultados por eles 'davam desculpas' para o problema. Ela não soube precisar o nome do profissional que realizou a cirurgia no marido.
"Toda essa complicação foi por causa da gaze. Meu marido está mal porque houve 'erro médico'. A perna dele já estava costurada e abriram novamente apenas para remover a gaze", assegurou.
Ela afirmou que formalizará uma denúncia no Ministério Público Estadual (MPRR). Silvana ressaltou que alguns médicos querem 'abafar' o caso. Em razão das complicações na perna, o paciente fará tratamento fora do estado.
"Vamos aguardar a melhora dele. Devemos ser beneficiados com o TFD (Tratamento Fora de Domicílio). Como o caso dele necessita de procedimento especial, vamos ter de viajar", narrou Silvana.
O que o governo diz
Procurado pela reportagem, o governo de Roraima informou, por meio da Secretaria de Comunicação Social (Secom) não ter recebido a denúncia sobre o caso do paciente e acrescentou que ele 'está sendo acompanhado e recebendo a devida assistência'.
"Esclarecemos ainda que a direção do Hospital está aberta a receber todas as reclamações, sugestões ou denúncias relacionadas aos serviços prestados na unidade de Saúde", afirmou em nota.
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Garota com hanseníase morre por medicação errada em hospital, diz pai

26/02/2015 06h44 - Atualizado em 26/02/2015 11h13

Garota com hanseníase morre por medicação errada em hospital, diz pai

Pedreiro afirma que filha, de 12 anos, tomou remédio que não poderia.
Unidade nega que tenha ocorrido negligência; Polícia Civil investiga o caso.

Sílvio TúlioDo G1 GO
Larissa Nascimento Batista morreu em hospital de Cristalina, Goiás 2 (Foto: Arquivo pessoal)Larissa morreu após dar entrada em hospital de
Cristalina (Foto: Arquivo pessoal)
O pedreiro Marcos Batista Carvalho, de 38 anos, registrou uma ocorrência para apurar a morte da filha, Larissa Nascimento Batista, de 12 anos, no Hospital Municipal de Cristalina, no Entorno do Distrito Federal, onde a família mora. Segundo ele, o óbito ocorreu depois que a menina, portadora de hanseníase, recebeu uma medicação que não poderia tomar. A direção da unidade de saúde nega que tenha ocorrido qualquer tipo de erro ou negligência.
O pai diz que há sete meses Larissa fazia tratamento para hanseníase no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília. Na última sexta-feira (20), quando estava em casa, a garota sentiu fortes dores na barriga e foi levada para o hospital municipal.
"Eu levei ela e expliquei para a médica que minha filha fazia tratamento e que não podia tomar alguns remédios. Quando ela disse qual medicamento iria ministrar eu perguntei se não fazia mal e a médica respondeu que não. Minutos depois de ela receber a medicação, ela morreu. Não posso falar que foi erro, mas acredito em negligência, que ela tomou uma medicação que não podia", diz Marcos ao G1.
Em nota, a Secretaria de Saúde do DF informou que não pode repassar informações sobre a enfermidade da paciente. A garota foi enterrada na segunda-feira (23).
Atendimento normal
O hospital negou que Larissa tenha sido atendida de forma incorreta. Segundo a diretora da unidade, Luciana Ferreira Gomes, a paciente deu entrada no hospital em estado grave e, apesar dos esforços da equipe médica, ela não resistiu.
"Não podemos passar muitas informações porque o atendimento é sigiloso. Porém, o que posso falar é que foram realizadas todas as manobras necessárias para atender a paciente, mas, infelizmente, ela não resistiu", diz.
Ainda de acordo com a diretora, a ação dos profissionais foi considerada "dentro da normalidade" que o caso exigia. "Foi um atendimento adequado, nada fora do padrão para um caso como o dela", pondera.
Investigação
O delegado responsável pelo caso, Cássius Zamó, disse que a menina chegou ao hospital já em estado grave e, logo depois, teve uma parada cardíaca. Ele afirma que a suspeita inicial é de que a morte tenha sido natural. O investigador pondera que o caso só será definido com a divulgação do laudo cadavérico, o que deve ocorrem em 30 dias.
"Ninguém foi ouvido ainda e só vou fazer isso até ter acesso ao laudo. Também vou requerer o prontuário médico para juntar aos documentos. Se ficar constatada a morte natural, pedimos o arquivamento do inquérito. Se houver erro médico, o responsável irá responder pelo crime", diz Zamó.
Garota com hanseníase morre após tomar medicação em hospital de Cristalina, Goiás, diz pai (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Familiares de amigos se despedem de Larissa: polícia investiga morte (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
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