segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Cremerj vai abrir sindicância para apurar sumiço de paciente

O Conselho de Medicina vai abrir sindicância para apurar o desaparecimento de um paciente do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio. O RJTV mostrou na segunda-feira (28) a angústia da família de Grayson. Ele sofreu um acidente de moto no dia 21 de julho e foi levado para a unidade de saúde. Uma semana depois o eletricista deixou o hospital sem fazer nenhum contato com a família.
“Se ele internou, está lúcido, está orientado e ele é responsável pela internação dele, aí não há o que fazer. O médico tem que anotar no prontuário que ele se retirou na hora em que descobre, porque as vezes só se descobre após o fato. O Conselho nestes casos abre sindicância”, afirmou o presidente do Conselho Regional de Medicina, Sidnei Ferreira.
O irmão do eletricista contou que o rapaz estava com um coagulo na cabeça e sedado a maior parte do tempo. Na segunda feira (21) quando a família chegou para fazer uma visita levou um susto ao ser informada de que Greyson não estava no quarto e de que ele havia saído por conta própria do hospital.
“Eles com a maior normalidade falam que o meu irmão estava lúcido e apenas saiu. Eu só quero que o Souza Aguiar faça a parte dele. Até me mostrar que o meu irmão verdadeiramente saiu ou se houve algum erro médico, porque eu não tenho certeza, eu quero uma resposta do hospital, porque não pode ser assim. Eu não estou conseguindo viver, como é que eu vou tocar a minha vida assim? Simplesmente eu não sei o que aconteceu com ele”, contou o irmão de Grayson, Cleyton Torquato.
O delegado Cláudio Vieira de Campos, da 4ª DP (Praça da República), afirmou que fez buscas em vários bairros no entorno do hospital e da Central do Brasil. A polícia também pediu as imagens das câmeras de segurança do Hospital Souza Aguiar e o prontuário médico do Grayson. Os funcionários que trabalhavam no dia em que o eletricista sumiu vão ser chamados para depor.
Na segunda-feira a família do eletricista teve uma pista. O Disque-Denúncia recebeu a informação de que Grayson teria sido visto na porta do restaurante popular, atrás da Central do Brasil. “De porta em porta. Aonde for preciso eu vou”, falou emocionado o pai do eletricista Zequias Torquato.
Fonte: G1

TJPE condena Estado a pagar R$ 50 mil a viúva de vítima de erro médico

O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) condenou o Estado ao pagamento de R$ 50 mil por danos morais a esposa de um agricultor que morreu por causa de um erro médico durante uma cirurgia no Hospital da Restauração, na área central do Recife. O homem morreu no dia 20 de setembro de 2009, oito horas depois de ter alta hospitalar da unidade de saúde. Segundo o laudo pericial, ele sofreu traumatismo craniano durante uma cirurgia na cabeça. O Estado ainda foi condenado a pagar uma pensão vitalícia no valor de um salário mínimo à viúva.

A sentença foi dada pelo juiz José Viana Ulisses Filho na sexta-feira (25), mas a Procuradoria Geral do Estado informou que ainda não foi notificada oficialmente até esta quinta (31). Apenas depois de ser notificado é que o Estado vai poder recorrer da decisão.

O agricultor sofreu um grave acidente de moto e passou por dois hospitais antes de chegar no HR. No Hospital de Quipapá não foi atendido por causa dos ferimentos graves, e no Hospital Regional do Agreste, em Caruaru, não havia neurologista de emergência. Depois de chegar no HR, no Recife, ele passou por uma cirurgia de aspiração, evacuação e drenagem intracraniana, além de uma reconstituição do crânio. O procedimento é chamado de craniotamia descompressiva.

Ele ficou internado por cinco dias após ter feito uma cirurgia. E oito horas depois de ter alta hospitalar, veio a falecer. Segundo a viúva, a perícia médica constatou que houve irregularidades, abusos, desrespeito, negligência, imprudência e imperícia no tratamento da vítima.

O laudo pericial concluiu que ele morreu em decorrência de um traumatismo craniano que aconteceu durante a cirurgia. O documento aponta que o procedimento era muito delicado e que o paciente teve alta médica de forma precipitada, pois precisava de cuidados hospitalares por mais tempo. O Estado de Pernambuco também foi condenado ao pagamento dos honorários advocatícios, orçados em R$ 2 mil.

Fonte G1

‘Sou inocente’, diz médico acusado de participar da 'Máfia dos Órgãos'

O médico nefrologista Álvaro Ianhez rompeu o silêncio de mais de 14 anos para se defender do caso que ficou conhecido como “Máfia dos Órgãos”. Ele é acusado pelo Ministério Público Federal de ser o chefe de uma central clandestina de transplantes que teria provocado a morte de um menino de 10 anos, no ano 2000, em Poços de Caldas (MG). Os órgãos foram retirados e encaminhados para doação. Ianhez diz ser inocente em uma entrevista ao G1, que entrou em contato com uma empresa contratada pelo médico para fazer um trabalho de assessoria de imprensa. As respostas foram dadas por e-mail, uma vez que ele preferiu não atender pessoalmente a equipe de reportagem. 
Na entrevista, Ianhez, que será julgado no próximo dia 31, afirma já ter sido absolvido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). “Eu atuei por muitos anos chefiando a equipe de transplantes da cidade e, posteriormente, coordenando a central regional de transplantes do Sul de Minas. Salvei centenas de vidas – e isso não é crime”, comentou.
Salvei centenas de vidas – e isso não é crime"
Álvaro Ianhez
nefrologista
Questionado sobre a morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, que foi hospitalizado depois de cair da janela do apartamento onde morava, o médico afirma que não era possível salvá-lo. “Não havia fluxo de sangue para o cérebro e o quadro era irreversível. Erros burocráticos que também ocorrem nos maiores hospitais do Brasil não invalidam o diagnóstico feito pela equipe”. A resposta para esta questão foi retirada de um vídeo divulgado pelo médico na internet.
As denúncias apresentadas pela promotoria contra o médico apontam ainda que apenas o pai da criança teria assinado a doação de órgãos e que no documento não constaria a assinatura da mãe, mas um acordo verbal entre o profissional e a família. “A família manifestou intenção de doar os órgãos do menino. Fui, então, chamado ao hospital. Expliquei a eles como se dava a doação de órgãos e doação foi feita. Fiz o meu trabalho com dignidade.”
Entenda o Caso Pavesi
As investigações do ‘Caso Pavesi’ já duram quase 14 anos. Na denúncia feita em 2002 consta que cada um dos profissionais cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
Documento atestaria idoneidade da MG Sul Transplantes (Foto: Reprodução/EPTV)Documento atestaria idoneidade da MG Sul
Transplantes (Foto: Reprodução/EPTV)
Ao todo, sete médicos foram acusados de participar dos procedimentos envolvendo o menino Pavesi: Cláudio Rogério Carneiro Fernandes (urologista), Celso Roberto Frasson Scaffi (urologista), Sérgio Poli Gaspar (anestesiologista) – os três já julgados e condenados – José Luiz Gomes da Silva (neurologista), Álvaro Ianhez (nefrologista), José Luiz Bonfitto (intensivista) e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca (anestesiologista).
A investigação deu origem a outros sete inquéritos e a Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas perdeu o credenciamento para realizar os transplantes em 2002. O caso foi tema de discussões também no Congresso Nacional em 2004, durante a CPI que investigou o tráfico de órgãos. Vale lembrar que tramitam na Justiça outros oito casos ligados á suposta máfia.
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)

O caso deu origem a outros oito processos de supostas retiradas e vendas ilegais de órgãos envolvendo outros pacientes. Com as investigações que se seguiram a esse caso, descobriu-se a existência da suposta máfia que tinha o objetivo de traficar órgãos de pacientes em Poços de Caldas, sem respeitar a fila única de transplantes existente no país. O caso também provocou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados em Brasília (DF) em 2004, que pediu providências quanto aos casos da suposta máfia na cidade.

Fonte : G1

Julgamento de médicos acusados de matar criança é adiado em Poços, MG

Conforme previsto, o julgamento dos médicos acusados de matar e retirar irregularmente os órgãos do menino Paulo Pavesi, morto em 2000, foi adiado em Poços de Caldas (MG). Após 1h40 de atraso, a sessão foi aberta na manhã desta quinta-feira (31) no Fórum da cidade e logo depois suspensa pelo juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro após pedido do Ministério Público. Uma nova data para o julgamento foi pré-marcada para o dia 9 de outubro, entre o primeiro e o segundo turno das eleições.
Em entrevista, o juiz disse que a remarcação, mesmo que feita em Belo Horizonte, não deve demorar e que o período eleitoral não deve atrapalhar o processo. "Queremos que seja feito o quanto antes e o período eleitoral só pode prejudicar quem tenha interesse que este julgamento não aconteça antes do pleito eleitoral", comentou.
Antes da sessão ser adiada, os 25 jurados previamente selecionados pela Justiça chegaram a ser convocados no plenário. Os quatro réus, os médicos Álvaro Ianhez, José luiz Bonfitto, José Luiz Gomes e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, compareceram ao plenário. Em seguida, o promotor de Justiça titular da vara da Comarca de Poços de Caldas, Sidney Boccia, recebeu a palavra e solicitou a transferência do julgamento para a Comarca de Belo Horizonte (MG).
Da esquerda para direita, os réus: Luiz Bonfitto, Álvaro Ianhez, José Luiz Gomes e Marco Alexandre (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Da esquerda para direita, os réus: Luiz Bonfitto,
Álvaro Ianhez, José Luiz Gomes e Marco Alexandre
(Foto: Jéssica Balbino/ G1)
"Eu retornei de férias ontem [quarta-feira] e fiquei surpreso com o bombardeio de mensagens subliminares feitas pelo CRM (Conselho Regional de Medicina) e também pela Associação dos Médicos de Poços de Caldas na imprensa. Concluo que houve abuso de poder econômico e político em favor dos réus e que isso pode influenciar um pré-julgamento por parte do corpo de jurados, que por viver na Comarca, tem contato com os réus e também com os fatos. E se a Associação dos Médicos tem poder econômico para sustentar tais informes publicitários, que arque também com o ônus deste adiamento", disse no plenário.
Ainda de acordo com o promotor, vários jurados o procuraram com medo de irem à sessão do júri, o que também motivou a pedir o desaforamento do caso. "Em 24 anos de trabalho no Ministério Público eu nunca vi uma propaganda tão insistente. Talvez por isso muitos jurados tenham manifestado preocupação diante da responsabilidade de encarar um processo dessa magnitude e o Ministério Público quer que o jurado tenha a tranquilidade para apreciar o mérito", completou Boccia.
Os promotores de Belo Horizonte, Marcelo Matar e Francisco de Assis designados para o caso não estiveram presentes no plenário. Os advogados dos réus José Luiz Gomes, José Luiz Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez conversaram com o G1
"Eu fiquei em dúvida quanto esta decisão da promotoria e ainda não refleti sobre o caso", disse Orlando Pedro, responsável pela defesa de Bonfitto.
Já o advogado do réu Marco Alexandre Pacheco da Fonseca defendeu o cliente. "Ele é inocente. A acusação é de homicídio e ele não matou ninguém. Ele apenas foi chamado para dar uma anestesia e pronto", comentou Sílvio Arthur Dias da Silva.
"Nossa linha de defesa é afirmar a inocência dos réus, que apesar do processo extenso, não praticaram homicídio! Houve uma exumação que provou que o menino morreu em virtude da queda e não de qualquer erro médico", disse Dorio Ferreira Grossi, advogado de Gomes.
"Para a defesa é indiferente o júri acontecer nesta ou em qualquer outra comarca. Temos certeza que as provas encaminharão a sentença para uma absolvição. O que nos incomoda é o fato de que o Ministério Público desconfie da isenção da comunidade de Poços de Caldas, colocando à prova a imparcialidade dos jurados", disse Leonardo Bandeira, advogado de Álvaro Ianhez.
Início de júri de médicos tem atraso em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1)Início de júri de médicos começou com atraso em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino / G1)
Os réus do julgamento são quatro médicos: O nefrologista Álvaro Ianhez, o anestesiologista Marco Alexandre Pacheco da Fonseca, o intensivista José Luiz Bonfitto e o neurocirurgião José Luiz Gomes da Silva. Eles são acusados de retirar em 2000 os órgãos do garoto Paulo Pavesi, de dez anos, que caiu de uma área a dez metros do chão. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos. Os quatro negam qualquer irregularidade tanto nos exames quanto nos transplantes aos quais o garoto foi submetido.
O Caso Pavesi
O caso aconteceu em abril de 2000 e ganhou repercussão internacional. Na ocasião, Paulinho, como era conhecido, caiu de uma altura de 10 metros do prédio onde morava e foi levado para o pronto-socorro do Hospital Pedro Sanches. Ainda de acordo com o Ministério Público, o menino teria sido vítima de um erro médico durante uma cirurgia e foi levado para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde teve os órgãos retirados por meio de um diagnóstico de morte encefálica, que conforme apontaram as investigações, teria sido forjado.
Após receber uma conta hospitalar no valor de R$ 11.668,62, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi, questionou as cobranças e deparou-se com dados que não condiziam com o que havia sido feito, inclusive com a cobrança de medicamentos para remoção de órgãos, que oficialmente é custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos (Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal)
A descoberta de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas fez com que a Santa Casa da cidade fosse descredenciada para a realização de transplantes e remoção de órgãos no ano de 2002. A entidade que geria os trabalhos na cidade, MG Sul Transplantes, também foi extinta no município. Quatro médicos: José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado do menino Pavesi.
Na denúncia, consta que cada um cometeu atos encadeados que causaram a morte do menino. Entre eles, a admissão em hospital inadequado, a demora no atendimento neurocirúrgico, a realização de uma cirurgia feita por um profissional sem habilitação legal que resultou em erro médico e a inexistência de um tratamento efetivo e eficaz. A denúncia aponta também fraude no exame que determinou a morte encefálica do menino.
Ainda na época, o médico Álvaro Ianhez foi denunciado por chefiar a entidade MG Sul Transplantes, que realizava as retiradas dos órgãos e os encaminhava aos possíveis receptores. A organização foi apontada pelo Ministério Público como  “atravessadora” em um esquema de tráfico de órgãos humanos.
Segundo o Ministério Público, a constatação da morte encefálica da criança foi feita de forma equivocada, o que levanta a suspeita de que o menino estivesse vivo no momento da retirada dos rins e das córneas. Outra linha de investigação é de que os órgãos retirados do garoto foram transplantados de maneira irregular. As córneas do menino foram levadas para Campinas (SP), quando deveriam ter sido transplantadas em pacientes da lista de espera de Minas Gerais, já que se trata de um procedimento regionalizado.
Em 2010, a Justiça determinou que a equipe médica responsável pela cirurgia de retirada dos órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi fosse a júri popular, o que acontece nesta quinta-feira (31) no Fórum de Poços de Caldas.
Médicos são acusados da retirada e transplante irregular de menino de 10 anos (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Médicos foram condenados por  retirada irregular
de órgãos de menino (Foto: Jéssica Balbino/ G1)
Médicos já condenados no caso
Três médicos que foram incluídos posteriormente como réus do Caso Pavesi, por terem participar da remoção de órgãos do menino, foram condenados em janeiro de 2014 a penas que variam de 14 a 18 anos de prisão em regime fechado por participação no caso. Eles não foram a júri popular.
Os médicos Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes chegaram a ficar presos por 30 dias e ganharam na Justiça o direito de recorrer da sentença em liberdade. Já Sérgio Poli Gaspar ficou foragido por um mês e após se entregar passou apenas um dia preso. Ele também pode recorrer em liberdade. As condenações provocaram também a reabertura do inquérito referente à morte de Carlos Henrique Marcondes, o Carlão, que foi diretor administrado do Hospital Santa Casa até o ano de 2002. Ele foi encontrado morto na época com um tiro na boca dentro do próprio carro.
José Domingos de Carvalho (no detalhe) foi uma das vítimas do suposto tráfico (Foto: Reprodução EPTV)José Domingos de Carvalho (no detalhe) foi uma
das vítimas  (Foto: Reprodução EPTV)
Médicos condenados por retirada de órgãos de pedreiro
Dois dos médicos julgados no Caso Pavesi já foram condenados em fevereiro deste ano pela remoção e suposto tráfico de órgãos e tecidos do pedreiro José Domingos de Carvalho, morto aos 38 anos em abril de 2001, na Santa Casa de Poços de Caldas. Os profissionais Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes receberam as sentenças junto com outros dois médicos, João Alberto Góes Brandão e Alexandre Crispino Zincone. Eles receberam penas que variam de 8 a 11 anos e seis meses de prisão em regime fechado por homicídio doloso, compra e venda de órgãos humanos, violação de cadáver e realização de transplante irregular.
Além do Caso 1, do pedreiro José Domingos de Carvalho, cuja sentença já foi dada, tramitam na Justiça o ‘Caso 2’, referente à morte de Adeleus Lúzio Rozin, em 2001. O médico neurologista José Luiz Gomes da Silva, é o principal acusado neste processo. Ele responde por homicídio. As circunstâncias da morte da paciente Alice Mezavila Tavares, de 49 anos, que recebeu um rim de Adeleus, também é investigada no 'Caso 3". Segundo a família, as causas apontadas pela Santa Casa na morte da mulher foram infecção generalizada e insuficiência renal crônica.

terça-feira, 29 de julho de 2014

GDF nega erro de médica que bateu boca com bombeiro: 'mal-entendido'


Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar, secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim e subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto Bittencourt (Foto: Raquel Morais/G1)Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar, secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim e subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto Bittencourt (Foto: Raquel Morais/G1)
O subsecretário de Atenção à Saúde do Distrito Federal, Roberto Bittencourt, negou nesta segunda-feira (28) que tenha havido erro na conduta da médica plantonista que discutiu com bombeiros após a corporação transportar uma paciente em estado grave ao Hospital Regional de Ceilândia. O gestor afirma que os laudos apontam que a mulher de 57 anos já chegou morta à unidade de saúde e que mesmo assim foi submetida aos procedimentos de reanimação. "Acho que [o que ocorreu] foi um mal-entendido", declarou.
“Ela [a médica] agiu de forma correta. O atendimento do ponto de vista técnico foi dentro do que há de melhor”, disse o subsecretário. O homem afirma que não houve omissão de socorro e que a paciente recebeu cuidado imediatamente. “Não houve nenhum tipo de problema em relação ao atendimento.”
O incidente aconteceu no final da tarde de sábado. Os bombeiros transportaram a paciente da QNQ 4 até o hospital. Dentro da viatura, ela teria sofrido uma parada cardiorrespiratória e recebeu massagem cardíaca. Os militares dizem que tentaram comunicar à unidade que levariam uma mulher em estado grave, mas que não conseguiram contato.
Chegando ao hospital, a paciente teria sido levada para a sala vermelha e recebido os cuidados do Samu. A médica – que era a única plantonista em clínica médica, porque a outra apresentou atestado – teria batido boca com os bombeiros questionando se eles sabiam ou não que ela pediu que houvesse restrição de atendimento, por déficit na equipe.
Fachada do Hospital Regional de Ceilândia (Foto: TV Globo/Reprodução)Fachada do Hospital Regional de Ceilândia
(Foto: TV Globo/Reprodução)
A Secretaria de Saúde diz que a profissional apenas questionou os militares enquanto acompanhava os procedimentos feitos pelo Samu. "O ato concreto é que a discussão não interferiu rigorosamente em nada no atendimento à paciente. [...] Temos avaliação muito clara de que a doutora não cometeu nenhum excesso", disse Bittencourt.
Responsável pelo transporte da paciente, o sargento Alan Lins afirma que foi expulso “aos berros” pela médica da sala vermelha e que cerca de 20 minutos depois soube que a paciente morreu. O homem deu voz de prisão à profissional por desacato. Antes de irem para a delegacia, o subsecretário diz que a médica finalizou o atendimento à paciente e prestou socorro a outra vítima de parada cardíaca, que sobreviveu. 
“A informação que nós temos de outros profissionais que trabalham com ela é de que ela é uma das melhores médicas do Hospital Regional de Ceilândia. Não dá para abrir mão dela”, afirmou. “A conduta clínica dela foi perfeitamente correta.”
A Polícia Civil descarta que tenha havido desacato, mas investiga possível omissão de socorro. A corregedoria da secretaria também avalia o caso. Enquanto isso, a médica, que já foi filmada em abril dizendo a um acompanhante para “arrumar uma trouxa de roupa para lavar”, está afastada do atendimento ao público.
Para o subsecretário, a profissional tem equilíbrio para trabalhar em pronto-socorro. “Defendemos que nenhum profissional de saúde pode agredir um paciente ou outro profissional. Não defendemos isso. Mas existem situações que fogem ao nosso controle”, declarou.
A Polícia Civil informou que tem 30 dias para fazer a investigação. As testemunhas e familiares da paciente serão ouvidos neste período. Além disso, a corporação vai ter acesso ao laudo com as causas da morte. A médica pode responder por omissão de socorro, com o agravante de homicídio culposo.
Déficit na área
O secretário-adjunto de Saúde, José Bonifácio Carreira Alvim, afirmou que faltam médicos para atuar em clínica médica. Segundo ele, a contratação temporária de 115 profissionais foi barrada na Justiça a pedido do Ministério Público, que cobra a realização de concurso público. "Temos problemas, sim", disse.
Diretor do Hospital Regional de Ceilândia, Élio de Aguiar confirmou passar pelo problema na unidade de saúde. Ele também relatou sobrecarga e disse que 70% dos pacientes que chegam ao local não precisam de atendimento de emergência.
"Precisamos fortalecer nossa atenção primária dentro da regional", declarou. "Não tenho quantidade de profissionais adequada, mas ja encaminhei ao secretário a demana."
Outro processo
Um vídeo feito por uma leitora no Hospital Regional de Ceilândia mostra a mesma médica gritando com uma pessoa no corredor da instituição, depois de um bate-boca com a acompanhante de uma paciente. Na gravação, é possível ver que o local está cheio.
A médica aparece na porta da sala gritando: "Vão trabalhar. Vai arrumar uma trouxa de roupa para lavar. Não tem o que fazer não? Vai arrumar uma trouxa de roupa para lavar. Deixa os outros trabalhar." Já dentro do consultório, ela continua exaltada e diz: "Se me agredir, eu agrido. Eu não estou aqui para apanhar."
A leitora que fez a gravação não quis se identificar. Ela disse que a briga entre a médica e a acompanhante começou porque a servidora disse que não iria atender mais ninguém que chegasse à emergência.
"Eu resolvi filmar porque ela começou a dizer que ia bater na moça e chamar a moça para fora do hospital para elas brigarem", disse. "Eu acho um absurdo uma coisa dessas na saúde pública."
A médica, que não quis gravar entrevista, disse à TV Globo na época que ficou nervosa durante o plantão porque era a única servidora no hospital e que tinha recebido uma ameaça de agressão por uma paciente insatisfeita com o atendimento.
O presidente do Sindicato dos Médicos do DF, Gutemberg Fialho, disse na época que lamentava o episódio e atribuiu o comportamento da médica à sobrecarga de trabalho. Segundo Fialho, há um déficit de três mil profissionais na rede pública.