domingo, 31 de julho de 2011

Eles já operaram 6 mil corações de bebês



O casal Gláucio e Beatriz Furlanetto são pioneiros em tratar de crianças cardíacas e com só algumas horas de vida

Fernanda Aranda, iG São Paulo
31/07/2011 06:46

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Parceria: Gláucio e Beatriz Furlanetto são casados há 37 anos e passam horas operando juntos

As formigas e os insetos instigavam o menino Gláucio. Tão pequenos e tão complexos, como será que funcionam? A dúvida fazia o garoto paulistano abrir os pequenos animais e investigar, em um brincar de ser cirurgião, o funcionamento daqueles seres quase microscópicos.Gláucio Furlanetto cresceu, virou médico na vida real e a complexidade das pequenas proporções continuou como combustível de sua curiosidade. Ainda estudante de medicina, ele e a então namorada Beatriz ficaram perplexos ao saber que a cirurgia cardíaca não tinha especialização efetiva em recém-nascidos que chegam ao mundo com batimentos fora de ritmo.De forma pioneira, o casal começou a estudar as fórmulas mais seguras de operar pequenos corações. A parceria de Gláucio e Beatriz completa 37 anos em 2011 e tem o sucesso medido em números. Eles colecionam seis mil cirurgias cardiológicas infantis, a maior parte feita no Hospital Beneficência Portuguesa, mas também realizadas em Estados e até Países (Peru e Colômbia principalmente) em que os bisturis não arriscam operar pacientes tão novinhos.Ficaram experts neste tipo de procedimento e hoje já são acionados antes mesmo das crianças nascerem. Quando o ultrassom identifica alguma anomalia no coração dos fetos, eles já se preparam para atuar horas depois do trabalho dos obstetras.






Gláucio e Beatriz concluíram o curso de medicina em 1978 na Universidade Santo Amaro, em São Paulo, casaram no ano seguinte e já em 1985 começaram a operar juntos os corações infantis na Beneficência Portuguesa. Também sempre um ao lado do outro fizeram especializações em cardiologia e em 1994 fundaram o Instituto Furlanetto que, entre outros objetivos – como capacitar médicos e produzir pesquisas na área da cardiologia infantil – também realiza um trabalho social.






“Fazemos festas e confraternizações para reunir os familiares dos nossos pacientes”, explica Beatriz.



“O grande objetivo das nossas operações é dar uma vida normal à criança ou o mais próximo possível da normalidade. E, muitas vezes, para compreender como os filhos podem brincar ou até como os pais devem falar da cirurgia com as crianças eles precisam deste contato com quem passou por experiência semelhante a deles.”



Os pacientes que se encontram na festa do Instituto Furlanetto começam a ser atendidos às 5h30 e o último atendimento do casal é às 21h30. A rotina longa sempre é enfrentada em dupla. Gláucio e Beatriz só tiram férias para participar de convenções e congressos de cardiologia e os finais de semana dos dois também incluem trabalho.



Eles, que de tão apaixonados pela profissão não sentem um pingo de ciúmes da carreira um do outro, arrumaram um jeito para diminuir as possibilidades de conflito que poderiam atrapalhar a vida pessoal. “Eu e a Bia estamos sempre juntos, mas não concordamos em nada. Profissionalmente, estamos em constante embate”, reconhece Gláucio.



Por isso, os sete pacientes infantis operados semanalmente pelos dois, em cirurgias que têm duração média de oito horas (quando tudo ocorre bem), são alternados. “Um dia é o Gláucio que comanda a equipe cirúrgica, no outro sou eu. Para não dar briga, sempre contamos com a assistente que faz a agenda. Quem está no comando tem prioridade na hora de decidir”, explica a dinâmica, Beatriz.



Próximos passos



No esquema de alternar quem comanda os bisturis, o casal Furlanetto sabe que alguns pacientes salvos hoje pelas mãos de ambos não conseguiriam sobreviver há cinco ou três anos. “As técnicas, ainda bem, estão evoluindo diariamente”, comemora Gláucio.



“Uma das operações mais complexas, a transposição de grandes artérias, há dez anos, tinha mortalidade de 40%. Hoje o índice é de 5%. Estamos avançando apesar de ainda engatinhar.”



Para os próximos passos, eles não almejam equipamentos ultramodernos para operar. Querem apenas diminuir distâncias. “Não dá para a cirurgia cardíaca pediátrica continuar sendo privilégio de alguns”, avalia Gláucio Furlanetto.



Faça o teste e descubra se o seu coração está em risco



Para se ter uma ideia das diferenças regionais na especialidade, em Rondônia, no ano passado, 17 crianças com menos de 1 ano foram internadas por problemas cardíacos, segundo levantamento feito pela reportagem nas planilhas do Ministério da Saúde. Em São Paulo, em igual período, o número foi 48 vezes maior, 810 internações. O casal sabe que a diferença de algarismos não indica que a população paulista é mais vulnerável à cardiopatia e, sim, que elas têm mais acesso a tratamento.



“Por isso viajamos pelo Brasil para treinar os médicos. O sonho é que não falte estrutura e nem profissionais em todos os locais do País”, diz Gláucio. Os pequenos e complexos sempre fizeram a cabeça deste casal. Mas eles não sabem que a cardiologia infantil não pode mais caminhar com passos de formigas.



terça-feira, 26 de julho de 2011

Via crucis em postos de saúde - Belém do Pará





Edição de 26/07/2011 Tamanho do Texto





Pacientes percorrem unidades DE BELÉM E ANANINDEUA em busca de atendimento; falta de médicos causou revoltaFilas, reclamações e falta de atendimento marcaram a manhã de ontem nas Unidades Municipais de Saúde e Prontos-Socorros de Belém e Ananindeua. Nos bairros da Marambaia, em Belém, e Paar, em Ananindeua, apenas um médico tentava dar conta da demanda. Na Cidade Nova VI, o problema era a falta de traumatologista. "Tem uma fila enorme lá dentro e, pela terceira vez, a atendente veio dizer que o médico está chegando. Está chegando desde as 6 horas da manhã e, até agora, não apareceu", contou Alessandra Sena, que desde as 6 horas aguardava atendimento para a avó, Nazaré Silva, que caiu durante a madrugada e podia ter fraturado a clavícula.A direção da Unidade de Saúde da Cidade Nova VI não quis comentar o problema, mas, por volta das 10 horas, um funcionário do posto confirmou que vários pacientes aguardavam o médico que deveria ter chegado ao local às 8 horas. Com dificuldade para respirar, por causa de uma crise de asma, Eliana Cordeiro também buscou atendimento da Cidade Nova VI, mas a dona de casa foi aconselhada a buscar atendimento no Posto de Saúde do Paar, bairro aonde mora. "Eles não querem atender porque dizem que tem um posto de saúde onde eu moro, mas eu já vim de lá e também não tem médico", denunciou.A reportagem foi até a Unidade de Saúde do Paar e confirmou a denúncia. No posto, apenas um médico havia comparecido ao plantão, ontem de manhã, para atender consultas marcadas previamente. A urgência e emergência estava descoberta. Revoltada, Maria Izabel da Silva aguardava desde 6 horas atendimento para a filha, que passou mal durante a noite de domingo. "Nós corremos para cá ontem (domingo), mas informaram que não tinha médico. Disseram pra gente voltar de manhã. A menina passou a noite em casa, com dor, e quando chegamos, agora de manhã, ouvimos novamente que não tem médico para atender." A doméstica Maria Sueli Corrêa também foi surpreendida pela falta de médico na Unidade. "Mandaram a gente tentar ser atendido lá na Cidade Nova VI ou no Posto 4."Também no Paar, ninguém da direção do Posto de Saúde foi encontrado para comentar a falta de médicos na unidade. Nas segundas-feiras de julho o atendimento parece comprometido também em outros setores. Uma fila se formou apenas por pessoas que aguardavam encaminhamento para exames que não podem ser feitos na própria unidade. A aposentada Maria Pereira é uma das que dependem desse serviço. Há dois meses ela tenta marcar raios-x. "É a terceira vez que volto aqui para tentar marcar o exame". Segundo um funcionário que não quis se identificar, o aparelho que poderia fazer o exame de Maria quebrou há 4 anos e nunca foi consertado.Prefeitura - A Secretaria de Saúde de Ananindeua informou, em nota, que o traumatologista da Unidade da Cidade Nova VI chegou atrasado, mas o atendimento foi normalizado ainda pela manhã. Sobre a Unidade de Saúde do Paar, a secretaria diz que "os atendimentos ocorreram normalmente com três médicos na urgência/emergência, pediatria e clínica geral". "Infelizmente, falta médicos", admite diretorNa Unidade de Saúde da Marambaia - o Posto 4 - em Belém, quem procurou atendimento de urgência e emergência, ontem de manhã, foi informado que o plantonista do horário estava de férias e a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) ainda não havia mandado um substituto. Apenas quem já tinha consulta marcada conseguiu atendimento no local. O diretor da unidade, Mário Rego, admitiu que o número de médicos do município é insuficiente para cobrir a rede. "Infelizmente, faltam médicos. Durante o mês de julho a situação é ainda pior porque muitos profissionais tiram férias nesse período", comentou. A direção do Posto de Saúde aguardava que a Sesma mandasse um substituto para o horário, mas não soube informar quando isso seria feito. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou, em nota enviada à redação, que o médico do setor de urgência e emergência da UMS Marambaia "precisou se ausentar por motivos de doença e solicitou um afastamento de 15 dias para sanar o problema de saúde que vem enfrentando. A Sesma tenta substituir este profissional para não deixar a unidade descoberta, uma vez que julho é o mês atípico, onde a Secretaria encontra algumas dificuldades para manter os profissionais nas unidades, já que é o mês de férias escolares."Família denuncia negligência; Sesma rebateNos dois prontos-socorros de Belém, apesar das filas, o atendimento aconteceu normalmente durante a manhã de segunda. A denuncia mais grave partiu do autônomo Aldo Araújo. Segundo ele, a mãe, Maria Lúcia Mendonça Araújo, pode ter falecido por negligência no atendimento. A idosa, de 65 anos, foi levada ao Pronto-Socorro da Travessa 14 de Março na noite de domingo. Os sintomas eram dor no peito e falta de ar. "O médico passou uma medicação e meia hora depois liberou a minha mãe. Apesar de ela ainda se queixar de dores. Ele disse que os sintomas iam passar assim que o remédio fizesse efeito, mas não passou. Hoje (ontem) de manhã ela voltou a sentir dores ainda mais fortes, trouxemos ela pra cá novamente, mas ela não resistiu", relatou. A família questiona a liberação da idosa. "O que a gente não se conforma é que mandaram ela de volta para casa, mesmo com ela dizendo que não estava bem", disse, inconformada, a filha, Lúcia Araújo, enquanto aguardava a liberação do corpo.Outro lado - Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) informou que "a paciente Maria de Lúcia Mendonça Araújo deu entrada ontem (24) no HPSM Mário Pinotti (14 de Março) apresentando dores. A paciente foi atendida pelo médico clinico Dr. Carlos Madureira, que prescreveu uma medicação para dor e solicitou os exames de eletrocardiograma e ultrassom para a paciente, com o objetivo de descobrir o motivo de seu mal estar. Após a administração do medicamento, Maria de Lúcia teve uma melhora no seu quadro de dor. Devido a aparente melhora, os familiares resolveram levar a paciente para sua residência, sem realizar os exames solicitados pelo médico. Hoje (25), pela manhã, a paciente retornou ao hospital, às 10h25, mas infelizmente já chegou em óbito. O atestado de óbito consta como causa desconhecida, uma vez que a paciente não chegou a realizar os exames solicitados pelo médico que a atendeu.

domingo, 24 de julho de 2011

Ambulâncias paradas no Rio custam R$ 407 mil por mês



23 de julho de 2011 • 10h41 Comentários



Notícia



Reduzir Normal Aumentar Imprimir Clarissa Mello

Pâmela Oliveira

O governo do Estado do Rio de Janeiro recebe do Ministério da Saúde verba para custeio e manutenção de 74 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na capital, mas apenas 45 estão em funcionamento. Isso significa que o governo federal gasta R$ 407,5 mil por mês para manter 29 veículos estragados, que estão parados no pátio.



Segundo o Ministério da Saúde, desde a implantação do Samu no Rio, em 2006, é repassada verba referente a 74 ambulâncias na capital - 59 básicas e 15 de suporte avançado, com UTI. Por mês, o Estado recebe R$ 12,5 mil para cada viatura básica e R$ 27,5 mil para cada uma das mais sofisticadas.



Entretanto, segundo a Secretaria de Defesa Civil, das 75 ambulâncias que atendem os cariocas, só 45 delas fazem parte do Samu atualmente - 33 básicas e 12 avançadas. O ministério afirma não ter sido informado sobre a redução da frota de ambulâncias do Samu.



Em um ano, o rombo aos cofres do ministério com remessa de recursos para manutenção que não foi realizada - já que 29 vans ambulâncias estão estragadas - pode chegar a R$ 4, 9 milhões. "É absurdo. Se o Ministério da Saúde enviou um dinheiro que não foi usado, o Estado tem que devolver", afirmou o Defensor Público da União André Ordacgy.



O governo estadual pode ter que explicar ainda o que fez com parte da verba para a manutenção das ambulâncias do Samu referente aos 12 meses em que a frota não recebeu o serviço. Por determinação do Tribunal de Contas do Estado, o governo suspendeu o pagamento à empresa Toesa Service, que fazia consertos das viaturas, devido a irregularidades no contrato.



Estado requisita mais 24 veículos ao governo federal

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse na sexta-feira que a Secretaria Estadual de Defesa Civil pediu ao governo federal a reposição de 24 ambulâncias do Samu. A solicitação foi feita esta semana. "Os novos veículos chegarão em agosto", afirmou Padilha, sem saber que a pasta repassa verba para veículos que estão parados.



De acordo com o ministério, o valor referente a custeio e manutenção das ambulâncias pode ser usado também no pagamento de profissionais que atuam no atendimento às vítimas nos veículos. Além desse montante, o estado recebe R$ 600 mil por mês, para arcar com os custos das centrais que coordenam o Samu.



Responsável até junho pelo Samu, a Secretaria de Saúde admitiu que recebia R$ 1,75 milhão - R$ 1,15 milhão para custeio das ambulâncias e R$ 600 mil para a Central -, mas afirmou que "esse valor representa cerca de 50% do gasto total como serviço, sendo que o Estado cobre o restante".



Como o jornal O DIA publicou na edição de sexta-feira, o Estado também terá que explicar à Defensoria Pública da União por que vai descartar outras 40 ambulâncias que estão paradas no Quartel de Guadalupe. A corporação anunciou a compra de 50 novos veículos.



Tempo de espera recomendado pelo Ministério da Saúde é ficção

Segundo o Ministério da Saúde, o tempo recomendado para o atendimento de chamadas pelo Samu às vítimas é de 12 a 15 minutos. Mas a suposta "agilidade" não esteve presente quando a dona de casa Daniele Conceição Bispo, 23 anos, e o pedreiro Waldir Costa do Nascimento, 38 anos, precisaram de ajuda.



O caso de Daniele aconteceu na segunda-feira. Grávida de nove meses, ela deu à luz Rafael Guilherme no caminho para hospital, em um banco da estação de trem de Campo Grande. Funcionários da SuperVia chamaram o Samu logo que a mãe começou a passar mal. O atendimento, no entanto, nunca foi feito. Uma mulher que passava pelo local fez o parto. E Daniele foi para o Hospital Rocha Faria de ônibus, duas horas depois de ter chamado a ambulância.



O defensor público André Ordacgy vai cobrar do Estado a explicação de por que a União não foi avisada da interrupção do contrato de manutenção das ambulâncias, serviço pelo qual pagava. Ordacgy vai cobrar explicações da Secretaria Estadual de Saúde, da Secretaria Estadual de Defesa Civil e do Ministério da Saúde.